segunda-feira, 5 de setembro de 2011

História do Estilo Shorin-Ryu

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.

Ideogramas de Karate-Do, significando Caminho da Mão Vazia

Treinamento de Karate no Castelo de Shuri, 1938.

Shorin-ryu (??? ou ??? ou ???) é um estilo de Karate originário de Okinawa e de cujo desmembramento surgiram vários dos demais estilos de Karate hoje praticados no mundo, como o Shotokan. Shorin é a pronúncia japonesa da palavra chinesa Shaolin, que quer dizer "Pequeno Bosque", sendo assim, como Ryu significa Estilo, Shorin-ryu seria o "Estilo do Pequeno Bosque".Índice [esconder]
1 História
1.1 Peichin Takahara (1683 - 1760)
1.2 Kanga Sakukawa (1733 - 1815)
1.3 Sokon Matsumura (c. 1800 - c.1890)
1.4 Anko Itosu (1831 - 1915)
1.5 Choshin Chibana (1885 - 1969)
1.6 Katsuya Miyahira (1918 - atual)
2 História no Brasil
2.1 Shinshukan
2.2 Shidokan
3 Kata
4 Progressão de Faixas
5 Outros pontos de relevância
5.1 Takahara e o conceito de "Do"
5.2 Itosu e "Os Dez Preceitos do Karate"
5.3 A Shorin-ryu e o Karate Esportivo
6 Ligações externas
7 Referências


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História

As raízes do estilo Shorin-ryu se confundem com as raízes do próprio Karate e remontam ao final do século XVIII, na ilha de Okinawa. Àquela época, a ilha era a sede do hoje extinto Reino de Ryukyu, que englobava todas as ilhas do Arquipélago de Ryukyu, hoje pertencentes ao Japão. De fato, um preciso estudo das origens do Karate não pode ser feito de forma dissociada do estudo da cultura de Ryukyu. Nesta seção, a periodização histórica utilizada será baseada na vida dos mais impotantes Mestres do estilo Shorin-ryu.

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Peichin Takahara (1683 - 1760)

Nascido na vila de Akata Cho, Takahara[1] viveu a maior parte da vida na cidade de Shuri, capital do Reino de Ryukyu, e foi o maior Mestre de Te (mão) à sua época. O Te era uma arte marcial nativa de Okinawa e cujo nome significava simplesmente "mão", por ser uma forma de luta praticada sem armas.

Bandeira do Reino de Ryukyu, berço do Karate, até 1875

O desenvolvimento do Te enquanto ate marcial se perde nas brumas do tempo, visto que o mesmo surgiu de forma secreta entre os camponeses de Ryukyu, que eram proibidos de portar armas a fim de se evitar revoltas. Dessa forma, o Te era ensinado em reuniões secretas e sua própria organização se assemelhava à das Sociedades Secretas, com iniciações e graus de hierarquia interna.

Apesar de geograficamente pequena, a ilha de Okinawa era muito segmentada em termos culturais, de forma que três micro-cosmos culturais acabaram por se desenvolver em torno das três cidades mais impotantes: Shuri (a capital), Naha (a cidade de comércio mais dinâmico) e Tomari (o principal porto). Em cada uma dessas cidades e seus respectivos arredores, desenvolveu-se um tipo particular do Te; sendo o que importa ao verbete em questão aquele desenvolvido em Shuri: o Shuri-Te.

Por volta de 1750, um monge budista chinês do Monastério Shaolin chamado Kusanku[2] foi enviado a Okinawa como uma espécie de embaixador. Àquela época, Ryukyu era um reino independente, mas cultural e comercialmente dependente da China Imperial.

Como a maioria dos monges Shaolin, Kusanku era praticante de Kung Fu (na época chamado Ch'uan Fa). Como Shuri era a capital, foi para lá que ele foi enviado e lá, entrou em contato com Takahara, já com uma idade bastante avançada. Ambos trocaram conhecimentos sobre artes marciais, mas não desenvolveram nenhuma relação Professor-Aluno.

Uma curiosidade acerca de vida de Peichin Takahara é que se atribuem a eles os primeiros mapas da ilha de Okinawa. Verdade ou não, consta que se tratava de uma pessoa muito instruída, que alguns afirmavam se tratar de um monge budista.

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Kanga Sakukawa (1733 - 1815)

Quando Kusanku chegou a Okinawa, Sakukawa[3] contava cerca de 18 anos e era o mais prodigioso aluno de Takahara. O velho Mestre percebeu que a chegada do estrangeiro seria uma boa oportunidade para obter um aperfeiçoamento de sua arte marcial, mas como já estava com quase 70 anos, não se sentia apto a aprender novas técnicas. Enviou, então, seu pupilo para ser treinado pelo monge chinês.

Templo Shaolin, em Henan, que Sakukawa teria visitado com Kusanku e cujo nome serviu de inspiração para o batismo do estilo Shorin-ryu

Sakukawa, já à época um grande praticante de Te, se tornou, então, discípulo de Kusanku, com quem se diz, inclusive, que chegou a visitar a China e o próprio Monastério Shaolin. Quando Kusanku faleceu, em 1762, Sakukawa já dominava amplamente tanto o Te de Okinawa, quanto o Kung Fu da China. Passou, então a ser o Grão-Mestre do Te de Shuri, assumindo o lugar de Takahara, falecido dois anos antes.

Em homenagem a Kusanku e também como forma de compilar seus ensinamentos de forma a passá-los para seus alunos, Sakukawa criou os dois katas que levam o nome do monge Shaolin: Kusanku Sho (Kusanku menor) e Kusanku Dai (Kusanku maior). Contudo, Talvez por azar, talvez por ter passado muitos anos na China, talvez por seu Mestre ter vivido tanto, Sakukawa não conseguiu ter um aluno brilhante e seus ensinamentos corriam o risco de não serem levados a diante após sua morte.

Por volta de 1812, contra a sua vontade, o idoso Sakukawa viu-se obrigado a honrar uma promessa que havia feito a um nobre de Ryukyu e assim, aceitou seu filho, um adolescente conhecido como encrenqueiro, como discípulo. O jovem se chamava Sokon Matsumura.

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Sokon Matsumura (c. 1800 - c.1890)

Mesmo já não sendo uma criança, Matsumura[4] se destacou rapidamente nos estudos com o Mestre Sakukawa e, quando ele faleceu, em 1815, já estava apto a dar prosseguimento a seus ensinamentos.

O treinamento de Matsumura naquela arte que vinha se configurando a partir da mistura do Kung Fu com o Te não só lançou as bases do Karate (mão vazia), mas também fez com que a prática de artes marciais, até então restrita ao campesinato, atingisse a nobreza, da qual o próprio Matsumura fazia parte.

De fato, Matsumura utilizou seus novos conhecimentos para galgar postos na administração do reino e logo se tornou o General Supremo das Forças Armadas de Ryukyu. Sua vida é, contudo, coberta por mitos que o fazem uma espécie de Miyamoto Musashi de Okinawa. Diz-se que nunca perdeu uma luta, desde o início de seu treinamento até sua velhice, sendo seu embate mais famoso (e o único que não venceu, mas empatou) contra um marinheiro náufrago oriundo provavelmente da China, cujo nome era Annan.

Annan fora o único sobrevivente do navio em que estava, na costa de Okinawa e conseguiu chegar à ilha nadando. Como não sabia falar o idioma local e como era exímio lutador, estava se aproveitando de sua habilidade para roubar comida e outras coisas das vilas próximas a Shuri. Matsumura foi, então, chamado para lidar com o problema, mas o estrangeiro se mostrou um oponente muito superior a todos os outros que já havia enfrentado ou que ainda viria a enfrentar. Num determinado momento da luta, ambos se viram impossibilitados de vencer e resolveram parar o embate, chegando a um acordo. Matsumura deixou que Annan partisse sem ter que responder pelos crimes que havia cometido e, em troca, Annan ensinou-lhe algumas de suas técnicas, que Matsumura viria a compilar num Kata chamado Chinto (Marinheiro do Leste).

Além de seus feitos militares quase-heróicos, Matsumura também deu uma grande contribuição pessoal ao nascente Karate, tendo criado diversos Katas: Naihanchi (depois dividido em três partes), Passai (depois dividido em duas versões), Gojushiho, Chinto e Hakutsuru (este não praticado pela Shorin-ryu).

Além das grandes contribuições que deu ao Karate, pelo fato de ser um nobre, Matsumura nunca abriu mão do uso de armas (Kobujutsu) e chegou mesmo a introduzir o Jigen-ryu (Estilo de luta com espadas) de Satsuma (Japão) em Okinawa.

O tempo de vida, bem como muitos dos feitos deste homem, considerado por muitos como o verdadeiro fundador do Karate, não é precisamente conhecido, mas seu aluno mais brilhante e sucessor também no posto de General Supremo de Ryukyu, foi Anko Itosu, outro membro da nobreza de Ryukyu.

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Anko Itosu (1831 - 1915)

Aluno de Matsumura, Itosu[5] esteve presente em momentos decisivos da História de Ryukyu e do Japão. Era ele o General Supremo do Reino quando de sua anexação ao Japão, em 1879. De fato, até o momento em questão, Ryukyu vivia uma situação muito peculiar. Se por um lado, seus governantes e sua população demonstravam uma ampla preferência pela China (em todos os sentidos), por outro, o Japão considerava a região como um protetorado e, inclusive, só não a tinha anexado a seu território anteriormente, porque, com o fechamento do Japão aos países estrangeiros, no século XVII, a situação de Ryukyu e seu intenso comércio com a China funcionavam como uma forma de burlar o sistema e introduzir produtos estrangeiros (principalmente chineses) no Japão. Contudo, com a Restauração Meiji, tal mecanismo já não se fazia necessário e como a China, envolvida em milhares de problemas devidos à ocupação estrangeira de seu território e à Guerra do Ópio, se encontrava impossibilitada de oferecer resistência ao expansionismo nipônico, o Japão consolidou seu domínio sobre Ryukyu.

Mestre Anko Itosu

Percebendo que era impossível resistir a um adversário tão superior, o Ryukyu se rendeu sem luta e sua nobreza passou a colaborar com os japoneses a fim de manter o status de que dispunha. Nesse sentido, Itosu trabalhou incansavelmente com o intuito de fazer o Karate ser introduzido no Japão. Acreditava que, caso fosse bem sucedido, poderia vir a gozar de uma posição influente junto às Forças Armadas do Imperador Meiji. Contudo, devido à grande influência chinesa sobre o Karate da época (até mesmo muitos dos golpes possuíam nomes em chinês), a arte marcial não encontrou receptividade num Império sinófobo como o japonês. Itosu fracassou.

A despeito de seu fracasso em tornar o Karate uma arte marcial japonesa, Itosu deu grandes contribuições pessoais a ele. Uma das mudanças introduzidas pelo Mestre no Karate foi o treinamento com Makiwara, espécie de boneco de madeira rígida, para calejar as mãos e os pés, a fim de potencializar os golpes. Outra grande inovação de Itosu foi ter tornado o Karate mais acessível às crianças através da invenção dos primeiros Kihons e da divisão do imenso Kata Naihanchi, criado por seu Mestre, em três Katas menores: Naihanchi Shodan, Nahanchi Nidan e Nahanchi Sandan. Esses Katas seriam uma forma de se introduzir as crianças ao Karate e, uma vez dominados, fariam delas praticantes de nível intermediário. Itosu, contudo, acreditava que havia uma grande diferença nos níveis de dificuldade apresentados pelos três Naihanchi e pelos demais Katas, criados por Matsumura e por Sakukawa, sendo assim, como forma de ensino intermediário, ele particionou os dois Katas Kusanku (criados por Sakukawa) em cinco Katas menores, os quais batizou de Pinan, a dizer: Pinan Shodan, Pinan Nidan, Pinan Sandan, Pinan Yondan e Pinan Godan.

Há uma grande discussão histórica sobre o papel de Itosu em relação ao Karate em geral e ao estilo Shorin-ryu em particular.

Quanto ao Karate, não se pode precisar se o criador da arte marcial foi Matsumura, Sakukawa ou Itosu. Os que defendem a tese de que Sakukawa foi seu criador consideram que ele foi o primeiro a reunir os ensinamentos do Te e do Kung Fu numa só arte. Os que defendem que Matsumura tenha sido seu criador argumentam que ele foi quem mais contribuições deu àquela arte nascente e que Sakukawa teria sido um mero praticante de duas artes marciais (como hoje existem tantos). Por fim, aqueles que argumentam que Itosu teria sido o criador do Karate se apegam ao termo em si, que, ao que parece, não havia sido utilizado antes de Anku Itosu. Contudo, aos defensores dessa tese, cabe lembrar que o termo só se popularizou após a morte de Itosu, sendo que em sua época (como pode ser conferido na carta que escreveu e que hoje é conhecida como "Os Dez Peceitos do Karate"), o Karate ainda era majoritariamente conhecido como Tang Te, ou seja, Mão Chinesa e não Mão Vazia, como hoje.

Quanto ao estilo Shorin-ryu, a discussão parece mais simples. Embora pareça contracensual, visto que o Shorin-ryu é um estilo de uma arte marcial (o Karate), ao que parece, sempre houve a consciência de que aquela arte havia sido trazida da China e que advinha do Kung Fu dos monges Shaolin, sendo assim, é muito provável que o Estilo praticado por Itosu já fosse chamado de Shorin-ryu mesmo em tempos anteriores a esse Mestre (como também se pode supor através da leitura de "Os Dez Preceitos do Karate"). De qualquer forma, como sempre ocorre com fatos históricos embasados na História Oral (uma vez que a escrita era muito pouco disseminada em Ryukyu), há discordâncias sobre esse tema e, embora alguns debatam sobre se Matsumura ou Itosu seria o fundador do Estilo, o único consenso que existe é que Chibana foi seu primeiro Grão-Mestre.

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Choshin Chibana (1885 - 1969)

Ao contrário de Matsumura, que teve grande dificuldade para encontrar um discípulo à altura de suas técnicas, Itosu encontrou discípulos de qualidade em grande abundância, talvez por ter se empenhado na disseminação do Karate por Okinawa através de sua implantação no ensino público regular. Seja como for, ao menos quatro de seus discípulos merecem alguma nota de importância: Anbun Tokuda (1886 - 1945), Choki Motobu[6] (1870 - 1941), Gishin Funakoshi[7] (1868 - 1957) e Choshin Chibana[8].

Mestre Choshin Chibana

Gishin Funakoshi, fundador do estilo Shotokan

Com a morte de Itosu, seus discípulos se desentenderam acerca de sucessão do Mestre, mas coube a Chibana ocupar o título de Grão-Mestre do estilo. Muitos vêem neste ato a criação do Shorin-ryu, enquanto outros apenas vêem a consolidação de sua existência já então muito antiga. Seja como for, Tokuda e Motobu mantiveram-se fiéis ao estilo que aprenderam de seu Mestre e, embora não aceitassem plenamente a autoridade de Chibana, não ousaram criar dissidências. Funakoshi, contudo, tentou fazer o que seu Mestre não havia logrado: levar o Karate para o Japão.

Tecnicamente, com a anexação de Ryukyu, o Karate já era uma arte marcial japonesa, mas a verdade é que ele era quase desconhecido (e visto com maus olhos) no arquipélago principal; assim como tudo o que vinha de Okinawa que, até hoje, é a prefeitura mais pobre e negligenciada do Japão.

Para levar o Karate ao arquipélago principal, Funakoshi dedicou-se a alterá-lo a fim de contornar a intolerência japonesa para com costumes e idéias de origem chinesa. Assim, alterou nomes (traduzindo todas as palavras chinesas para o japonês) e algumas bases, de modo a criar diferenças sutis, mas suficientes para tornar a arte marcial palatável aos japonses. Fundou então um dojo, ao qual deu o nome de Shotokan, literalmente, "Escola do Shoto", sendo que Shoto era seu apelido. Até mesmo o uniforme de treino do Karate foi niponizado, uma vez que o primeiro Karate-Gi utilizado por Funakoshi era, na verdade, um Judo-Gi, ou seja, um kimono de Judo.

Enquanto Funakoshi fazia progressos na inserção do Karate no Japão, Chibana via seus antigos colegas, inspirados por Funakoshi, criarem Escolas próprias que, embora vinculadas ao Estilo Shorin-ryu, eram independentes em todos os sentidos.

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Katsuya Miyahira (1918 - atual)

Após a morte de Chibana, o título Grão-Mestre do estilo Shorin-ryu passou a seu mais proeminente discípulo: Katsuya Miyahira.

Miyahira assumiu um estilo em franca fragmentação, com o surgimento de diversas escolas a ele filiadas, mas independentes em termos de autoridade. Ele percebeu que se não fizesse nada, não só o eixo nuclear do Shorin-ryu estaria comprometido, como também a sua própria existência, visto que a tendência das diferentes escolas era virem a se tornar estilos propriamente ditos, como acontecera com a Shotokan de Funakoshi no Japão.

A fim de competir com as escolas nascentes, Miyahira criou ele próprio uma escola: a Shidokan ("Escola do Caminho do Coração do Guerreiro"). Com sua criação, o Mestre passou a atuar mais diretamente na disseminação do estilo e, dessa forma, pôde mantê-lo unido, como vem fazendo até hoje.

Uma recente alteração introduzida por Miyahira no estilo Shorin-ryu foi a renomeação dos dois Katas Passai: o antigo Passai Sho (Passai menor) passou a ser chamado Itosu no Passai (Passai de Itosu, em homenagem àquele Grande Mestre do passado); já o antigo Passai Dai (Passai maior) passou a se chamar Matsumura no Passai (Passai de Matsumura).

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História no Brasil

O Karate Shorin-ryu chegou ao Brasil junto com Yoshihide Shinzato (aluno de Choki Motobu), em 1954. Sua disseminação por aqui se deu no contexto do racha de escolas ocorrido no final da vida de Chibana e, sendo assim, até os dias de hoje ainda existe certa disputa entre os membros das diferentes escolas deste estilo no Brasil.

Choki Motobu, professor de Yoshihide Shinzato

Unindo, inicialmente, os imigrantes japoneses (especialmente os oriundos de Okinawa) de Santos, a Shorin-ryu começou a ganhar notoriedade a partir de 1962, quando Shinzato fundou a primeira academia do estilo e quando realizou uma demonstração pública de Karate no Parque do Ibirapuera, em São Paulo.

Atualmente a Shorin-ryu no Brasil se divide em duas Escolas principais:

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Shinshukan

Originalmente chamada de Associação Okinawa de Karate-do Shorin-ryu, essa escola passou a se chamar União de Karate-do Shorin-ryu do Brasil e, finalmente, quando Yoshihide Shinzato alcançou o 10º Dan, Shinshukan. Seu nome deriva dos ideogramas do nome de Shinzato, sendo o Shin de Shinzato, o Shu de Yoshihide e o Kan, de Escola, sendo assim, ela é, literalmente, a "Escola de Yoshihide Shinzato".

Por ter sido fundada pelo introdutor do estilo no Brasil, a Shinshukan é hoje a escola Shorin-ryu com mais praticantes no país, algo em torno de 7000 segundo suas próprias contas. Contudo, a escola considera que todos os praticantes do estilo no Brasil tenham, de alguma forma, sido seus alunos. Daí o alto número.

Uma alteração feita por Shinzato nos costumes da Shorin-ryu brasileira foi a introdução do uso de Hachimaki (bandana de cabeça), que o próprio Mestre utilizou até o fim de seus dias, mesmo contrariando recomendações do próprio Katsuya Miyahira e diretrizes internacionais da WKF e da WUKO. O uso de hachimaki é considerado proibido porque seu significado tradicional é de vingança, o que indicaria que seu usuário estaria buscando vingança contra algo ou alguém, o que é incompatível com o ideal do Karate moderno. Seja como for, a Shinshukan não concorda com essa linha de pensamento e chegou mesmo a incentivar seus alunos a comprarem hachimakis decoradas à moda da bandeira do Japão, como as utilizadas pelo personagem Daniel San, de Ralf Macchio, em Karate Kid.

Com o falecimento de Yoshihide Shinzato, em 13 janeiro de 2008, a escola é hoje comandada por seu filho, Masahiro Shinzato, Hanshi de 9º Dan e ex-presidente da Federação Paulista de Karate - FPK[9]. Masahiro, contudo, tem sérios problemas de saúde, o que torna incerto o futuro da escola.

A principal luta da Shinshukan nos últimos anos tem sido no sentido de que o Shorin-ryu seja aceito pela WKF[10] (World Karate Federation) no rol dos estilos de Karate de competição. Isso implicaria na possibilidade de seus atletas virem a fazer Katas do próprio estilo sem terem que ser avaliados pelo embusen (padrão de movimento) similar ao do estilo Shotokan, aceito pela entidade.

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Shidokan

SEÇÃO TEMPORARIAMENTE EXCLUÍDA A PEDIDO DA SHIDOKAN DO BRASIL. APÓS RESTRUTURAÇÃO, A SEÇÃO SERÁ REEDITADA. AGADECE-SE A COMPREENSÃO.

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Kata

As técnicas do estilo são aperfeiçoadas através do treino de kihon (exercícios fundamentais), kata (exercícios formais) e kumite (luta), incorporando princípios filosóficos, tanto na teoria quanto na prática.

Há, ao todo, 21 kata, aprendidos[11] pelos praticantes do estilo nesta ordem:
01- Naihanchi Shodan
02- Fukyu-gata Dai Ichi
03- Naihanchi Nidan
04- Naihanchi Sandan
05- Fukyu-gata Dai Ni
06- Pinan Shodan
07- Pinan Nidan
08- Pinan Sandan
09- Pinan Yondan
10- Pinan Godan
11- Itosu no Passai
(anteriormente denominado Passai Sho)
12- Kusanku Sho
13- Matsumura no Passai
(anteriormente denominado Passai Dai)
14- Kusanku Dai
15- Chinto
16- Jion
17- Gojushi-ho
18- Teesho
19- Koryu Passai
20- Unshu
21- Ryuko


Ao chegar ao 5º DAN, o karateca do estilo Shorin-ryu deve saber fazer e demonstrar com maestria as técnicas contidas nestes 21 Kata.

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Progressão de Faixas

No estilo Shorin-ryu os Karatecas começam na faixa branca, como na grande maioria dos estilos de Karate e a coloração de suas faixas vai escurecendo até chegar à preta, quando se inicia uma nova contagem de progressão, muito mais lenta. Karatecas que não são faixas pretas são chamados de Mudansha ou Dangai (sem Dan), enquanto os que já atingiram a faixa preta são chamados de Yudansha. A progressão de faixas do estilo é a seguinte[12]:

Algumas das faixas (ou Obi) de Dangai

Os Dangai ou Mudansha são:
7º Kyu = Branca
6º Kyu = Amarela
5º Kyu = Laranja
4º Kyu = Azul
3º Kyu = Verde
2º Kyu = Roxa
1º Kyu = Marrom

Obs.: Alguns dojos ainda utilizam uma faixa vermelha entre as faixas branca e amarela, destinada a karatecas considerados muito jovens para progredirem à faixa amarela. Esta faixa vermelha não é internacionalmente reconhecida, assim como não o são os graus atribuídos às pontas das demais faixas dos Dangai, e era muito mais amplamente utilizada até o final do século XX, quando a idade mínima para se atingir a faixa preta era de 18 anos completos. Hoje, como a idade mínima para a faixa preta é de 14 anos, dificilmente existe a necessidade de se atribuir essa faixa a alguém, por isso, além de não ser reconhecida, a faixa vermelha (também chamada pejorativamente de vermelhinha) está praticamente extinta.

Os Yudansha são:
1º ao 5º Dan = Faixa Preta com uma listra horizontal para cada Dan
6º Dan = Faixa Preta com as pontas em Vermelho e Branco (Ponta Coral) ou apenas Faixa Preta sem ponta alguma
7º e 8º Dan = Faixa Vermelha e Branca (Coral)
9º e 10º Dan = Faixa Vermelha

Obs.: Karatecas de 1º e 2º Dan são chamados de Sensei (embora esse título possa ser usado para designar qualquer karateca de 1º Dan em diante, ele é mais comumente empregado para designar o mais graduado de um dado lugar), os de 3º e 4º Dan são chamados de Shihan, os de 5º e 6º Dan são chamados Renshi, os de 7º e 8º Dan são chamados Kyoshi e os de 9º e 10º Dan são chamados Hanshi. Karatecas acima do 7º Dan podem ser designados como responsáveis por grandes extensões territoriais, sendo os mestres de todos os Karatecas de graduações inferiores naquela área. Um indivíduo nessas condições receberá o título honorífico de Kodansha.

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Outros pontos de relevância

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Takahara e o conceito de "Do"

O nome completo do Karate é Karate-Do, ou seja, Caminho da Mão Vazia. Sendo Kara o correspondente a vazio, Te a mão e Do a caminho. O conceito contido na partícula Do permeia as artes marciais orientais e tem significados muito variados de região para região. Em geral, no entanto, ele pode ser definido como uma forma de encarar as artes marciais como uma filosofia de vida, algo com uma forte conotação religiosa, especialmente relacionada ao Budismo.

O conceito de Do encerra em si o comportamento ético esperado de um artista marcial e é o seu ensino ou não que acaba por diferenciar um bom dojo e um mal dojo (McDojo), visto que saber dominar seu corpo de modo a utilizar adequadamente as técnicas aprendidas para derrotar um oponente não deve ser o único (e talvez nem mesmo o mais importante) ensinamento de um bom sensei. Não há honra nenhuma em se nocautear um adversário inferior técnica ou fisicamente, ou em se tornar um causador de problemas, o famoso "valentão" referenciado por Anko Itosu em seus "Dez Preceitos do Karate", apenas porque se tem competência física para tanto.

Tradicionalmente se atribui, ao menos no que tange ao Karate, a criação do conceito de Do a Peichin Takahara. Vejamos seus três preceitos básicos[13]:
ijo: o caminho da compaixão, da humildade e do amor;
katsu: a completa compreensão de todas as regras e formas do Karate;
fo: dedicação - a seriedade do Karate precisa ser entendida não apenas no treino, mas no combate real.

Uma tradução coletiva considerada apropriada para esses preceitos é: "A obrigação de cada um para consigo mesmo e para com o seu próximo". Isso seria o Do.

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Itosu e "Os Dez Preceitos do Karate"

Além de sua imensa contribuição pessoal para o Karate em geral e para o estilo Shorin-ryu em especial, Anko Itosu deixou ainda um importante legado numa carta endereçada aos Ministros da Guerra e da Educação do Japão. Essa carta, de outubro de 1908, chamada de "Os Dez Preceitos do Karate" (Tode Jukun) [14] tinha o objetivo de desvincular o Karate de influências religiosas opostas ao Xintoísmo então em voga no Japão, bem como de ressaltar os benefícios militares da arte marcial. A missivia não logrou seus objetivos, mas segue transcrita abaixo:

Os Dez Preceitos do Karate
Dez Preceitos do Karate
O Karate não evolui do Budismo ou do Confucionismo. No passado, as escolas Shorin-ryu e Shorei-ryu foram trazidas da China para Okinawa. ambas têm pontos fortes, os quais eu mencionarei agora, antes que haja muitas mudanças:
O Karate não é praticado apenas para o benefício individual, pode ser usado para proteger sua família e seu mestre. Ele não é pensado para ser utilizado apenas contra um único bandido, mas sim, como uma forma de se evitar uma briga caso se venha a ser confrontado com um vilão ou um valentão.
O propósito do Karate é tornar os músculos e ossos duros como rochas e usar as mãos e pernas como lanças. Se as crianças começarem a treinar Tang Te (sic) enquanto ainda estiverem no Primário, então elas se tornarão bem preparadas para o serviço militar. Lembre-se das palavras atribuídas ao Duque de Wellington depois de ter derrotado Napoleão: "A Batalha de Waterloo foi vencida nos playgrounds de Eton."
O Karate não pode ser aprendido rapidamente. Como um búfalo que se move lentamente, ele acaba viajando mil milhas. Quando alguém treina diligentemente todos os dias, então, em três ou quatro anos, irá entender o Karate. Aqueles que treinarem dessa forma descobrirão o Karate.
No Karate, o treinamento das mãos e dos pés é importante, então faz-se necessário um meticuloso treinamento na makiwara. Para fazê-lo, relaxe os ombros, abra os pulmões, agarre-se às suas forças, prenda-se ao chão com seus pés e concentre suas energias no baixo ventre. Treine usando cada braço cem ou duzentas vezes por dia.
Quando estiver praticando as bases do Tang Te (sic), certifique-se de manter sua coluna reta, relaxar os ombros, colocar força nas pernas, manter-se firme e buscar energia no seu baixo ventre.
Pratique cada uma das técnicas do Karate repetidamente, seu uso é transmitido oralmente. Aprenda bem cada explicação e decida quando e de que forma aplicá-las quado se fizer necessário. Avançar, contra-atacar e recuar é a regra para se soltar a mão (torite).
É necessário decidir se o Karate será para a sua saúde ou para auxiliar em seus deveres.
Quando treinar, faça-o como se estivesse no campo de batalha. Seus olhos devem brilhar, seus ombros devem ficar relaxados e seu corpo rígido. Você deve sempre treinar com intensidade e espírito e, dessa forma, você vai estar naturalmente preparado.
Não se deve treinar além do limite; isso ocasiona a perda de energia no baixo ventre e é agressivo para o corpo. O rosto e os olhos enrubrecem. Treine com sabedoria.
No passado, os mestres de Karate desfrutaram de longas vidas. O Karate ajuda a desenvolver os ossos e os músculos. Ajuda na digestão, bem como na circulação. Se o Karate for introduzido logo no início do Primário, nós produziremos muitos homens capazes de derrotarem dez agressores. Eu acredito piamente que isso pode ser feito se todos os estudantes da Escola de Professores de Okinawa aprenderem Karate. Dessa forma, depois de se formarem, eles poderão ensinar nas Escolas Primárias aquilo que aprenderam. Eu acredito que isso será um grande benefício para nossa nação e para nossas Forças Armadas. Espero que o senhor considere minha sugestão.
Anko Itosu, Outubro de 1908.

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A Shorin-ryu e o Karate Esportivo

Atualmente a WKF (World Karate Federation) considera como "oficiais" apenas quatro estilos de Karate. Esses quatro são considerados os estilos de Karate tradicional japonês e, apesar de o Shorin-ryu ser mais antigo do que muitos deles; tendo, inclusive, dado origem ao estilo Shotokan; não entra nesse rol porque nunca foi aceito no arquipélago principal do Japão, sendo considerado pelos japoneses como um estilo de Karate de Okinawa.

Parece contracensual, já que o Karate enquanto arte marcial nasceu em Okinawa, mas o fato de o estilo Shorin-ryu ser batizado em homenagem a um templo budista chinês e o fato de ainda utilizar muitas palavras em chinês somado ao reconhecimento de suas raízes chinesas faz com que o Japão, sinófobo como sempre foi, tenha se recusado a aceitá-lo no rol de estilos tradicionais.

A recente aproximação entre Japão e China, com o pedido de desculpas do Japão pelas atrocidades cometidas contra China durante a Segunda Guerra Mundial aumentou as esperanças dos atletas do estilo Shorin-ryu de que seu estilo finalmente receba o reconhecimento que merece e seja aceito no rol dos estilos tadicionais de Karate japonês, podendo fazer parte da WKF.

A importância de se ser aceito como um estilo reconhecido na WKF está nas competições de Kata, onde apenas os Katas praticados pelos estilos aceitos são permitidos. Os praticantes do estilo Shorin-ryu (bem como de outros estilos não aceitos) se vêem obrigados a tomar uma dessas duas atitudes caso queiram competir nessa modalidade: ou aprendem e executam Katas de um dos estilos aceitos; ou, na hora de nomearem o Kata que irão fazer, dizem o nome japonês do correlato Kata Shotokan e são avaliados pelo embusen semelhante, já que, como foi demonstrado, os Katas da Shotokan (bem como todo o estilo em si) vêm de modificações do estilo Shorin-ryu feitas por Gishin Funakoshi a fim de fazer o Karate ser aceito no arquipélago principal do Japão.

Uma alternativa aos atletas do estilo é a WUKO[15] (World Union of Karate-Do Organizations), entidade anterior à WKF, que havia entrado em declínio no início da década de 1990, mas que vem sendo revitalizada nos últimos cinco anos. A WUKO inclui no rol de estilos por ela reconhecidos como tais, além dos também aceitos pela WKF, também os estilos Shorin-ryu, Uechi-ryu, Kyokushinkai e Budokan. Embora a WUKO conte com menos integrantes e países filiados do que a WKF, enquanto o Karate não integrar as Olimpíadas de fato, não haverá qualquer diferença real entre as duas federações, que promovem campeonatos mundiais e internacionais independentes uma da outra. Se, contudo, o Karate vier a integrar os Jogos Olímpicos, apenas atletas filiados à WKF poderão obter índice olímpico, visto que esta entidade é a única reconhecida pelo COI.

Os estilos de Karate Olímpico são:
Shotokan-ryu;
Wado-ryu;
Shito-ryu;
Goju-ryu.

Embora o Karate não tenha conseguido os três quintos de votos do Conselho do COI (Comitê Olímpico Internacional) necessários para se tornar um esporte olímpico, como obteve o voto de mais da metade dos países componentes do conselho, adquiriu o status de aspirante às Olímpíadas[16], podendo vir a ingressar nelas num futuro próximo. Daí a expressão Karate Olímpico. A principal justificativa dos conselheiros que votaram contra a aceitação do Karate como esporte olímpico foi justamente o fato de haver uma grande multiplicidade de estilos com regras diferentes, o que dificultaria uma competição unificada que ambragesse a todos. O fato é que nas competições de Shiai Kumite (luta), as diferenças de estilo não têm grande importância, mas nas competições de Kata, têm. É provável que, enquanto os principais estilos dessa arte marcial (aí incluído o Shorin-ryu, visto ser um dos mais antigos e praticados no mundo) não deixarem de lado suas disputas internas por poder e se reunirem visando um concenso acerca do Karate enquanto esporte, o Karate nunca venha a integar os Jogos Olímpicos. Um bom exemplo a ser seguido seria o do Tae-Kwon-Do, que conseguiu integar as Olimpíadas depois de acertos internos entre seus diversos estilos.

Após as Olimpíadas de Atenas, em 2004, ficou decidido que, em 2008, o Karate e o Squash integrariam os Jogos no lugar de Baseball e Softball, mas alguns países componentes do conselho interno do COI, como Estados Unidos e Japão, onde os esportes que seriam excluídos têm grande aceitação, foram contra a troca e se basearam na votação que não atingiu os três quintos para vetarem a entrada dos dois novos esportes no rol das disputas de Beijing.

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Ligações externas
Descrição do Shorin-ryu (em inglês)
Site da Shidokan do Brasil
Site da Shinshukan da Argentina (em castelhano)

Referências
? Biografia de Peichin Takahara (em inglês) [1]
? Biografia de Kusanku (em inglês) [2]
? Biografia de Kanga Sakukawa (em inglês) [3]
? Biografia de Sokon Matsumura (em inglês) [4]
? Biografia de Anko Itosu (em inglês) [5]
? Biografia de Choki Motobu (em inglês) [6]
? Biografia de Gishin Funakoshi (em inglês) [7]
? Biografia de Choshin Chibana (em inglês) [8]
? Site da FPK - Federação Paulista de Karate [9]
? Site da WKF - Federação Mundial de Karate [10]
? Katas do Estilo Shorin-ryu [11]
? Progressão de Faixas [12]
? Os preceitos do Do segundo Takahara (em inglês) [13]
? Os Dez Preceitos do Karate (em inglês) [14]
? Site da WUKO - União Mundial das Organizações de Karate-Do (em inglês) [15]
? Lista de Esportes Reconhecidos pelo COI (em inglês) [16]
Categoria: Karatê
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HISTÓRIA DO KARATÊ

No começo, a maioria dos alunos não é consciente do estilo de Karate que pratica, até algum tempo depois. Uma vez que o aluno progrediu de um nível baixo a um mais avançado, começa a compreender a "política" existente entre os diversos estilos.

Facilmente, existem uns cinquenta estilos de Karate no Ocidente. O curioso de tudo isto é que o Karate realmente nasceu de três estilos diferentes que havia na ilha de Okinawa. Além disso, cabe destacar que os três estilos desenvolveram-se partindo de um só, o estilo nativo conhecido como "Te" que significa "mão".

Existem mais de trinta estilos autorizados ou reconhecidos no Japão e Okinawa. Ainda quando na sua maioria estes estilos tenham sido criados em Okinawa, outros foram desenvolvidos no Japão, por indivíduos que viajaram à China para completar seu treinamento. Por tanto, afirmar que todos os estilos de Karate são originários de Okinawa não é certo, ainda quando a maioria tenha origens nesta pequena ilha.
Te

A Arte Marcial simplesmente conhecida como Te, é um dos sistemas de combate de Okinawa. Devido à proibição de armas imposta pelos governantes japoneses à povoação de Okinawa, no século XVI, o Te desenvolveu-se como método de defesa pessoal. O Te considerado como uma Arte completamente autóctona da ilha, mas reconhece-se a influência de outros países orientais, especialmente da China. Um dos primeiros Mestres reconhecidos desta forma de combate à mão vazia, foi Shungo Sakugawa (1733-1815) O qual recebeu sua instrução directamente de um monge de nome Peichin Takahara. Sakugawa ensinou a Arte Marcial a Soken Matsumura, um dos maiores artistas marciais da história. Enquanto que a raiz da maioria dos estilos de Karate que desenvolveram-se em Okinawa, encontra-se na conexão SakugawaMatsumura, muitos outros estilos foram criados sem a influência de um ou de outro.

Na Okinawa do século XVIII, desenvolveram-se três centros importantes de estudo do Karate. Um deles ficava situado na antiga capital de Shuri, onde viviam os nobres e a família real. Um outro formou-se em Naha, o principal porto da ilha. O terceiro em Tomari. Cada uma destas cidades desenvolveu eventualmente seu próprio estilo.
Shuri-Te

Sakugawa, que está considerado como um dos primeiros Mestres de Te, também foi considerado como um dos primeiros Mestres de Shuri-Te, devido a viver nesta cidade. Sakugawa contava quase 70 anos de idade quando uma criança de nome Matsumura começou a treinar com ele. Matsumura tornou-se o melhor aluno de Sakugawa e depois da morte do Mestre, Matsumura chegou a ser o melhor instrutor de Shuri-Te. Sua influência originou a maioria dos diferentes estilos de Karate existentes hoje em dia.
Tomari-Te

Tomari fica perto da pequena povoação de Kumemura (Cidade Kume), que era habitada por grande números de militares treinados em diferentes estilos de Artes Marciais. Entre todos estes estilos havia sistemas "duros", descendentes do Templo Shaolin, assim como outros estilos "internos", que provinham de outros lugares da China.

Enquanto o Shuri-Te foi influenciado principalmente pelos estilos "duros" de Shaolin, o Tomari-Te teve influências tanto dos estilos "duros" como dos "suaves". Um dos principais Mestres de Tomari-Te foi Kosaku Matsumora, que ensinava o estilo sempre à porta fechada e em segredo. No entanto, só uns poucos estudantes de Matsumora chegaram a conseguir um nível suficientemente notável para transmitir a Arte.

Outro importante instrutor de Tomari-Te foi Kohan Oyadomari, o primeiro instrutor do grande Chotoku Kyan.
Naha-Te

Dos três estilos significativos daquela época em Okinawa, o Naha-Te era o estilo mais influenciado pelos sistemas "internos" chineses e o que menos contacto tivera com a tradição Shaolin. O maior Mestre de Naha-Te foi Kanryo Higashionna. Parece provado que Higashionna tenha estudado o estilo Shuri-Te com Matsumura, mas apenas durante um curto período. Higashionna era ainda muito jovem quando foi morar na China, onde permaneceu durante muitos anos. Quando regressou a Naha, abriu uma escola na qual destacavam padrões de movimentos respiratórios muito usados nos estilos "internos" chineses. Higashionna teve muitos bons alunos, os quais chegaram a ser famosos por eles mesmos, entre os que encontram-se Chojun Miyagi e Kenwa Mabuni.
Shorin Ryu

O Shuri-Te e o Tomari-Te fusionaram-se para fazer-se um só estilo denominado Shorin Ryu, que reconhece a influencia do Templo Shaolin. "Shorin" é a palavra chinesa para Shaolin. Foi na época de Sumura quando as duas formas se juntaram. Um dos maiores expoentes deste novo estilo foi Yatsutsume (Anko) Itosu, um dos melhores alunos de Matsumura.
Shorei Ryu

No momento de maior popularidade de Higashionna, o Naha-Te começou a ser conhecido como Shorei Ryu. Durante este mesmo período, o estilo começou a tomar uma nova direcção e transformou-se num estilo de combate puramente "interno". Isto foi devido em grande parte à influência de Choki Motobu. Apesar do estilo de Motobu ser considerado Naha-Te, na realidade não tinha nada a ver com Higashionna. Quando Motobu transformou-se em líder do Shorei Ryu, começou a orientar seu desenvolvimento numa outra direcção, principalmente por ter treinado com Anko, do estilo Shuri-Te e também com Matsumora, do estilo Tomari-Te. Motobu teve grande reputação como lutador nas ruas e como instrutor de Karate.
Shotokan

O fundador do Karate Shotokan foi aluno de Yasutsune Itosu e de seu bom amigo Yasutsune Azato. Itosu aprendeu seu estilo de Karate de Sooken Matsumura, enquanto que Azato foi treinado pelo instrutor de Tomari-Te, Kosaku Matsumora. Por tanto, Funakoshi treinara extensamente em Shorin Ryu e em Shorei Ryu. Devido à sua relação com estes dois grandes instrutores, Funakoshi teve ocasião de treinar também com outros mestres importantes.
Quando Funakoshi foi viver para Tóquio em 1930, fundou o estilo Shotokan. Shotokan traduz-se como a escola de "Shoto", porque o nome de batismo de Funakoshi era "Shoto".

Funakoshi encontrava-se na vanguarda quando a diversidade dos estilos de Karate transformaram-se em moda. Por não ser considerado partidário da especialização em apenas um estilo de Karate, sua influência ajudou em muito a provocar esta proliferação.
Shito Ryu

Enquanto Funakoshi treinava com ltosu, um de seus amigos e companheiros de aula era Kenwa Mabuni. Mabuni eventualmente, resolveu treinar num estilo diferente de Karate e viajou a Naha para treinar com Higashionna. Mabuni ficou com Higashionna durante muitos anos e inclusivamente treinou, ainda que por pouco tempo, com Chojun Miyagi. Miyagi regressara de seus treinamentos na China e a intenção de Mabuni era aprender dele as técnicas novas que ali tivesse aprendido.

Como Funakoshi, Mabuni mudou-se para o Japão e fundou o Shito Ryu. Shito era uma combinação dos nomes dos seus dois Mestres, Higa[shi]onna e I[to]su.

Mabuni ensinava uma combinação do estilo puro e lineal do Shuri-Te de Itosu e do estilo suave e circular de Naha-Te. Seu sistema de Shito Ryu está considerado como um dos sistemas mais praticados no Japão.
Goju Ryu

O Naha-Te que ensinava Higashionna, com o tempo, mudou seu nome para Shorei Ryu e começou a parecer-se aos estilos que tem origem no Templo Shaolin. O estilo original de Higashionna estava influenciado por um sistema de combate que existiu na China antes da tradição de Shaolin e era um pouco mais suave que o Shorin Ryu. O estudante de Higashionna, Chojun Miyagi, queria ensinar um estilo similar aquele que ensinava seu instrutor e seguindo as recomendações de seu Mestre, resolveu viajar à China para completar seu treinamento. Ali, concentrou-se no estudo de diferentes sistemas internos e técnicas de respiração.

Miyagi regressou a Naha e depois de vários anos, viajou ao Japão para ensinar na antiga capital de Tóquio. A Arte de Miyagi evolui do Naha-Te que aprendera de Higashionna até aquilo que em 1929, Miyagi denominou Goju Ryu, cujo significado é "Duro" (Go) e "Suave" (Ju). Foi a combinação desta arte suave e dura o que fez do Goju Ryu um dos sistemas mais praticados na actualidade. Um dos melhores alunos de Miyagi foi Gogen Yamaguchi "O Gato".
Wado Ryu

Quando Gichin Funakoshi realizava demostrações, normalmente era acompanhado do seus melhores alunos. O estudante que mais ajudou Funakoshi nas suas demostrações foi Hironori Otsuka, que começou a treinar com Funakoshi em 1926. A começos dos anos 30, Otsuka era considerado um dos melhores praticantes de Karate do Japão. É curioso assinalar o facto de que quando Otsuka fez-se aluno de Funakoshi, já era um Mestre de Shindo Yoshin Ryu Jujitsu, mas deixou de parte seu estilo para treinar com Funakoshi. Depois de treinar durante mais de dez anos com Funakoshi, de repente Otsuka deixou de treinar com Funakoshi e começou a estudar outros estilos de Karate, durante curtos períodos. Existem provas de ter inclusivamente treinado com Choki Motobu, antes de estabelecer-se por sua conta.

Em 1939, Otsuka fundou o Karate Wado Ryu (Wa significa "harmonia" e Do "caminho ou via"). Otsuka combinou o Karate que aprendera com Funakoshi com seu próprio estilo Yoshin Ryu Jujitsu, para desenvolver um sistema muito mais suave que o resto dos estilos. Seus treinamentos priorizam a perfeição da mente à perfeição da técnica. O Wado Ryu fez-se um estilo muito popular em todo o mundo.
Kyokushinkai

O Kyokushinkai é na actualidade um dos estilos de Karate mais duros. Seu fundador, o Mestre Masutatsu Oyama, começou seu treinamento em Shotokan num colégio militar, à idade de 14 anos. Na realidade, Oyama era um Coreano de nome Yee Hyung, mas mudou de nome quando foi viver para o Japão.

Oyama foi recrutado para o exército Imperial em 1941, depois de apenas dois anos de treinamento com Funakoshi. Depois da guerra, treinou com Chojun Miyagi e pouco depois, resolveu viver retiradamente e viajou à Montanha Kiyosumi, onde viveu isolado por mais de um ano e meio. Oyama tentou estabelecer sua própria escola mas não obteve muito êxito. No entanto, com o tempo sua prática de matar toiros com apenas um golpe de mão, proporcionou-lhe muita fama. Em 1952, Oyama viajou aos Estados Unidos para dar a conhecer o seu estilo. Aceitou todos os desafios e jamais perdeu um combate, acabando com a maioria de seus adversários por K.O. Quando Oyama regressou ao Japão, fundou o Kyokushinkai.

O Kyokushinkai dá prioridade ao combate descontrolado para ajudar os alunos a vencer o medo. Os competidores não usam equipamentos de protecção nos campeonatos e a maioria dos combates acabam com um K.O. Outra característica importante do Kyokushinkai são os exercícios de rompimento. Aos aspirantes a Cinto Preto são exigidos os teste de quebra.
Isshin Ryu

O fundador do Isshin Ryu, Tatsuo Shimabuku aprendeu Karate com diferentes instrutores de diferentes estilos. Estudou Goju Ryu com Chojun Miyagi, depois Shorin Ryu com Chotoku Kyan e finalmente Shorei Ryu com o Mestre Choki Motobu.

Foi durante a Segunda Guerra Mundial quando Shirnabuku ganhou fama corno instrutor. os oficiais japoneses estavam tão impressionados com os seus métodos de ensino que evitaram que fosse à guerra, para continuar a treinar com ele.

Depois da derrota dos japoneses, as forças americanas de ocupação em Okinawa mostraram-se muito interessadas pelo Karate de Shimabuku e muitos soldados americanos foram treinar com ele. Alguns dos melhores alunos de Shirnabuku eram americanos, entre eles contavam-se Steve Armstrong, Harold Mitchum e Don Nagel. Armstrong estava tão impressionado com Shimabuku que conseguiu do governo americano que lhe pagassem cinco dólares mensais, por cada soldado americano que treinasse com ele.

Em 1954, Shimabuku fundou o estilo lshshin Ryu, que significa "O estilo de um só coração".
Motobu Ryu

A família Motobu era nobre e praticava uma Arte Marcial considerada tão efectiva como mantida em absoluto segredo. Só o primogénito tinha o direito de aprender a Arte da família. Choki Motobu era o terceiro filho e desejava desesperadamente aprender o estilo de sua família, mas não foi autorizado. Por muito que espreitasse seu irmão mais velho e seu pai, Choki jamais aprendeu o suficiente nem para poder defender-se na rua. Por este motivo, foi aprender com outros.

O irmão mais velho, Choyu, era o verdadeiro Mestre da família. Por volta de 1940, Choyu acabou com a tradição e ensinou a Seikichi Uehara a sua Arte. Uehara fundou o Karate Motobu Ryu em 1961. Apesar de seu estilo ter esse nome em honra de Choyu Motobu, na realiade não é idêntico aquele ensinado na família.
Uechi Ryu

Surpreendentemente, o Karate Uechi Ryu nunca esteve influenciado por Shungo Sakugawa, nem por Soken Matsumura ou Kanryo Higashionna. Este estilo é considerado um rebento do Naha-Te, devido à origem e influências similares.

O fundador deste estilo foi Kanbum Uechi, um nativo de Okinawa que viajou à China e estabeleceu amizade com o monge Chou Tzu Ho, o qual ensinou-lhe um estilo similar ao que Higashionna aprendera. Este estilo chamava-se Pangai Noon, que significa "metade duro, metade suave".

Depois de quase quinze anos vivendo na China, Uechi voltou a Okinawa, mas nunca com a intenção de ensinar Artes Marciais. Apesar de muitos conhecerem a sua reputação como Mestre, levaram mais de 17 anos para conseguir convencer Kanbum Uechi a ensinar. Ao princípio, Uechi denominou a sua arte Pangai Noon, mas con o tempo mudou o nome para Uechi Ryu, a fim de evidenciar suas próprias inovações.

Infelizmente, o estilo só chegou a ser popular depois da morte de Uechi. Seu filho Kanei, continua a ensinar a sua Arte e hoje é um dos estilos mais populares de Okinawa.
Shorinji Ryu

O Karate Shorinji Ryu foi fundado depois da guerra por Hisataka e seu filho Masayuki. "Shorinji" é a tradução japonesa de "templo Shaolin".

Kori Hisataka desenvolveu este sistema com a intenção de iniciar um estudo profundo do ensino original do Templo de Shaolin. Também estava influenciado pelo Shorinji Kempo, um estilo criado por monges de Shaolin.

Fonte: will-phoenix.vilabol.uol.com.br
HISTÓRIA DO KARATÊ



Karate foi originado na Índia ou na China, há aproximadamente doze séculos. A medida em que a arte foi sendo desenvolvida, estudada, cultivada e transmitida através das gerações, mudanças e contribuições foram somadas para a formação de diversos estilos de karate em evidência atualmente.

Há milênios já existiam formas de lutas sem armas, e na época dos samurais no Japão, não existia o conceito de esporte. os guerreiros praticavam artes marciais também como forma de exercícios físicos, através dos quais educavam a disciplina, a moral, o civismo e impunham a paz e a moral à sua Nação.

O grande responsável pelo desenvolvimento do karate, foi o mestre Gichin Funakoshi, que introduziu o karate como esporte no Japão e foi convidado pelo ministério da educação japonês, para dar aulas de karate nas escolas e universidades do país. O mestre Funakoshi pretendeu com seu método que visava a educação física como forma de defesa pessoal, aliada à filosofia dos samurais, mas com base científica, ajudar os estudantes em sua formação como homens e cidadãos úteis a sociedade, tudo isso, sem perder o verdadeiro espírito marcial da luta.

O karate foi considerado "arte divina" pela sua grande eficiência no combate real. Um dos fatos mais importantes para o desenvolvimento do karate, foi o surgimento do "karate-competição" como esporte. Nos anos 30 e 40, o karate começou a se espalhar pelo mundo.

Aqueles poucos indivíduos, que realmente alcançaram uma alta condição na arte do karate, exibem capacidades que parecem estar próximas dos limites do potencial humano. O praticante de karate, uma pessoa altamente treinada nos aspectos físico-mentais, quando se confronta com o atacante, apresenta um comportamento diferenciado e da provas de sentimentos completamente incomuns a alguém tão ameaçado. Existe um ruptura de pensamento intelectual e de emoções como raiva, medo e orgulho. Em lugar disso, ele não se sente como indivíduo separado das coisas que o cercam, como um indivíduo em seu ambiente. Até mesmo seu oponente é olhado como uma extensão de si próprio. É natural que tais sentimentos subjetivos estejam abertos ao estudo científico.
INTRODUÇÃO FILOSÓFICA AO KARATE-DO
Estes são os lemas do lutador de karate:

I- Esforçar-se para formação do caráter (Disciplina);

II- Criar o intuito de esforço (Determinação);

III- Respeitar acima de tudo (Respeito);

IV- Conter o espírito de agressão (Desapego);

V- Fidelidade para com o verdadeiro caminho da razão (Honra).



A palavra "karate" é derivada de uma expressão usada na filosofia zen, que pode ser considerada como parte integrante da filosofia oriental. A palavra "sora" que se pronuncia também como "kara" ou "kuu", representa o universo. No pensamento zen, a palavra contém o ato ou processo de libertação da pessoa ou seu ego, conseguindo um estado de mente que não é afetado por nada, isto é, estado de inexistência. Este "estado", significa o esforço para livrar a pessoa de qualquer tipo de desejo e desenvolver um caráter respeitável. Portanto o verdadeiro propósito do karate é treinar de tal forma que o praticante possa viver de maneira agradável, saudável, honrado e digno, sem criar problemas, sem temer ao forte ou poderoso, sem se humilhar ante o homem influente, e sem se tornar cego pelas riquezas da terra (desapego). Esse equilíbrio existe através do In e You, que em conjunto, formam o universo, numa combinação do positivo e negativo. O significado atual do karate, se deve ao mestre Gichin Funakoshi, que mudando o sentido original do nome, introduziu a palavra KARA com significado de vazio, Céu, Universo. TE significa mão e DO caminho. Literalmente karate significa o caminho das mãos vazias (Por isso se diz que o lutador de karate usa o próprio corpo como armas para lutar) ou num sentido mais filosófico, caminho que contém o universo.

No karate existe uma famosa expressão do mestre Funakoshi: "Karate Ni Sente Nashi", que significa que primeiro a defesa é importante, depois o ataque, sem perder o espírito ofensivo, esse provérbio explica claramente o objetivo do karate que é conter o espírito de agressão. Dessa forma, nota-se a atitude de respeito na prática do "Kata" (Luta imaginária), as quais sempre se iniciam com técnicas de defesa.
Funakoshi com 20 ensinamentos:

01- O karate inicia-se e termina com saudações.

02- No karate não existem golpes de agressão.

03- O karate apóia o caminho da razão.

04- Conheça-se a si próprio antes de julgar os outros.

05- A principio lapidar o espírito, depois a técnica.

06- Evitar o descontrole do equilíbrio mental.

07- A falha surge com a acomodação mental e física.

08- O karate não se limita apenas ao Dojo.

09- A essência do karate se descobre no decorrer da vida.

10- Dará frutos quando associado a vida cotidiana.

11- O karate é igual água quente: se não recebe calor constantemente ela esfria.

12- Não pense em vencer, mas não pense em derrota.

13- Mude sua posição conforme o tipo de adversário.

14- A luta depende do bom motivo da teoria In e You.

15- Imagina que seus membros são espadas.

16- Para o homem que sai do seu portão, existe milhões de adversários.

17- No princípio, seus movimentos são artificiais, mas com a evolução tornam-se naturais.

18- A prática de fundamentos deve ser correta. Enquanto em uso torna-se diferente.

19- Domínio do seu corpo na coordenação, na força, na velocidade e elasticidade.

20- Estudar, criar e aperfeiçoar-se constantemente.

É comum que o principiante praticante de karate, notando seu rápido desenvolvimento, seja tomado por uma onda de impetuosidade, sentindo a necessidade de por em prática seus conhecimentos adquiridos. Esta idéia deve ser detestada e sanada, para que não venha a afasta-lo do real objetivo do karate, que é o de nobreza de espírito, domínio da agressividade, modéstia e perseverança; "possuir suavidade no seu exterior tendo quando necessário, coragem de enfrentar milhões de adversários, vibrar no seu interior". Esse é o verdadeiro espírito do karate.

Fonte: www.bushido-online.com.br
HISTÓRIA DO KARATÊ

O Karate é a arte marcial originada a partir das técnicas de defesa pessoal de Okinawa, tendo como base a filosofia do Budo. Seus objetivos se traduzem na busca constante do aperfeiçoamento pessoal, contribuindo para a harmonização do meio onde se está inserido através de muita dedicação ao trabalho, treinamentos rigorosos e vida disciplinada.
ORIGEM DO KARATE

O precursor do Karate foi Bodhi-Dharma, o mesmo que fundou o zen-budismo da Índia. Muito conhecido no Oriente, foi convidado pelo imperador chinês da época (520 a.C) para levar seus conhecimentos à China. Mas foi no Japão, mais precisamente na ilha de Okinawa, que o Karate foi definitivamente sistematizado como a luta das mãos livres, ou melhor, sem armas.

A história conta que no início do século XV, o Rei Hasshi, da dinastia Sho, conseguiu reunir todas as ilhas do arquipélago Ryu Kyu (cuja maior ilha era Okinawa) numa só nação. A fim de desencorajar qualquer golpe armado de grupos rivais, ordenou que todas as armas fossem confiscadas, tornando sua posse crime contra o Estado.

Mais tarde, em 1609, Okinawa foi invadida pelo Senhor de Shimazu, convertendo-a em seu feudo e novamente as armas foram banidas, fazendo com que o povo retornasse com ardor ao aprendizado das técnicas de lutas sem armas. Foi nesta fase que houve uma renovação das formas de combate e surgiu então o OKINAWA-TE. Os treinamentos eram secretos e os alunos treinavam firmemente e, como as armas eram proibidas, procurava-se fazer com que as mãos e os pés fossem armas tão perigosas quanto as convencionais. Desta forma, aprimorou-se a técnica e começou-se a fazer uso de joelhos e cotovelos, além de aumentar cada vez mais a velocidade.
KARATE NA ERA MODERNA

O Karate moderno foi aprimorado e divulgado por Gishin Funakoshi (1869-1957), após estudar muitos anos na ilha de Okinawa. Em 1922, já em Tóquio, passou a ensinar nas universidades e seus alunos se espalharam por todo o Japão, difundindo seu sistema juntamente com o ZEN (exercícios mentais).

Devido ao fato do Karate ter sido praticado secretamente no passado, um grande número de estilos foi desenvolvido. Os mais praticados são Shotokan, Goju-Ryu, Shito-Ryu e Wado-Ryu, cujas filosofia e luta são as mesmas, variando um pouco somente a forma.

Após a Segunda Guerra, o Karate espalhou-se para o mundo

Fonte: www.fpk.com.br
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Home História do Karatê << voltar HISTÓRIA DO KARATÊ Karate Do Entende-se como Karate-Do a prática complementar de formação cultural e desportiva baseada no desenvolvimento peculiar dos sistemas de defesa pessoal e evolução interior característicos de Okinawa em seus primórdios (século XVIII) e do Japão a partir do início do século XX. Karate é uma palavra japonesa que significa "mãos vazias". É uma arte altamente científica, fazendo o mais eficaz uso de todas as partes do corpo para fins de auto-defesa. O maior objetivo do karate é a perfeição do caráter, através de árduo treinamento e rigorosa disciplina da mente e do corpo. O karate-ka (cultor de karate-do) utiliza como armas as mãos, os braços, as pernas, os pés, enfim, qualquer parte do corpo. Além de ser um excelente meio de auto-defesa, o karate também é um meio ideal de exercício. Ele desenvolve a força, a velocidade, a coordenação motora,o condicionamento físico e é reconhecido também por seus valores terapêuticos. O combate desarmado nasceu antes da história escrita, mas as origens mais remotas são obscuras, muitas vezes encobertas pelo folclore de uma variedade de culturas do mundo. Várias formas de combate desarmado eram praticadas na Índia, na China, em Formosa e em Okinawa, uma ilha ao sul do Japão. Em Okinawa, as lutas desarmadas foram desenvolvidas em segredo durante muito tempo, devido à influência dos fidalgos japoneses que conquistaram a ilha, proibindo os seus súditos de carregarem armas. Esta proibição de andarem armados obrigou muitas pessoas a praticar formas de combate sem armas, em segredo. O karate moderno nasceu na época em que o finado Mestre Gichin Funakoshi (1868-1957), então líder da Sociedade Okinawa de Artes Marciais, foi solicitado pelo Ministério da Educação do Japão, em maio de 1922 a conduzir apresentações de karate em Tóquio. A nova arte foi recebida entusiasticamente e foi introduzida em várias universidades, onde criou raízes e começou a florescer. Devido ao fato do karate ter sido praticado secretamente no passado, um grande número de escolas e estilos (Ryus) foram desenvolvidos. Hoje existem inúmeras escolas no Japão, sendo as mais destacadas: Shotokan, Goju-Ryu, Shito-Ryu e Wado-Ryu, todas com ramificações pelo mundo afora. O karate esportivo Nos últimos anos, foram formuladas regras de combate simulado para se evitar ferimentos graves, com o propósito de introduzir o karate como um esporte competitivo. O karate de torneio é um jogo de reflexos que exige "timing", velocidade, técnica, estratégia, camaradagem e controle, onde prevalecem HONRA, LEALDADE e SENSO DE COMPROMISSO. Durante os torneios, todos os golpes, embora fortemente focalizados, devem ser controlados precisamente antes do contato. Embora seja muito excitante de assistir, o torneio de karate é considerado, pela maioria dos mestres, como um degrau e não como o objetivo principal no desenvolvimento do karate-ka. Nos anos 50, as universidades no Japão começaram a promover competições de karate. O 1º Campeonato Mundial de Karate foi realizado em 1970 em Tóquio,Japão, com a participação de 33 países e, desde então, cada campeonato mundial tem sido promovido de dois em dois anos. Em 2002, o 16º Campeonato Mundial realizado em Madri/Espanha teve a participação de 84 paises. O karate tem se espalhado rapidamente, não apenas entre as gerações mais novas como um esporte para melhorar a força, mas tem se tornado um meio popular de exercício para homens e mulheres de meia-idade para manter a forma. Um número crescente de academias de karate tem aberto e mantido turmas para crianças. Organização do Karate mundial Devido a popularidade global do karate como esporte, a formação de uma federação internacional de karate tornou-se necessária. Em 1970, a União Mundial das Organizações de Karate (WUKO) foi criada. Desde então, todos os esforços têm sido feitos para incluir o karate nos Jogos Olímpicos ? o maior símbolo das realizações do homem no campo desportivo. No dia 06 de junho de 1985, a WUKO foi oficialmente reconhecida pelo Comitê Olímpico Internacional (COI). Em 1993, na Argélia, para adaptar-se às regras do Comitê Olímpico Internacional, a Federation Mondiale de Karate (FMK), também conhecida como World Karate Federation (WKF), absorveu a antiga WUKO, fato este que trouxe um desenvolvimento direcionado à promoção do karate mundial. No dia 18 de Março de 1999 o COI em sua 109º sessão (Seul) certificado do COI confirmou o reconhecimento em caráter definitivo da FMK/WKF, de acordo com o artigo 29 da carta Olímpica, como a federação mundial dirigente da modalidade karate. Além da intenção de incluir o karate nos Jogos Olímpicos, o objetivo da WKF é de unificar todas as organizações que pratiquem karate, como esporte ou como uma arte tradicional, além de lutar também para promover ligações dentro de um espírito de amizade entre os karatecas do mundo. A WKF representa o karate mundial e coordena todas as atividades de karate ao redor do mundo, estabelece regras técnicas e operacionais, organiza e controla reuniões internacionais e toma as decisões sobre vários assuntos que possam surgir entre os membros. Organização do Karate no Brasil No Brasil a Entidade Nacional de Administração da modalidade karate é a Confederação Brasileira de Karate-CBK (representante de 26 Federações estaduais), que está filiada a WKF e vinculada ao Comitê Olímpico Brasileiro-COB certificado do COB, além de reconhecida através da Portaria nº 551 do Ministério da Educação (10/11/1987), portaria do MEC como entidade de direção nacional da modalidade, com competência na área do desporto de sua própria denominação. Estruturas e normas Concebe-se como praticante de Karate no território nacional todo aquele que tiver uma graduação mínima de 6° Kyu dentro do sistema representado pela CBK. A estruturação das Normas Gerais de Formação e Habilitação em Karate da CBK representa um resultado do processo de reforma por que passa o Brasil no âmbito da educação e do desporto. Este processo evidencia a necessidade de mudanças de paradigmas no que tange às condições de formação e habilitação dos instrutores de artes marciais, pois se entende que apenas o conhecimento técnico específico de uma determinada arte marcial não é o suficiente para capacitar o praticante para a função de educador. Faz-se necessária, portanto, a complementação de conteúdos referentes às esferas da pedagogia geral e aplicada para que o papel de educador contemple uma relação de ensino-aprendizagem adequada às expectativas da sociedade contemporânea. As Normas Gerais de Formação e Habilitação em Karate da CBK estão estruturadas em três esferas normativas. A primeira esfera refere-se ao processo de graduação, onde se discrimina os critérios necessários para consolidar as graduações do Karate. A segunda esfera normativa engloba a habilitação em Karate, onde se evidencia as ações de complementação curricular que possibilitarão a habilitação dos Técnicos de Karate na Confederação Brasileira de Karate, bem como habilitação para avaliadores e árbitros da CBK. A terceira esfera normativa refere-se ao conceito e competência da formação atlética no Karate. Confederação Brasileira de Karate Ata de Fundação No dia 11 de setembro de 1987, às 15 horas e 25 minutos, na sala de reuniões na sede da Confederação Brasileira de Pugilismo (CBP), na cidade do Rio de Janeiro, reuniram-se em Assembléia Geral, para atender a convocação feita através do Edital publicado no Diário Oficial da União do dia 10 de agosto de 1987, os presidentes das federações estaduais de karate filiadas ao departamento de karate da CBP, sob a Presidência do Sr.Armando Vasconcelos, Presidente da CBP, para fundação e eleição da 1ª Diretoria Provisória da Confederação Brasileira de Karate e aprovação do estatuto da entidade. Após a verificação das credenciais as quais foram consideradas legais, o senhor Presidente solicitou a indicação do Secretário da Assembléia, sendo indicado o Sr. Valdeci Alves Rodrigues, então presidente da Federação Espírito-santense de Karate. Após os procedimentos regulamentares, por unanimidade dos presentes, foi fundada a CONFEDERAÇÃO BRASILEIRA DE KARATE. Em seguida foi apresentada pelas Federações Mineira e Rondoniense de Karate a chapa para a primeira diretoria (provisória) da entidade, sendo eleita por unanimidade e aclamação, sendo os eleitos declarados empossados pela Assembléia Geral. Fonte: www.karatedobrasil.org.br HISTÓRIA DO KARATÊ Formas de autodefesa são, provavelmente, tão antigas quanto a raça humana. O Karate e as demais artes marciais atuais têm suas raízes mais remotas no século V e VI antes de Cristo, quando se encontram os primeiros indícios de lutas na Índia. Esta luta era chamada "Vajramushti", cuja tradução aproximada poderia ser "aquele cujo punho cerrado é inflexível". Vajramushti foi o estilo de luta do Kshatriya, uma casta de guerreiros da Índia. Em 520 A.D., um monge budista chamado Bodhidharma (também conhecido como "Ta Mo" em chinês ou "Daruma Taishi" em japonês), viajou da Índia para a China para ensinar Budismo no Templo Shaolin (Shorinji). A lenda conta que quando ele chegou encontrou os monges do Templo numa condição de saúde tão precária, devido às longas horas que eles passavam imóveis durante a meditação, que ele imediatamente se preocupou em melhorar a saúde deles. O que ele ensinou foi uma combinação exercícios de respiração profunda, yoga e uma série de movimentos conhecidos como "As Dezoito Mãos de Lo Han" (Lo Han foi um famoso discípulo de Buda). Esses ensinamentos foram reunidos em um só e os monges logo se descobriram capazes de se defender contra os muitos bandidos nômades que os consideravam uma presa fácil. Os ensinamentos de Bodhidharma são reconhecidos pelos historiadores como a base de um estilo de arte marcial chamado Shaolin Kung Fu. Diferentes estilos de Kung Fu se desenvolveram quando as personalidades e as nuanças dos monges emergiram. Haviam dois templos Shaolin, um na província de Honan e outro em Fukien. Entre 840 e 846 A.D., ambos os templos, assim como muitos milhares de templos menores, foram saqueados e queimados. Isto foi supervisionado pelo Governo Imperial Chinês, que na época tinha uma política de perseguição e importunação sobre os Budistas. Os templos de Honan e Fukien foram mais tarde reconstruídos somente para serem destruídos por completo pelos Manchus durante a Dinastia Ming de 1368 a 1644 A.D. Somente cinco monges escaparam, todos os outros foram massacrados pelo imenso exército Manchu. Os cinco sobreviventes tornaram-se conhecidos como "Os Cinco Ancestrais". Eles vagaram por toda China, cada um ensinando sua própria forma de Kung Fu. Considera-se que este fato deu origem aos cinco estilos básicos de Kung Fu: Tigre, Dragão, Leopardo, Serpente e Grou. Como cidadãos chineses emigraram para as ilhas de Okinawa, novos sistemas se desenvolveram. O nome genérico dado às formas de luta de Okinawa foi "Te", que significa "mão". Haviam três principais núcleos de "Te" em Okinawa. Estes núcleos eram as cidades de Shuri, Naha e Tomari. Conseqüentemente os três estilos básicos tornaram-se conhecidos como Shuri-te, Naha-te e Tomari-te. O primeiro deles, Shuri-te, veio a ser ensinado por Sakugawa (1733-1815), que ensinou Sokon "Bushi" Matsumura (1796-1893), e que por sua vez ensinou Anko Itosu (1813-1915). Foi Itosu o responsável pela introdução da arte nas escolas públicas de Okinawa. Shuri-te foi o precursor dos estilos japoneses que eventualmente vieram a se chamar Shotokan, Shito Ryu e Isshin Ryu. Naha-te tornou-se popular devido aos esforços de Kanryo Higaonna (1853-1916). O principal professor de Higaonna foi Seisho Arakaki (1840-1920) e seu mais famoso aluno foi Chojun Miyagi (1888-1953). Miyagi também foi à China para estudar. Ele mais tarde desenvolveu o estilo conhecido hoje por Goju Ryu. Tomari-te foi desenvolvido juntamente por Kosaku Matsumora (1829-1898) e Kosaku Oyadomari (1831-1905). Matsumora ensinou Chokki Motobu (1871-1944) e Oyadomari ensinou Chotoku Kyan (1870-1945) - dois dos mais famosos professores da época. Até então Tomari-te era largamente ensinado e influenciou tanto Shuri-te como Naha-te. Fonte: www.karatebrasil.com.br HISTÓRIA DO KARATÊ Formas de autodefesa são, provavelmente, tão antigas quanto a espécie humana. O Karate e as demais artes marciais atuais têm suas raízes mais remotas nos séculos V e VI antes de Cristo, quando se encontram os primeiros indícios de lutas na Índia. Esta luta era chamada "Vajramushti", cuja tradução aproximada poderia ser "aquele cujo punho cerrado é inflexível". Vajramushti foi o estilo de luta do Kshatriya, uma casta de guerreiros da Índia. Em 520 A.D., um monge budista chamado Bodhidharma (também conhecido como "Ta Mo" em chinês ou " Daruma Taishi" em japonês), viajou da Índia para a China para ensinar Budismo no Templo Shaolin (Shorinji). A lenda conta que quando ele chegou encontrou os monges do Templo numa condição de saúde tão precária, devido às longas horas que eles passavam imóveis durante a meditação, que ele imediatamente se preocupou em melhorar a saúde deles. O que ele ensinou foi uma combinação exercícios de respiração profunda, yoga e uma série de movimentos conhecidos como "As Dezoito Mãos de Lo Han" (Lo Han foi um famoso discípulo de Buda). Esses ensinamentos foram reunidos em um só e os monges logo se descobriram capazes de se defender contra os muitos bandidos nômades que os consideravam uma presa fácil. Os ensinamentos de Bodhidharma são reconhecidos pelos historiadores como a base de um estilo de arte marcial chamado Shaolin Kung Fu. Diferentes estilos de Kung Fu se desenvolveram quando as personalidades e as nuanças dos monges emergiram. Haviam dois templos Shaolin, um na província de Honan e outro em Fukien. Entre 840 e 846 A.D., ambos os templos, assim como muitos milhares de templos menores, foram saqueados e queimados. Isto foi supervisionado pelo Governo Imperial Chinês, que na época tinha uma política de perseguição e importunação sobre os Budistas. Os templos de Honan e Fukien foram mais tarde reconstruídos somente para serem destruídos por completo pelos Manchus durante a Dinastia Ming de 1368 a 1644 A.D. Somente cinco monges escaparam, todos os outros foram massacrados pelo imenso exército Manchu. Os cinco sobreviventes tornaram-se conhecidos como "Os Cinco Ancestrais". Eles vagaram por toda China, cada um ensinando sua própria forma de Kung Fu. Considera-se que este fato deu origem aos cinco estilos básicos de Kung Fu: Tigre, Dragão, Leopardo, Serpente e Grou. Como cidadãos chineses emigraram para as ilhas de Okinawa, novos sistemas se desenvolveram. O nome genérico dado às formas de luta de Okinawa foi "Te", que significa "mão". Haviam três principais núcleos de "Te" em Okinawa. Estes núcleos eram as cidades de Shuri, Naha e Tomari. Conseqüentemente os três estilos básicos tornaram-se conhecidos como Shuri-te, Naha-te e Tomari-te. O primeiro deles, Shuri-te, veio a ser ensinado por Sakugawa (1733-1815), que ensinou Sokon "Bushi" Matsumura (1796-1893), e que por sua vez ensinou Anko Itosu (1813-1915). Foi Itosu o responsável pela introdução da arte nas escolas públicas de Okinawa. Shuri-te foi o precursor dos estilos japoneses que eventualmente vieram a se chamar Shotokan, Shito Ryu e Isshin Ryu. Naha-te tornou-se popular devido aos esforços de Kanryo Higaonna (1853-1916). O principal professor de Higaonna foi Seisho Arakaki (1840-1920) e seu mais famoso aluno foi Chojun Miyagi (1888-1953). Miyagi também foi à China para estudar. Ele mais tarde desenvolveu o estilo conhecido hoje por Goju Ryu. Tomari-te foi desenvolvido juntamente por Kosaku Matsumora (1829-1898) e Kosaku Oyadomari (1831-1905). Matsumora ensinou Chokki Motobu (1871-1944) e Oyadomari ensinou Chotoku Kyan (1870-1945) - dois dos mais famosos professores da época. Até então Tomari-te era largamente ensinado e influenciou tanto Shuri-te como Naha-te. Fonte: www.meusite.pro.br 12 Home História do Karatê << voltar KARATE A Alimentação O Karate Do Mais sobre o Karatê A palavra Karate significa "mãos vazias" (kara - vazia / te - mãos), mas o karate (assim como outras artes marciais japonesas) ultrapassa a questão de arte marcial, e passa a ser um caminho para o desenvolvimento espiritual, sendo acrescentado ao nome a palavra "Do" que significa "caminho". Sendo assim, Karate-Do significa "caminho das mãos vazias". O Karatê é uma arte marcial originada a partir das técnicas de defesa sem armas de Okinawa, e tem como base a filosofia do Budo japonês. Através de muito trabalho e dedicação, ele busca a formação do caráter de seu praticante e o aprimoramento da sua personalidade. Cada pessoa pode ter objetivos diferentes ao optar pela prática do Karatê, que devem ser respeitados. Cada um deverá ter a oportunidade de atingir suas metas, sejam elas tornar-se forte e saudável, obter autoconfiança e equilíbrio interior ou mesmo dominar técnicas de defesa pessoal. Contudo, não deve o praticante fugir do real objetivo da arte. Aquele que só pensa em si mesmo, e quiser dominar técnicas de Karatê somente para utilizá-las numa luta, não está qualificado para aprendê-lo, afinal, o Karatê não é somente a aquisição de certas habilidades defensivas, mas também o domínio da arte de ser um membro da sociedade bom e honesto. Integridade, humildade e autocontrole resultarão do correto aproveitamento dos impulsos agressivos e dos instintos primários existentes em todos os indivíduos. O objetivo do Karatê é a perfeição da mente e do corpo! O Karatê contribui para a formação integral do homem. Isso o diferencia daqueles que fazem do Karatê uma prática puramente esportiva. "Tradição é um conjunto de valores sociais que passam de geração à geração, de pai para filho, de mestre para discípulo, e que está relacionado diretamente com crescimento, maturidade, com o indivíduo universal." [Johannes] O Karatê é uma arte que vem se aperfeiçoando a mais de mil anos, não é apenas um esporte onde se trocam socos e pontapés, é uma filosofia de vida que ensina através do exercício físico. Não é só defesa pessoal, através da prática, você fortalece o físico, desenvolve a mente, lapida o espírito e com isso consegue viver em harmonia com o universo. Do significa caminho, por isso quando se fala em Karate do, significa seguir o caminho do Karate, aplicando seus princípios em qualquer momento na vida para transpor os obstáculos. Dojo Kun (Os cinco princípios éticos do Karate) (UN) Esforçar-se para a formação do caráter (UN) Criar intuito de esforço (UN) Respeitar acima de tudo (UN) Conter o espírito de agressão (UN) Fidelidade para com o verdadeiro caminho da razão Rei e Setsu O Rei é, acima de tudo, o desejo de respeitar a dignidade humana e mostrar este respeito. É o caminho para melhorar o relacionamento entre indivíduos, o qual, em retorno, é um fator na ordem social de cada um. Setsu é a forma de expressar este conceito. Aqueles que praticam o Karate do, devem aprofundar seus entendimentos sobre o espírito do Rei e, em todas as relações humanas, devem observar de forma precisa as regras do Setsu. Okinawa Shorin ryu Karate Do Informações Históricas ........Em 1609 Okinawa foi invadida pelo clã de Satsuma, que proibiu os habitantes locais de portarem armas, o que mais recentemente contribuiu para o desenvolvimento do Tode , nome pelo qual era conhecido o Karate antigamente. ........O Tode , ou Okinawa Te se dividia em três estilos o Shuri Te, o Naha Te e o Tomari Te. Do Shuri Te e do Tomari Te foi desenvolvido o atual Shorin ryu, e do Naha Te o Goju ryu. ........A linhagem do estilo Shorin fica mais clara a partir do século 17, onde surgem os nomes dos mestres precursores do Karate moderno Peichin Takahara Sakugawa Sokon Matsumura Anko Itosu Choshin Chibana Ginshin Funakoshi Fundador do estilo Shotokan Webmaster: profemilson@uol.com.br KARATE Karatê Moderno O Karate Do Voltar O Kimono Hoje em dia, novos conceitos surgiram, e o Karatê passou a ser analisado também sobre os seguintes aspectos: Filosofia (Budo): A filosofia do Budo se traduz pela busca constante do aperfeiçoamento, autocontrole e na contribuição pessoal para a harmonização do meio onde se está inserido. A famosa expressão do Mestre Funakoshi - "Karatê Ni Sente Nashi" - explica claramente o objetivo do Karatê, ou seja, conter, controlar o espírito de agressão. O Karatê se caracteriza por procedimentos de respeito e de etiqueta. Esse propósito de "anti-violência" pode ser muito bem expresso através do seguinte ensinamento: "Se o adversário é inferior a ti, então por que brigar? Se o adversário é superior a ti, então por que brigar? Se o adversário é igual a ti, compreenderá, o que tu compreendes... então não haverá luta. Honra não é orgulho, é consciência real do que se possui." A filosofia do Budo sempre deu muita importância à percepção e à sensibilidade, uma vez que as técnicas que nela se baseiam, visam essencialmente: à conquista da estabilidade e da autoconfiança, através de treino rigoroso e vida disciplinada; ao desenvolvimento da intuição, no sentido de perceber o ataque do adversário antes mesmo do início do seu movimento e da capacidade de analisar o adversário, para prevenir-se contra surpresas; à formação de hábitos de saúde, como o uso da meditação Zen e a respiração com o diafragma. Defesa pessoal: O Karatê é um método eficiente de defesa pessoal, na qual braços e pernas são treinados sistematicamente, de modo que possibilite ao lutador de Karatê se defender de qualquer tipo inimigo. Porém, não deve o praticante se precipitar. É muito comum que o principiante de Karatê, notando seu rápido progresso, seja levado por uma onda de impetuosidade, sentindo a necessidade de por em prática os seus conhecimentos adquiridos. Esta idéia distorcida deve ser sanada a tempo para que não venha a afastá-lo do real objetivo da arte. A prática do Karatê é um caminho longo e requer anos de muita dedicação. A experiência mostrará que antecipar e evitar é uma atitude mais sábia do que o confronto físico em si. Por isso, o treinamento do Karatê como defesa pessoal se divide em três etapas: Percepção (captar a intenção do adversário); Reação (decidir a atitude a ser tomada); Ação (execução) Este tipo de treinamento permite ao praticante, numa situação de perigo, fazer uma real avaliação da causa, discernir o melhor modo de agir, e tomar uma atitude consciente. O verdadeiro valor do Karatê não está em sobrepujar os outros pela força física. Nesta arte marcial não existe agressão na sua extensão, e sim nobreza de espírito, domínio da agressividade, modéstia e perseverança. Mas, quando for necessário, fazer a coragem de enfrentar milhões de adversários vibrar no seu interior. Saúde: Entende-se como "saúde" o bem-estar físico, mental e espiritual do ser humano, e não somente o estado de "ausência de doenças". O Karatê é tido como um vetor de saúde, pois proporciona ao seu praticante: Aptidão física total: - força - resistência - razoável flexibilidade articular - sistema cardiovascular com bom nível de capacidade aeróbica Adequação psicossocial: - desenvolvimento moral - sensação de bem-estar - redução dos níveis de ansiedade - autoestima - melhoria da imagem física de si mesmo - autoconhecimento Os benefícios da prática correta Muitos são os benefícios que podem ser obtidos da prática correta do Karatê e aqui passamos a enumerar alguns deles: Manutenção da saúde e fortalecimento do físico. Estímulo à coragem para enfrentar obstáculos. Respeito aos outros, bons costumes em relação ao meio ambiente, equilíbrio, boa postura e respiração correta, que são estimulados pelos rituais tradicionais. Incentivo ao aperfeiçoamento pessoal no sentido de tentar vencer os próprios limites, como os do medo, da desconfiança, da preguiça, da indecisão, etc. Empenho e dedicação, exigindo o máximo do corpo e da mente, treinando com paciência e perseverança até fazer desses objetivos um hábito. Estabilidade emocional. A situação de luta colabora eficazmente para sua conquista. Qualquer descontrole de emoções tem imediata repercussão no rendimento e na performance. Por isso é preciso dedicar-se com empenho, para conseguir a necessária serenidade. O Karatê na educação e formação da criança No mundo de hoje, valores como disciplina, respeito e companheirismo são muitas vezes deixados de lado. Pai e mãe frequentemente trabalham e, às vezes, não têm condições de ajudar a construir estes valores na criança por não estarem sempre em contato com os filhos que, normalmente, passam seus dias em frente de uma televisão ou em contato com companhias inadequadas. Além disso, as escolas geralmente priorizam o aspecto intelectual, dando menos ênfase aos fundamentos da educação moral cujos ensinamentos estão voltados para o comportamento disciplinar e social. A prática do Karatê sob a orientação de instrutores qualificados trará benefícios inestimáveis para a criança, pois se ela for bem orientada e motivada, será um grande passo para se evitar o aparecimento de certos vícios (como o uso de drogas, por exemplo) nocivos à saúde. Nesse sentido, podemos dizer que a prática correta do Karatê auxilia enormemente na educação, formação e desenvolvimento da criança. Ela aprende a respeitar, prestar atenção e a se relacionar com os outros. Com relação ao aspecto físico, ela estará sempre se exercitando, o que proporcionará um melhor desenvolvimento corporal, contribuindo para uma vida saudável em todos os aspectos. A competição no Karatê As competições não são o objetivo final do Karatê. Elas são um meio para que o praticante faça sua autoavaliação técnica e emocional. Não importa que o indivíduo ganhe ou perca, o relevante é o seu crescimento como praticante e como pessoa. O que se analisa e se exige dos lutadores em uma competição de Karatê é a eficiência na execução dos movimentos, ou seja, a dinâmica corporal utilizada para se aplicar os golpes, e não tão somente a velocidade ou o contato. Isso exige um grande domínio físico (postura, força) e mental (kime, zanshin) por parte do lutador. "Perder-se na beleza dos movimentos ou apenas buscar pontos numa luta não levam à perfeição!" [Nakayama] Por isso, numa competição de Karatê não existe divisão de pesos. O lutador cujo físico é pequeno poderá vencer o grande, se for treinado de maneira correta. Ele deverá estar preparado para enfrentar qualquer adversário, seja qual for o seu tamanho. As modalidades de competição são: Kata - execução de sequências pré-determinadas de defesa e ataque, com aplicações (para equipes). Kumite - combate individual ou por equipes. Enbu - teatro marcial; aplicação dinâmica das técnicas de Karatê (em duplas). Fuku Go - disputa individual que engloba Kata e Kumite (alternando a cada rodada). Webmaster: profemilson@uol.com.br Kata Os 26 kata Os Kata, são o início e o fim do Karatê. Podemos dizer que são a essência dessa arte marcial, que ensina a auto defesa com naturalidade e desembaraço. Um Kata nada mais é do que um segmento de movimentos de Karatê codificados com esmero, executados na mesma maneira e nas mesmas direções. É na execução do Kata que podemos notar o progresso que obtivemos. Para a obtenção de graus e faixas é necessário o seu teste. Nesta fase é incrível para quem assiste, ver um só homem num combate contra vários adversários. Esta é a impressão que se tem..! Os Kata Ler mais sobre Kata As técnicas fundamentadas no Karatê são combinadas de maneira lógica nos Kata. Desde os tempos antigos os Kata constituem o núcleo do karatê tendo sido desenvolvidos e aperfeiçoados pelos antigos mestres através do treinamento e da esperiência. Através da prática do kata, o karateka pode desenvolver seu físico, já que eles tem que ser executados com vigor e decisão. A execução de cada Kata faz acompanhada de uma predeterminada linha de atuação (embusen), exemplo o embusen do reian Shodan é em forma de I. Através dos kata o karateka pode aprender a arte da autodefesa, possibilitando-lhe passar por uma situação perigosa com naturalidade e desembaraço, mas o grau de habilidade é fator determinante. As características de cada Kata são: Para cada kata, o número de movimentos é fixado, eles tem que ser executados na ordem correta. O primeiro movimento e o último movimento de cada Kata tem de ser executados no mesmo ponto da linha de atuação, ela tem formas variadas, dependendo do Kata, como linha reta, forma de T, forma de I, e assim por diante. Há Kata que precisam ser aprendidos e outros que são opcionais. Os primeiros são os cinco Kata Heian e os três Kata Tekki. Os últimos são: Bassai, Kanku, Empi, Hangetsu, Jitte, Gankaku e jion. Os outros Kata são: Meikyo, Chinte, Nijushiho, Gojushiho, Hyakuhachiho, Sanchin, Tensho, Unsu, Sochin e Seienchin. Para executar dinamicamente um Kata, três regras devem ser lembradas e observadas: 1. o uso correto da força; 2. a velocidade do movimento, lento ou rápido; 3. a expansão e contração do corpo. Abeleza, a força e o ritmo do Kata dependem desses três fatores. No início e término do Kata, a pessoa faz uma inclinação. Isso faz parte do Kata. Ao fazer sucessivos exercícios de Kata, incline-se no começo e ao terminar o último kata. No Shotokan atualmente são praticados 26 kata Webmaster: profemilson@uol.com.br Historia do Karate No começo, a maioria dos alunos não é consciente do estilo de Karate que pratica, até algum tempo depois. Uma vez que o aluno progrediu de um nível baixo a um mais avançado, começa a compreender a "política" existente entre os diversos estilos. Facilmente, existem uns cinquenta estilos de Karate no Ocidente. O curioso de tudo isto é que o Karate realmente nasceu de três estilos diferentes que havia na ilha de Okinawa. Além disso, cabe destacar que os três estilos desenvolveram-se partindo de um só, o estilo nativo conhecido como "Te" que significa "mão". Existem mais de trinta estilos autorizados ou reconhecidos no Japão e Okinawa. Ainda quando na sua maioria estes estilos tenham sido criados em Okinawa, outros foram desenvolvidos no Japão, por indivíduos que viajaram à China para completar seu treinamento. Por tanto, afirmar que todos os estilos de Karate são originários de Okinawa não é certo, ainda quando a maioria tenha origens nesta pequena ilha. . Te A Arte Marcial simplesmente conhecida como Te, é um dos sistemas de combate de Okinawa. Devido à proibição de armas imposta pelos governantes japoneses à povoação de Okinawa, no século XVI, o Te desenvolveu-se como método de defesa pessoal. O Te considerado como uma Arte completamente autóctona da ilha, mas reconhece-se a influência de outros países orientais, especialmente da China. Um dos primeiros Mestres reconhecidos desta forma de combate à mão vazia, foi Shungo Sakugawa (1733-1815) O qual recebeu sua instrução directamente de um monge de nome Peichin Takahara. Sakugawa ensinou a Arte Marcial a Soken Matsumura, um dos maiores artistas marciais da história. Enquanto que a raiz da maioria dos estilos de Karate que desenvolveram-se em Okinawa, encontra-se na conexão SakugawaMatsumura, muitos outros estilos foram criados sem a influência de um ou de outro. Na Okinawa do século XVIII, desenvolveram-se três centros importantes de estudo do Karate. Um deles ficava situado na antiga capital de Shuri, onde viviam os nobres e a família real. Um outro formou-se em Naha, o principal porto da ilha. O terceiro em Tomari. Cada uma destas cidades desenvolveu eventualmente seu próprio estilo. Shuri-Te Sakugawa, que está considerado como um dos primeiros Mestres de Te, também foi considerado como um dos primeiros Mestres de Shuri-Te, devido a viver nesta cidade. Sakugawa contava quase 70 anos de idade quando uma criança de nome Matsumura começou a treinar com ele. Matsumura tornou-se o melhor aluno de Sakugawa e depois da morte do Mestre, Matsumura chegou a ser o melhor instrutor de Shuri-Te. Sua influência originou a maioria dos diferentes estilos de Karate existentes hoje em dia. Tomari-Te Tomari fica perto da pequena povoação de Kumemura (Cidade Kume), que era habitada por grande números de militares treinados em diferentes estilos de Artes Marciais. Entre todos estes estilos havia sistemas "duros", descendentes do Templo Shaolin, assim como outros estilos "internos", que provinham de outros lugares da China. Enquanto o Shuri-Te foi influenciado principalmente pelos estilos "duros" de Shaolin, o Tomari-Te teve influências tanto dos estilos "duros" como dos "suaves". Um dos principais Mestres de Tomari-Te foi Kosaku Matsumora, que ensinava o estilo sempre à porta fechada e em segredo. No entanto, só uns poucos estudantes de Matsumora chegaram a conseguir um nível suficientemente notável para transmitir a Arte. Outro importante instrutor de Tomari-Te foi Kohan Oyadomari, o primeiro instrutor do grande Chotoku Kyan. Naha-Te Dos três estilos significativos daquela época em Okinawa, o Naha-Te era o estilo mais influenciado pelos sistemas "internos" chineses e o que menos contacto tivera com a tradição Shaolin. O maior Mestre de Naha-Te foi Kanryo Higashionna. Parece provado que Higashionna tenha estudado o estilo Shuri-Te com Matsumura, mas apenas durante um curto período. Higashionna era ainda muito jovem quando foi morar na China, onde permaneceu durante muitos anos. Quando regressou a Naha, abriu uma escola na qual destacavam padrões de movimentos respiratórios muito usados nos estilos "internos" chineses. Higashionna teve muitos bons alunos, os quais chegaram a ser famosos por eles mesmos, entre os que encontram-se Chojun Miyagi e Kenwa Mabuni. Shorin Ryu O Shuri-Te e o Tomari-Te fusionaram-se para fazer-se um só estilo denominado Shorin Ryu, que reconhece a influencia do Templo Shaolin. "Shorin" é a palavra chinesa para Shaolin. Foi na época de Sumura quando as duas formas se juntaram. Um dos maiores expoentes deste novo estilo foi Yatsutsume (Anko) Itosu, um dos melhores alunos de Matsumura. Shorei Ryu No momento de maior popularidade de Higashionna, o Naha-Te começou a ser conhecido como Shorei Ryu. Durante este mesmo período, o estilo começou a tomar uma nova direcção e transformou-se num estilo de combate puramente "interno". Isto foi devido em grande parte à influência de Choki Motobu. Apesar do estilo de Motobu ser considerado Naha-Te, na realidade não tinha nada a ver com Higashionna. Quando Motobu transformou-se em líder do Shorei Ryu, começou a orientar seu desenvolvimento numa outra direcção, principalmente por ter treinado com Anko, do estilo Shuri-Te e também com Matsumora, do estilo Tomari-Te. Motobu teve grande reputação como lutador nas ruas e como instrutor de Karate. Shotokan O fundador do Karate Shotokan foi aluno de Yasutsune Itosu e de seu bom amigo Yasutsune Azato. Itosu aprendeu seu estilo de Karate de Sooken Matsumura, enquanto que Azato foi treinado pelo instrutor de Tomari-Te, Kosaku Matsumora. Por tanto, Funakoshi treinara extensamente em Shorin Ryu e em Shorei Ryu. Devido à sua relação com estes dois grandes instrutores, Funakoshi teve ocasião de treinar também com outros mestres importantes. Quando Funakoshi foi viver para Tóquio em 1930, fundou o estilo Shotokan. Shotokan traduz-se como a escola de "Shoto", porque o nome de batismo de Funakoshi era "Shoto". Funakoshi encontrava-se na vanguarda quando a diversidade dos estilos de Karate transformaram-se em moda. Por não ser considerado partidário da especialização em apenas um estilo de Karate, sua influência ajudou em muito a provocar esta proliferação. Shito Ryu Enquanto Funakoshi treinava com ltosu, um de seus amigos e companheiros de aula era Kenwa Mabuni. Mabuni eventualmente, resolveu treinar num estilo diferente de Karate e viajou a Naha para treinar com Higashionna. Mabuni ficou com Higashionna durante muitos anos e inclusivamente treinou, ainda que por pouco tempo, com Chojun Miyagi. Miyagi regressara de seus treinamentos na China e a intenção de Mabuni era aprender dele as técnicas novas que ali tivesse aprendido. Como Funakoshi, Mabuni mudou-se para o Japão e fundou o Shito Ryu. Shito era uma combinação dos nomes dos seus dois Mestres, Higa[shi]onna e I[to]su. Mabuni ensinava uma combinação do estilo puro e lineal do Shuri-Te de Itosu e do estilo suave e circular de Naha-Te. Seu sistema de Shito Ryu está considerado como um dos sistemas mais praticados no Japão. Goju Ryu O Naha-Te que ensinava Higashionna, com o tempo, mudou seu nome para Shorei Ryu e começou a parecer-se aos estilos que tem origem no Templo Shaolin. O estilo original de Higashionna estava influenciado por um sistema de combate que existiu na China antes da tradição de Shaolin e era um pouco mais suave que o Shorin Ryu. O estudante de Higashionna, Chojun Miyagi, queria ensinar um estilo similar aquele que ensinava seu instrutor e seguindo as recomendações de seu Mestre, resolveu viajar à China para completar seu treinamento. Ali, concentrou-se no estudo de diferentes sistemas internos e técnicas de respiração. Miyagi regressou a Naha e depois de vários anos, viajou ao Japão para ensinar na antiga capital de Tóquio. A Arte de Miyagi evolui do Naha-Te que aprendera de Higashionna até aquilo que em 1929, Miyagi denominou Goju Ryu, cujo significado é "Duro" (Go) e "Suave" (Ju). Foi a combinação desta arte suave e dura o que fez do Goju Ryu um dos sistemas mais praticados na actualidade. Um dos melhores alunos de Miyagi foi Gogen Yamaguchi "O Gato". Wado Ryu Quando Gichin Funakoshi realizava demostrações, normalmente era acompanhado do seus melhores alunos. O estudante que mais ajudou Funakoshi nas suas demostrações foi Hironori Otsuka, que começou a treinar com Funakoshi em 1926. A começos dos anos 30, Otsuka era considerado um dos melhores praticantes de Karate do Japão. É curioso assinalar o facto de que quando Otsuka fez-se aluno de Funakoshi, já era um Mestre de Shindo Yoshin Ryu Jujitsu, mas deixou de parte seu estilo para treinar com Funakoshi. Depois de treinar durante mais de dez anos com Funakoshi, de repente Otsuka deixou de treinar com Funakoshi e começou a estudar outros estilos de Karate, durante curtos períodos. Existem provas de ter inclusivamente treinado com Choki Motobu, antes de estabelecer-se por sua conta. Em 1939, Otsuka fundou o Karate Wado Ryu (Wa significa "harmonia" e Do "caminho ou via"). Otsuka combinou o Karate que aprendera com Funakoshi com seu próprio estilo Yoshin Ryu Jujitsu, para desenvolver um sistema muito mais suave que o resto dos estilos. Seus treinamentos priorizam a perfeição da mente à perfeição da técnica. O Wado Ryu fez-se um estilo muito popular em todo o mundo. Kyokushinkai O Kyokushinkai é na actualidade um dos estilos de Karate mais duros. Seu fundador, o Mestre Masutatsu Oyama, começou seu treinamento em Shotokan num colégio militar, à idade de 14 anos. Na realidade, Oyama era um Coreano de nome Yee Hyung, mas mudou de nome quando foi viver para o Japão. Oyama foi recrutado para o exército Imperial em 1941, depois de apenas dois anos de treinamento com Funakoshi. Depois da guerra, treinou com Chojun Miyagi e pouco depois, resolveu viver retiradamente e viajou à Montanha Kiyosumi, onde viveu isolado por mais de um ano e meio. Oyama tentou estabelecer sua própria escola mas não obteve muito êxito. No entanto, com o tempo sua prática de matar toiros com apenas um golpe de mão, proporcionou-lhe muita fama. Em 1952, Oyama viajou aos Estados Unidos para dar a conhecer o seu estilo. Aceitou todos os desafios e jamais perdeu um combate, acabando com a maioria de seus adversários por K.O. Quando Oyama regressou ao Japão, fundou o Kyokushinkai. O Kyokushinkai dá prioridade ao combate descontrolado para ajudar os alunos a vencer o medo. Os competidores não usam equipamentos de protecção nos campeonatos e a maioria dos combates acabam com um K.O. Outra característica importante do Kyokushinkai são os exercícios de rompimento. Aos aspirantes a Cinto Preto são exigidos os teste de quebra. Isshin Ryu O fundador do Isshin Ryu, Tatsuo Shimabuku aprendeu Karate com diferentes instrutores de diferentes estilos. Estudou Goju Ryu com Chojun Miyagi, depois Shorin Ryu com Chotoku Kyan e finalmente Shorei Ryu com o Mestre Choki Motobu. Foi durante a Segunda Guerra Mundial quando Shirnabuku ganhou fama corno instrutor. os oficiais japoneses estavam tão impressionados com os seus métodos de ensino que evitaram que fosse à guerra, para continuar a treinar com ele. Depois da derrota dos japoneses, as forças americanas de ocupação em Okinawa mostraram-se muito interessadas pelo Karate de Shimabuku e muitos soldados americanos foram treinar com ele. Alguns dos melhores alunos de Shirnabuku eram americanos, entre eles contavam-se Steve Armstrong, Harold Mitchum e Don Nagel. Armstrong estava tão impressionado com Shimabuku que conseguiu do governo americano que lhe pagassem cinco dólares mensais, por cada soldado americano que treinasse com ele. Em 1954, Shimabuku fundou o estilo lshshin Ryu, que significa "O estilo de um só coração". Motobu Ryu A família Motobu era nobre e praticava uma Arte Marcial considerada tão efectiva como mantida em absoluto segredo. Só o primogénito tinha o direito de aprender a Arte da família. Choki Motobu era o terceiro filho e desejava desesperadamente aprender o estilo de sua família, mas não foi autorizado. Por muito que espreitasse seu irmão mais velho e seu pai, Choki jamais aprendeu o suficiente nem para poder defender-se na rua. Por este motivo, foi aprender com outros. O irmão mais velho, Choyu, era o verdadeiro Mestre da família. Por volta de 1940, Choyu acabou com a tradição e ensinou a Seikichi Uehara a sua Arte. Uehara fundou o Karate Motobu Ryu em 1961. Apesar de seu estilo ter esse nome em honra de Choyu Motobu, na realiade não é idêntico aquele ensinado na família. Uechi Ryu Surpreendentemente, o Karate Uechi Ryu nunca esteve influenciado por Shungo Sakugawa, nem por Soken Matsumura ou Kanryo Higashionna. Este estilo é considerado um rebento do Naha-Te, devido à origem e influências similares. O fundador deste estilo foi Kanbum Uechi, um nativo de Okinawa que viajou à China e estabeleceu amizade com o monge Chou Tzu Ho, o qual ensinou-lhe um estilo similar ao que Higashionna aprendera. Este estilo chamava-se Pangai Noon, que significa "metade duro, metade suave". Depois de quase quinze anos vivendo na China, Uechi voltou a Okinawa, mas nunca com a intenção de ensinar Artes Marciais. Apesar de muitos conhecerem a sua reputação como Mestre, levaram mais de 17 anos para conseguir convencer Kanbum Uechi a ensinar. Ao princípio, Uechi denominou a sua arte Pangai Noon, mas con o tempo mudou o nome para Uechi Ryu, a fim de evidenciar suas próprias inovações. Infelizmente, o estilo só chegou a ser popular depois da morte de Uechi. Seu filho Kanei, continua a ensinar a sua Arte e hoje é um dos estilos mais populares de Okinawa. Shorinji Ryu O Karate Shorinji Ryu foi fundado depois da guerra por Hisataka e seu filho Masayuki. "Shorinji" é a tradução japonesa de "templo Shaolin". Kori Hisataka desenvolveu este sistema com a intenção de iniciar um estudo profundo do ensino original do Templo de Shaolin. Também estava influenciado pelo Shorinji Kempo, um estilo criado por monges de Shaolin. Historia do Karate No começo, a maioria dos alunos não é consciente do estilo de Karate que pratica, até algum tempo depois. Uma vez que o aluno progrediu de um nível baixo a um mais avançado, começa a compreender a "política" existente entre os diversos estilos. Facilmente, existem uns cinquenta estilos de Karate no Ocidente. O curioso de tudo isto é que o Karate realmente nasceu de três estilos diferentes que havia na ilha de Okinawa. Além disso, cabe destacar que os três estilos desenvolveram-se partindo de um só, o estilo nativo conhecido como "Te" que significa "mão". Existem mais de trinta estilos autorizados ou reconhecidos no Japão e Okinawa. Ainda quando na sua maioria estes estilos tenham sido criados em Okinawa, outros foram desenvolvidos no Japão, por indivíduos que viajaram à China para completar seu treinamento. Por tanto, afirmar que todos os estilos de Karate são originários de Okinawa não é certo, ainda quando a maioria tenha origens nesta pequena ilha. . Te A Arte Marcial simplesmente conhecida como Te, é um dos sistemas de combate de Okinawa. Devido à proibição de armas imposta pelos governantes japoneses à povoação de Okinawa, no século XVI, o Te desenvolveu-se como método de defesa pessoal. O Te considerado como uma Arte completamente autoctonia da ilha, mas reconhece-se a influência de outros países orientais, especialmente da China. Um dos primeiros Mestres reconhecidos desta forma de combate à mão vazia, foi Shungo Sakugawa (1733-1815) O qual recebeu sua instrução diretamente de um monge de nome Peichin Takahara. Sakugawa ensinou a Arte Marcial a Soken Matsumura, um dos maiores artistas marciais da história. Enquanto que a raiz da maioria dos estilos de Karate que se desenvolveram em Okinawa, encontra-se na conexão Sakugawa Matsumura, muitos outros estilos foram criados sem a influência de um ou de outro. Na Okinawa do século XVIII, desenvolveram-se três centros importantes de estudo do Karate. Um deles ficava situado na antiga capital de Shuri, onde viviam os nobres e a família real. Um outro se formou em Naha, o principal porto da ilha. O terceiro em Tomari. Cada uma destas cidades desenvolveu eventualmente seu próprio estilo. Shuri-Te Sakugawa, que está considerado como um dos primeiros Mestres de Te, também foi considerado como um dos primeiros Mestres de Shuri-Te, devido a viver nesta cidade. Sakugawa contava quase 70 anos de idade quando uma criança de nome Matsumura começou a treinar com ele. Matsumura tornou-se o melhor aluno de Sakugawa e depois da morte do Mestre, Matsumura chegou a ser o melhor instrutor de Shuri-Te. Sua influência originou a maioria dos diferentes estilos de Karate existentes hoje em dia. Tomari-Te Tomari fica perto da pequena povoação de Kumemura (Cidade Kume), que era habitada por grande número de militares treinados em diferentes estilos de Artes Marciais. Entre todos estes estilos havia sistemas "duros", descendentes do Templo Shaolin, assim como outros estilos "internos", que provinham de outros lugares da China. Enquanto o Shuri-Te foi influenciado principalmente pelos estilos "duros" de Shaolin, o Tomari-Te teve influências tanto dos estilos "duros" como dos "suaves". Um dos principais Mestres de Tomari-Te foi Kosaku Matsumora, que ensinava o estilo sempre à porta fechada e em segredo. No entanto, só uns poucos estudantes de Matsumora chegaram a conseguir um nível suficientemente notável para transmitir a Arte. Outro importante instrutor de Tomari-Te foi Kohan Oyadomari, o primeiro instrutor do grande Chotoku Kyan. Naha-Te Dos três estilos significativos daquela época em Okinawa, o Naha-Te era o estilo mais influenciado pelos sistemas "internos" chineses e o que menos contacto tivera com a tradição Shaolin. O maior Mestre de Naha-Te foi Kanryo Higashionna. Parece provado que Higashionna tenha estudado o estilo Shuri-Te com Matsumura, mas apenas durante um curto período. Higashionna era ainda muito jovem quando foi morar na China, onde permaneceu durante muitos anos. Quando regressou a Naha, abriu uma escola na qual destacavam padrões de movimentos respiratórios muito usados nos estilos "internos" chineses. Higashionna teve muitos bons alunos, os quais chegaram a ser famosos por eles mesmos, entre os que se encontram Chojun Miyagi e Kenwa Mabuni. Shorin Ryu O Shuri-Te e o Tomari-Te fusionaram-se para fazer-se um só estilo denominado Shorin Ryu, que reconhece a influencia do Templo Shaolin. "Shorin" é a palavra chinesa para Shaolin. Foi na época de Sumura quando as duas formas se juntaram. Um dos maiores expoentes deste novo estilo foi Yatsutsume (Anko) Itosu, um dos melhores alunos de Matsumura. Shorei Ryu No momento de maior popularidade de Higashionna, o Naha-Te começou a ser conhecido como Shorei Ryu. Durante este mesmo período, o estilo começou a tomar uma nova direção e transformou-se num estilo de combate puramente "interno". Isto foi devido em grande parte à influência de Choki Motobu. Apesar do estilo de Motobu ser considerado Naha-Te, na realidade não tinha nada a ver com Higashionna. Quando Motobu transformou-se em líder do Shorei Ryu, começou a orientar seu desenvolvimento numa outra direção, principalmente por ter treinado com Anko, do estilo Shuri-Te e também com Matsumora, do estilo Tomari-Te. Motobu teve grande reputação como lutador nas ruas e como instrutor de Karate. História do Karate Shotokan ?Alguém , cujo espírito e força mental, se fortaleceram através das lutas com uma atitude de nunca desanimar, não deve encontrar dificuldades em enfrentar nenhum desafio, por maior que ele seja. Alguém que suportou longos anos de sofrimento físico e agonia mental para aprender um soco ou um chute, deve ter condições de encarar qualquer tarefa, por mais difícil que ela seja, e de executá-la até o fim. Sem dúvida nenhuma, uma pessoa com essas características , aprendeu verdadeiramente o Karate-Do ." - Mestre Gichin Funakoshi. A história do Mestre Gichin Funakoshi se confunde com a própria história do Karate, por isso a ele é creditado o título de "pai do Karate moderno", devido aos seus esforços em divulgar essa arte para o mundo e torná-la acessível a todos. Gichin Funakoshi nasceu em 1869 em Shuri, distrito de Yamakawa-Cho, Okinawa, no mesmo ano da Restauração Meiji. Era filho único, e logo após o seu nascimento fora levado para a casa dos seus avós maternos, com quem foi educado e aprendeu poesias clássicas chinesas. Algum tempo depois ele começou a freqüentar a escola primária, onde conheceu outro garoto de quem ficou muito amigo. Esse garoto era filho de Yasutsune Azato, um dois maiores especialistas de Okinawa na arte do Karate, e membro de uma família das mais respeitadas. Logo Funakoshi começava a tomar suas primeiras lições de Karate. Na época a prática de artes marciais era proibida em Okinawa, e os treinos eram realizados à noite, no quintal da casa do Mestre Azato. Lá ele aprendia a socar, chutar, e mover-se conforme os métodos praticados naqueles dias. O treinamento era muito rigoroso. Mestre Azato tinha uma filosofia de treinamento que se chamava "Hito Kata San Nen", ou seja, "um Kata em três anos". Funakoshi estudava cada Kata a fundo, e então, apenas quando era autorizado pelo seu mestre, seguia para o próximo. Enquanto praticava no quintal de Azato com outros jovens, outro gigante do Karate, Mestre Itosu, amigo de Azato, aparecia e observava-os fazendo os Katas, tecendo comentários sobre suas técnicas. Era uma rotina dura que terminava sempre de madrugada sob a disciplina rígida do mestre Azato, do qual o melhor elogio se limitava a uma única palavra: "Bom!". Após os treinos, já quase ao amanhecer, Azato falava sobre a essência do Karate. Após vários anos, a prática do Karate deu grande contribuição para a saúde de Funakoshi, que fora uma criança muito frágil e doentia. Ele gostava muito do Karate, mas como não pensava que pudesse fazer dele uma profissão, inscreveu-se e foi aceito como professor de uma escola primária, em 1888, aos 21 anos, aproveitando toda sua cultura adquirida desde a infância quando seus avós lhe ensinavam os Clássicos Chineses. Esta deveria ser sua carreira a partir de então. Prestou exame na Escola de Medicina de Tóquio, no qual foi aprovado, mas devido a uma nova lei que proibia aos homens o porte do CHON MAGE (símbolo de virilidade e da maturidade) não pôde realizar seus estudos. E por esse motivo voltou-se para a pratica e estudo aprofundado do Karate , no qual se tornaria posteriormente seu representante máximo. Ele tinha uma personalidade marcante e alguns aspectos como natural benevolência, distinção de maneiras e ímpar gentileza e respeito a todos, além de uma energia forte, muita coragem, determinação e força mental altamente capacitada, o tornaram uma figura que, para muitos era sinônimo de alguém "mais que humano", um "tatsujin" (indivíduo fora do comum) ainda mais se contrastando suas virtudes com seu porte físico pequeno (1,67m. para 67 Kg.), sendo admirado por seus contemporâneos. No começo deste século, em 1902, durante a visita de Shintaro Ogawa, que era então inspetor escolar da prefeitura de Kagoshima, à escola de Funakoshi em Okinawa, foi feito uma demonstração de Karate. Funakoshi impressionou bastante devido ao seu status de educador. Ogawa ficou tão entusiasmado que escreveu um relatório ao Ministério da Educação elogiando as virtudes da arte. Foi então que o treinamento de Karate passou a ser oficialmente autorizado nas escolas. Até então o Karate só era praticado atrás de portas fechadas, mas isso não significava que fosse um segredo. As casas em Okinawa eram muito próximas umas das outras, e tudo que era feito numa casa era conhecido pelas outras casas adjacentes. Enquanto muitos autores pregam o Karate como sendo um segredo naquela época, ele não era tão secreto assim. O Karate era "oficialmente" secreto (do mesmo modo que os Estados Unidos nunca penetraram no Camboja durante a guerra do Vietnã). Contra os pedidos de muitos dos mestres mais antigos de Karate, que eram a favor de manter tudo em segredo, Funakoshi trouxe o Karate, com a ajuda de Itosu, até o sistema de escolas públicas. Logo, as crianças na escola estavam aprendendo os Katas como parte das aulas de Educação Física. A redescoberta da herança étnica em Okinawa era moda, então as aulas de Karate em Okinawa eram vistas como uma coisa legal. Alguns anos depois, o Almirante Rokuro Yashiro (na época Capitão) assistiu a uma demonstração de Kata. Essa demonstração foi feita por Funakoshi junto com uma equipe composta por seus melhores alunos. Enquanto ele narrava, os outros executavam Katas, quebravam telhas, e geralmente chegavam ao limite de seus pequenos corpos. Funakoshi sempre enfatizava o desenvolvimento do caráter e autodisciplina nas suas narrações durante essas demonstrações. Quando ele participava, gostava de executar o Kata Kanku Dai, o maior do Karate, e talvez o mais representativo. Yashiro ficou tão impressionado que ordenou a seus homens que iniciassem o aprendizado na arte. Em 1912, a Primeira Esquadra Imperial da Marinha ancorou na Baía de Chujo, sob o comando do Almirante Dewa, que selecionou doze homens da sua tripulação para estudarem Karate durante uma semana. Assine E-mail SAC Canais >




Foi graças a esses dois oficiais da Marinha que o Karate começou a ser comentado em Tokyo.












Os japoneses que viam essas demonstrações levavam as histórias sobre o Karate consigo quando voltavam ao Japão.












Pela primeira vez na sua história, o Japão acharia algo na sua pequena possessão de Okinawa além de praias bonitas e o ar puro.












Em 1921, o então Príncipe Herdeiro Hirohito, em viagem para Europa, fez escala em Okinawa e assistiu uma demonstração de Karate, liderada por Funakoshi, e ficou muito impressionado.












Por causa disso, no final desse mesmo ano, Funakoshi foi convidado para fazer uma demonstração de Karate em Tokyo, numa Exibição Atlética Nacional.












Ele aceitou imediatamente, acreditando ser esta uma ótima oportunidade para divulgar a arte.












Sua demonstração de Kata foi um sucesso.












Ele pretendia retornar logo para Okinawa mas, depois da exibição, Funakoshi foi cercado por pedidos para ficar no Japão ensinando Karate.












Uma das pessoas que pediu para que ele ficasse foi Jigoro Kano, o fundador do Judô e presidente do Instituto Kodokan.












Funakoshi resolveu ficar mais alguns dias para fazer demonstrações técnicas no próprio Kodokan.












Algum tempo depois, quando se preparava novamente para retornar a Okinawa, foi visitado pelo pintor Hoan Kosugi, que já tinha assistido a uma demonstração de Karate em Okinawa, e pediu que ele lhe ensinasse a arte. Mais uma vez sua volta foi adiada.












Funakoshi percebeu então que se ele quisesse ver o Karate propagado por todo o Japão ele mesmo teria que fazê-lo. Por isso resolveu ficar em Tokyo até que sua missão fosse cumprida.












Kosugi foi uma das pessoas que convenceram Funakoshi a ensinar Karate no Japão.












Ele também o convenceu a registrar todo o seu conhecimento em um livro e prometeu presenteá-lo com uma pintura para a capa.












Essa pintura, o Tora No Maki ("Tora" em japonês quer dizer tigre, e "Maki" em japonês quer dizer rolo ou enrolado), foi usada para ilustrar a capa do livro "Karate-Do Kyohan" para simbolizar força e coragem.












A irregularidade do círculo indica que provavelmente ele foi pintado com uma única pincelada.












O caracter ao lado da cauda do tigre (em cima à direita) é parte da assinatura do artista.












No Japão, Funakoshi foi ajudado por Jigoro Kano, o homem que reuniu tantos estilos diferentes de Ju Jutsu para criar o Judô.












Kano tornou-se amigo íntimo de Funakoshi, e sem sua ajuda nunca teria havido Karate no Japão.












Kano o introduziu as pessoas certas, levou-o às festas certas, caminhou com ele através dos círculos sociais da elite japonesa.












Mais tarde naquele ano, as classes mais altas dos japoneses se convenceram do valor do treinamento do Karate.












Funakoshi fundou um Dojo de Karate num dormitório para estudantes de Okinawa, em Meisei Juku.












Ele trabalhou como jardineiro, zelador e faxineiro para poder se alimentar enquanto ensinava Karate à noite.












Em 1922, fora escolhido para representar a arte de Okinawa em uma apresentação em Tóquio para demonstrar a arte do Karate.












Como já tinha mais de cinqüenta anos, não correspondia, ao mito do "budoka terrível" que o Japão procurava fazer sobreviver, na época, e mesmo assim a sua apresentação foi muito bem sucedida.












Muitos aspectos da personalidade de Funakoshi passaram a ser conhecidos através de histórias daqueles que conviviam com ele, como por exemplo Genshin Hironishi, seu discípulo que dizia que seu mestre se opunha às gerações vindas após a Segunda Guerra Mundial, pois continuava a seguir hábitos de sua época, anterior a Primeira Guerra Mundial.












Dizia ele que Funakoshi se recusava a freqüentar uma cozinha ou a pronunciar certas palavras japonesas modernas, existentes em sua época dizendo que sem elas passava muito bem.












Uma outra peculiaridade interessante em seu comportamento, é que a primeira coisa que ele fazia era sua toalete matinal que durava cerca de uma hora, durante a qual escovava seus cabelos com infinita paciência, quando então voltava-se em direção ao Palácio Imperial e o saudava com respeito inclinando-se, e após fazia a mesma saudação a Okinawa.












Depois desses rituais tomava o chá da manhã, e se reiterava de seus afazeres do dia.












Em 1922, a pedido do pintor Hoan Kosugi, ele publicou seu primeiro livro: "Ryukyu Kenpo Karate", um tratado nos propósitos e prática do Karate. Na introdução daquele livro ele já dizia que "...a pena e a espada são inseparáveis como as duas rodas de uma carroça".












O grande terremoto de Kanto, em 1º de setembro de 1923 destruiu as placas de seu livro, e levou alguns de seus alunos com ele.












Ninguém morreu com o tremor, os incêndios provocaram as mortes.












O terremoto ocorreu durante a hora do almoço, no momento em que cada fogão a gás no Japão estava ligado.












Os incêndios que ocorreram a seguir foram monstruosos, e maioria das vidas perdidas se deveu ao fogo.












Este livro teve grande popularidade e foi revisado e reeditado, quatro anos após o seu lançamento, com o título alterado para: "Rentan Goshin Karate Jutsu".












Em 1925, Funakoshi começou a pegar alunos dos vários colégios e universidades na área Metropolitana de Tokyo, e nos anos seguintes, esses alunos começaram a fundar seus próprios clubes e a ensinar Karate a estudantes destas escolas.












Como resultado, o Karate começou a se espalhar por Tokyo.












No início da década de 30 havia clubes de Karate em cada universidade de prestígio de Tokyo.












Mas por que estava Funakoshi conseguindo tantos jovens interessados em Karate desta vez?












O Japão estava fazendo uma Guerra de Colonização na Bacia do Pacífico.












Eles invadiram e conquistaram a Coréia, Manchúria, China, Vietnã, Polinésia, e outras áreas. Jovens a ponto de irem para a guerra vinham a Funakoshi para aprender a lutar, assim eles poderiam sobreviver ao recrutamento nas Forças Armadas Japonesas.












O seu número de alunos aumentou bastante.












Por volta de 1933, Funakoshi desenvolveu exercícios básicos para prática das técnicas em duplas.












Tanto o ataque de cinco passos "Gohon Kumite" como o de um "Ippon Kumite" foram usados.












Em 1934, um método de praticar esses ataques e defesas com colegas de um modo levemente mais irrestrito, semi-livre "Ju Ippon Kumite", foi adicionado ao treinamento.












Finalmente, em 1935, um estudo de métodos de luta livre (Ju Kumite) com oponentes finalmente tinha começado.












Até então, todo Karate treinado em Okinawa era composto basicamente de Katas.












Isso era tudo. Agora, os alunos poderiam experimentar as técnicas dos Katas uns com os outros sem causar danos sérios.












Nesta época, em 1935, foi publicado seu próximo livro: "Karate-do Kyohan".












Este livro trata basicamente dos Katas. Funakoshi era Taoísta, e ele ensinava Clássicos Chineses, como o Tao Te Ching de Lao Tzu, enquanto estava vivendo em Okinawa. Funakoshi era profundamente religioso.












Ele tinha muito medo de que o Karate se tornasse um instrumento de destruição, e provavelmente queria eliminar do treinamento algumas aplicações mortais dos Katas.












Então, ele parou de fazer essas aplicações.












Ele também começou a desenvolver estilos de luta que fossem menos perigosos. Funakoshi teve sucesso ao remover do Karate técnicas de quebras de juntas, de ossos, dedos nos olhos, chaves de cotovelo, esmagamento de testículos, criando um novo mundo de desafios e luta em equipe onde somente umas poucas técnicas seriam legais.












Ele fez isso baseado nos seus propósitos e com total conhecimento dos resultados.












Em 1936, Funakoshi mudou os caracteres Kanji utilizados para escrever a palavra Karate.












O caracter "Kara" significava "China", e o caracter "Te" significava "Mão".












Para popularizar mais a arte no Japão, ele mudou o caracter "Kara" por outro, que significa "Vazio".












De "Mãos Chinesas" o Karate passou a significar "Mãos Vazias", e como os dois caracteres são lidos exatamente do mesmo jeito, então a pronúncia da palavra continuou a mesma.












Além disso, Funakoshi defendia que o termo "Mãos Vazias" seria o mais apropriado, pois representa não só o fato do Karate ser um método de defesa sem armas, mas também representa o espírito do Karate, que é esvaziar o corpo de todos os desejos e vaidades terrenos.












Com essa mudança, Funakoshi iniciou um trabalho de revisão e simplificação, que também passou pelos nomes dos Katas, pois ele também acreditava que os japoneses não dariam muita atenção por qualquer coisa que tivesse a ver com o dialeto caipira (do interior) de Okinawa.












Por isso ele resolveu mudar não só nome da arte mas também os nomes dos Katas. Ele estava certo, e seus números cresceram mais ainda.












Funakoshi tinha 71 anos em 1939, e foi quando ele deu o primeiro passo dentro de um Dojo de Karate em 29 de Janeiro.












O prédio foi feito de doações particulares, e uma placa foi pendurada sobre a entrada e dizia: "Shotokan". "Sho" significa pinheiro.












"To" significa ondas ou o som que as árvores fazem quando o vento bate nelas.












"Kan" significa edificação ou salão. "Shoto" (ondas de pinheiro) era o pseudônimo que Funakoshi usava para assinar suas caligrafias quando jovem, pois quando ele ia escrevê-las se recolhia em um lugar mais afastado, onde pudesse buscar inspiração, ouvindo apenas o barulho dos pinheiros ondulando ao vento.












Esse nome dado ao Shotokan Karate Dojo foi uma homenagem de seus alunos.












Daí surgiu o nome de uma escola (estilo) que até hoje é cultivada em várias partes do mundo. SHOTO (pseudônimo de Funakoshi) e KAN (escola, classe). A "Escola de Funakoshi".












A necessidade de um treinamento nas artes militares estava em crescimento. Jovens estavam se amontoando no Dojo, vindos de todas as partes do Japão.












O Karate foi de carona nessa onda de militarismo e estava desfrutando de uma aceitação acelerada como resultado.












Finalmente o Japão cometeu um grande erro.












O bombardeio das forças navais americanas em Pearl Harbor a 7 de Dezembro de 1941 foi algo além da conta.












Numa tentativa de prevenir que as embarcações americanas bloqueassem a importação japonesa de matéria-prima, os japoneses tentaram remover a frota americana e varrer a influência Ocidental do próprio Oceano Pacífico.












O plano era bombardear os navios de guerra e os porta-aviões que estavam no território do Hawai.












Isto deixaria a força da América no Pacífico tão fraca que a nação iria pedir a paz para prevenir a invasão do Hawai e do Alasca.












Infelizmente, o pequeno Japão não tinha os recursos, força humana, ou a capacidade industrial dos Estados Unidos.












Com uma mão nas costas, os americanos destruíram completame

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nte os japoneses na Ásia e no Pacífico.












Uma das vítimas dos ataques aéreos foi o Shotokan Karate Dojo que havia sido construído em 1939.












Com a América exercendo pressão em Okinawa, a esposa de Funakoshi finalmente iria deixar a ilha e juntar-se a ele em Kyushu no Sul do Japão.












Eles ficaram lá até 1947.












Os americanos destruíram tudo que estava em seu caminho.












As ilhas foram bombardeadas do ar, todas as cidades queimadas até o fim, as colinas crivadas de balas pelos cruzadores de guerra de longe da costa, e então as tropas varreram através da ilha, cercando todo mundo que estivesse vivo.












A era dourada do Karate em Okinawa tinha acabado.












Todas as artes militares haviam sido banidas rapidamente pelas forças ocupantes americanas.












Primeiro uma, depois outra bomba atômica explodiram sobre as cidades de Hiroshima e Nagasaki.












Três dias depois, bombardeiros americanos sobrevoaram Tokyo em tal quantidade que chegaram a cobrir o Sol. Tokyo foi bombardeada com dispositivos incendiários.












Descobrindo que o governo do Japão estava a ponto de cometer um suicídio virtual sobre a imagem do Imperador, cartas secretas foram passadas para os japoneses garantindo sua segurança se eles assinassem sua "rendição incondicional".












O Japão estava acabado, a Guerra do Pacífico também, mas o pesadelo de Funakoshi ainda havia de acabar.












Nesta época, Gigo (também conhecido como Yoshitaka, dependendo como se pronunciava os caracteres do seu nome), filho de Funakoshi, um promissor jovem mestre de karate no seu próprio direito, aquele que Funakoshi estava contando para substituí-lo como instrutor do Shotokan, pegou tuberculose em 1945 e posteriormente veio a falecer, porque teimosamente recusava-se a comer a ração americana dada ao povo japonês faminto.












Funakoshi e sua esposa tentaram viver em Kyushu, uma área predominantemente rural, sob a ocupação americana no Japão.












Mas, em 1947, ela morre, deixando Funakoshi retornar a Tokyo para reencontrar seus alunos de Karate que ainda viviam.












Depois que a guerra havia acabado, as artes militares haviam sido completamente banidas.












Entretanto, alguns dos alunos de Funakoshi tiveram sucesso em convencer as autoridades que o Karate era um esporte inofensivo.












As autoridades americanas concederam então, a retomada da prática do Karate, porque não tinham idéia realmente do que era o Karate.












Também, alguns homens estavam interessados em aprender as artes militares secretas do Japão, então as proibições foram eliminadas completamente em 1948.












Em Maio de 1949, os alunos de Funakoshi movem-se para organizar todos os clubes de Karate universitários e privados numa simples organização, e eles a chamaram de Nihon Karate Kyokai (Associação Japonesa de Karate).












Eles nomearam Funakoshi seu instrutor chefe. Em 1955, um dos alunos de Funakoshi consegue arranjar um Dojo para a NKK.












Em 1957, Funakoshi tinha 89 anos de idade.












Ele foi um professor de escola primária e um estudante de karate.












Ele mudou-se para o Japão (e não é um pequeno ato de coragem) e trouxe o Karate consigo em 1922, dando ao Japão algo de Okinawa com seu próprio jeito pacifista.












No processo, ele perdeu um filho, sua esposa, o prédio que seus alunos fizeram para ele, seu lar, e qualquer esperança de uma vida pacífica.












Ele suportou uma Guerra Mundial que resultou em calamidade nacional, e ele treinou seus jovens amigos e conheceu suas famílias apenas para vê-los irem lutar e serem mortos pelas forças invencíveis dos Estados Unidos.












Ele viu o Japão queimar, ele viu os antigos templos e santuários serem totalmente aniquilados, ele viu bombardeiros enegrecerem o sol, e ele viu como um pilar de fumaça negra subia de cada cidade no Japão e envenenava o ar que ele respirava.












Ele viu o Japão cair da glória para uma nação miserável, dependendo de suprimentos de comida e roupas dos seus conquistadores.












O cheiro da fumaça e o cheiro dos mortos, os berros daqueles que foram deixados para morrer lentamente, o choro das mães que perderam seus filhos e esposas que nunca mais iria ver seus maridos, o medo, o ruído ensurdecedor dos bombardeiros B-29's voando sobre sua cabeça aos milhares, os clarões como os de trovões por todo o país quando as bombas explodiam em áreas residenciais, os flashes de luz na escuridão, a espera no rádio para poder ouvir a voz do Imperador pela primeira vez, somente para anunciar a rendição, a humilhação de implorar comida aos soldados... os intermináveis funerais e famílias arruinadas e lares destruídos. Tente e imagine o que ele suportou!












A lição mais importante que ele nos ensinou está expressa em uma de suas histórias narradas por um de seus discípulos.












Uma vez quando passava pelo Dojo principal de Jigoro Kano, "o fundador do Judo", ao caminhar pela rua, ele parou e fez uma pequena prece em frente ao Kodokan.












Também se estivesse dirigindo um carro, ele tiraria seu chapéu se passasse em frente ao Kodokan.












Seus alunos não entenderam porque ele estaria rezando pelo sucesso do Judô.












Então ele explicou:












?Eu não estou rezando pelo Judô?.












Eu estou oferecendo uma prece em respeito ao espírito de Jigoro Kano. Sem ele, eu não estaria aqui hoje.












Gichin Funakoshi, o "Pai do Karate Moderno", morreu em 26 de Abril de 1957.












Em seu túmulo pintado de preto, em forma de cruz, estão as palavras :

" KARATE NI SENTE NASHI























História do Karate Shorin Ryu














Mestre Yoshihide Shinzato, 10. Dan - A GRADUAÇÃO MAIS ALTA dentro da modalidade. Ele divide a posição com apenas outros quatro karatecas no mundo.












Nasceu em 15/março/1927 em Okinawa, Japão; foi discípulo do Mestre Ambun Tokuda e com a morte deste durante a 2ª Guerra Mundial, tornou-se aluno do Mestre Choshin Chibana e depois do falecimento deste, continuou treinando com o Mestre Miyahira.
Treinou Kobu-Do com o Mestre Shikan Akamine, Masahiro Nakamoto e Katsuyoshi Kanei, recebendo a categoria de Hanshi pelo Mestre Katsuyoshi Kanei em novembro de 1993; ainda treinou JUDO com o Prof. Itokazu durante o colegial. Treinou ainda no Brasil, Goju-Ryu Karate-Do com o Mestre Shikan Akamine.












O Mestre Yoshihide Shinzato imigrou para o Brasil em 15 de janeiro de 1954 e ministrou aulas de Karate-Do em sua casa, para jovens da colônia japonesa. Em 25 de janeiro de 1954 fez demonstração de Karate-Do no Parque Ibirapuera, juntamente com os grupos de folclore de Okinawa e com seu irmão Yuzo, em comemoração aos 400 anos de aniversário da cidade de São Paulo. Em 03 de junho de 1962, fundou a Academia Santista de Karate-Do na Rua Brás Cubas em Santos-SP e em 1970 mudou o nome para Associação Okinawa Shorin-Ryu Karate-Do do Brasil. Em 1976 criou a União Shorin-Ryu Karate-Do do Brasil e em 1992 fundou a International Union Shorin-Ryu Karate-Do Federation.












Seu método de aula baseia-se na filosofia do Budô, desenvolvimento esportivo e do convívio social, tendo como objetivo, criar um homem útil tanto à Sociedade como para a família. Um karate-do-ka com o corpo forte e a mente equilibrada. Sensei Shinzato possui mais de 200 academias filiadas no Brasil e Exterior.
























Origem Do Karate Shorin- Ryu
























O Grão Mestre Choshin Chibana, criador do Okinawa Shorin-Ryu Karate-Do, nasceu em 5 de junho de 1885, em Tottori-cho da Cidade de Shuri em Okinawa. Ele começou a treinar aos 13 anos com Yasutsune "Anko" Itosu em 1898, quando estava no final do curso do Okinawa Kenritsu Dai-Ichi Chu-gakko (escola secundária).












Estudou com Mestre Itosu até este falecer com a idade de 85 anos em 26 de janeiro de 1915. Cinco anos após a morte do Mestre, ele começou a ensinar. Começou a lecionar em Tottori-bori e como a sua boa reputação se espalhou ele abriu um segundo Dojo em Kumo-cho, Naha. Mas em 1929 muda-se para o Paço do Barão Nakijin na vila de Gibo (Shuri), chamando o Dojo de Tode Kenkyu Sho (Clube de Pesquisas do To-de). Em 1935 adota o nome Shorin-Ryu, que tem os mesmos caracteres chineses para ¨ Pequeno Bosque ¨ (Shaolin), e sendo também a mesma pronuncia para a palavra Kobayashi. Mestre Chibana permaneceu em Okinawa, durante a Segunda Guerra Mundial e quando Shuri foi destruída pelos americanos em 1945, milagrosamente escapou da morte, ficando até 1948 na Península Chinen e retornando para Giho-cho (Shuri) para reabrir sua academia.












Depois da guerra, fica até 1948 na Península Chinen e parte para reiniciar suas aulas do Shorin-Ryu em Giho-cho que é uma parte de Cidade de Shuri. Inicia um itinerário em Naha abrindo academias em Asato, Jiku, Sakayamachi, Mihara e depois em Yamagawa em Shuri. Durante o mês de fevereiro de 1954 até dezembro de 1958, ele era também o Instrutor Chefe de Karate-Do do Departamento de Policia da Cidade de Shuri . Em 5 de maio de 1956, a Federação Okinawa de Karate foi formada e ele foi designado seu primeiro presidente, cargo que ocupou por dois anos. Funda e torna-se presidente da Associação Okinawa Shorin-Ryu Karate-dô.












A reputação de Mestre Chibana como um mestre de Karate continuou aumentando, não só em Okinawa mas também em todo o Japão. Em 1957 ele recebe o título de Hanshi (Grão - Mestre : 10º Dan) do Dai Nippon Butokukai (A Maior Associação de Arte Marcial do Japão) e em 1960, ele recebeu o Primeiro Prêmio de Distintos Serviços ao Esporte do Okinawa Taimussu Shinbum, por todas as suas realizações no estudo e prática do Tradicional Karate-Do de Okinawa. Em 29 de abril de 1968, Mestre Chibana trouxe uma honra adicional para o Karate-Do de Okinawa, sendo premiado com a 4ª Ordem do Tesouro Sagrado (Kunyonto) pelo Imperador Hirohito do Japão.












Em 1964, foi constatado que o Mestre Chibana tinha um câncer terminal da garganta. Mas devido a sua dedicação para com a arte do Okinawa Shorin-Ryu, ele continuou ensinando, embora o seu corpo começasse a debilitar com a expansão do câncer. Em 1966 ele foi admitido no Centro de Pesquisa de Câncer de Tóquio para tratamento com radiação em uma tentativa para deter a expansão da doença.












Depois de alguma melhoria, Mestre Chibana retomou o ensino do Okinawa Shorin-Ryu com o seu neto Akira Nakazato. Mestre Chibana teve mais de 5000 alunos e entre eles o Mestre Katsuya Miyahira que foi seu auxiliar e Mestre Yoshihide Shinzato (10º Dan), este considerado o mais importante Mestre fora de Okinawa, fundador da União Shorin-Ryu Karate-Do do Brasil e da International Union Shorin-Ryu Karate-Do Federation, entidade que é formada pelas mais importantes federações do estilo Shorin-Ryu do mundo todo.












Mestre Chibana falava sempre que o karate deveria ser praticado como uma arte marcial e não como um esporte, uma ginástica. Dizia: ¨" Eu penso que nós temos que evitar tratar o Karate como um esporte, deve sempre ser uma arte marcial. Essa filosofia manteve a verdade e a pureza do Karate de Okinawa. "












No final do ano de 1968 a condição do Mestre Chibana piorou e ele retornou ao Hospital de Ohama. Apesar dos esforços dos médicos falece às 6 horas e 40 minutos da manhã de 26 de fevereiro de 1969, com a idade de 83 anos.























História do Karate Goju- Ryu














Em 25 de abril de 1888 nasce Chojun Miyagi em Naha, no seio de uma família de ricos comerciantes.Aos 14 anos, ao ingressar no liceu, começa a estudar "te" sob a direção de Kanryo Higaonna,.Com a saída do liceu passa a ocupar-se dos negócios da família continuando a praticar o Karate. Aos 20 anos casa-se.
As suas qualidades excepcionais são apreciadas por Kanryo Higaonna que o considera como o seu sucessor.












Entre 1909 e 1911 cumpre o serviço militar. Logo após pensa em partir para o Hawai a fim de montar uma empresa de pesca, num local onde estavam já estabelecidos emigrantes provenientes de Okinawa.
A pedido do seu, Mestre Higaonna, acaba porém por renunciar a este projeto para ir estudar a arte de combate na China. Em Novembro de 1915, parte então para Foochow na província de Fujian, para uma estadia de alguns meses, período durante o qual estuda Chugoku Kempo.












Em 1915 o seu mestre Kanryo Higaonna morre, sem deixar família. Miyagi, no seu regresso, encarrega-se das cerimônias fúnebres e torna-se o seu sucessor direto.
Contando apenas 28 anos de idade, decide unir esforços com o seu amigo Kenwa Mabuni, para continuar a aprender e evoluir. Criam assim um grupo para a investigação e prática do karate.
Passa então a ensinar no Centro de Treino da Polícia de Okinawa, na Escola Comercial da Cidade de Naha, na Escola Normal de Okinawa e no Centro de Recreação e Saúde de Okinawa, entre outros locais.












A partir deste período Miyagi fez numerosas viagens não só para se aperfeiçoar mas também para difundir o karate. Retorna por diversas vezes a Fujian e também a Pequim, passando ainda pela Coreia. Paralelamente empreende uma dezena de viagens ao centro do Japão, para assegurar a difusão do karate e formar alunos.












Em 1921, ele foi escolhido para representar o Naha-te em uma apresentação para a visita do príncipe herdeiro Hirohito (que eventualmente viria a tornar-se Imperador), e realizou uma performance impressionante. Ele começou a visualizar o futuro das artes marciais de Okinawa.
Em 1926, aos 38 anos, fundou o "Clube de Pesquisas sobre Karate", em companhia de Chomo Hanashiro (Shuri-te), Kenwa Mabuni (Shito Ryu) e Motobu Choyo, dedicando seus três próximos anos em treinamentos de kihon, kata, condicionamento físico e filosofia.












Em 1928 Miyagi viaja para o Japão e passa a ensinar karate na Universidade Imperial de Kyoto, na Universidade de Kansai e na Universidade de Ritsumeikan, em Kyoto.
A partir deste período Miyagi fez numerosas viagens não só para se aperfeiçoar mas também para difundir o karate. Retorna por diversas vezes a Fujian e também a Pequim, passando ainda pela Coreia. Paralelamente empreende uma dezena de viagens ao centro do Japão, para assegurar a difusão do karate e formar alunos.












Jigoro Kano (o fundador do Judo) visitou Okinawa em 1927, e ficou tão impressionado com mestre Miyagi, que o convidou para ir ao Japão em 1930 e 1932, para fazer demonstrações em vários torneios. Foi em um desse torneios que um de seus estudantes avançados, Jin'an Shinzato, foi perguntado a que escola de Karate ele pertencia. Incapaz de responder

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(naquela época os estilos eram conhecidos somente por sua localização geográfica), ele dirigiu-se ao mestre Miyagi, quem concordou que um nome deveria ser escolhido para o seu estilo único.












Há um texto chinês chamado Bubishi, uma referência histórica muito popular entre os karatekas da época, e nele há oito poemas. O terceiro preceito diz: "O modo de inspirar e expirar é rígido e flexível". "Go" significa rígido e "Ju" significa flexível. Baseado no fato que o seu estilo era a combinação desses ideais, ele passou a se referir à sua arte como Goju Ryu, E em 1933 ela foi oficialmente registrada como tal no Butoku-Kai, a Associação Japonesa de Artes Marciais. No mesmo ano ele apresentou seu artigo "Um perfil do Karate-Do".












No ano seguinte, mestre Miyagi foi indicado como diretor da filial da Butoku-Kai em Okinawa, e viajou para o Hawaii no final do mesmo ano para lá introduzir o Karate. Após o seu retorno para Naha, ele foi premiado como uma comenda do Ministério da Educação por seu notável trabalho em serviço do campo da Educação Física.












Em 1929, ele foi convidado para ir ao Japão por Gogen Yamaguchi, quem poderia promover o Goju Ryu no Japão.












Em 1933, em resultado dos seus esforços, o Karate é reconhecido pela primeira vez pela Dai Nippon Butokukai como uma das Artes do Budo japonês.












Em 1934, Miyagi torna-se membro permanente da Seção de Okinawa daquela organização.












Em Março de 1935 a Butokukai concede o grau de Kyoshi a Chojun Miyagi. Trata-se de uma graduação excepcional já que o normal seria a graduação em 3º grau (Renshi), graduação que seria obtida cerca de 3 anos mais tarde pelos fundadores das três outras grandes escolas de karate. Ainda nesse ano, de regresso a Okinawa, decide nomear a sua escola Goju-Ryu, tomando como base o terceiro dos "Oito preceitos da arte do combate" contidos no Bubishi - o livro tradicional do Naha-te.












Em 1936, ele retornou para China para mais estudos, desta vez em Shanghai.












Em 1937, o Ministério da Educação Japonês concede a Miyagi a "Medalha de Excelência em Artes Marciais" e nesse mesmo ano ele decide estudar Artes Marciais Chinesas em Changai. Ainda em 1937 passa a liderar uma associação criada pela Butokukai para inspecionar e regular o karate em todo o território japonês.












Em 1940, ele criou os kata para iniciantes: Gekisai Dai Ichi e Gekisai Dai Ni.
A ocupação dos Aliados em Okinawa foi uma época muito turbulenta na história de Okinawa e da arte do Karate. Muitas vidas se perderam, inclusive um dos filhos do mestre Miyagi e seu aluno avançado Jin'an Shinzato. Ele foi forçado a deixar de lado seu treinamento enquanto sua terra natal era reerguida após a guerra.












Em 1946 ele foi indicado como diretor da Associação Civil de Educação Física de Okinawa, e continuou seu treinamento, ensinando na Academia de Polícia e abrindo um Dojo no seu quintal. Foi lá onde treinaram Anichi Miyagi, Seiko Higa, Meitoku Yagi, Eichi Miyazato e Seikichi Toguchi e, por um breve período, Teruo Chinen, junto com outros notáveis karatekas.












A 8 de Outubro de 1953, aos 65 anos, Chojun Miyagi morre em Naha, vítima de ataque cardíaco.























História do Karate Shito Ryu














O Fundador (Ryuso) do karate-do Shito-ryu, Kenwa Mabuni nasceu em 14 de Novembro de 1889 em Shuri, Okinawa.












Pertencia a 17ª geração de uns dos mais corajosos guerreiros do reino de Ryukyu - Kenio Oshiro.












Kenwa Mabuni era uma criança fraca fisicamente; no entanto, a sua família contava-lhe muitas vezes histórias acerca dos seus antepassados famosos e ele sonhava em se tornar fisicamente forte.
Aos 13 anos, Kenwa foi aceito como estudante na escola do famoso mestre de karate-do Anko Itosu, que vivia em Shuri. Kenwa Mabuni treinava todos os dias, mesmo durante tufões, e no espaço de sete anos aprendeu a arte do Shuri-karate ou Shuri-te.












Mabuni, Foi um dos melhores alunos do mestre Itosu. Também foi aluno do mestres Higashionna e Miyagui do Naha-te.












Kenwa Mabuni mudou-se para o Japão para ensinar Karate-do do estilo que primeiramente chamou Itosu-Kay até que em 1937 (algumas fontes citam 1936 ) criou o estilo Shito-Ryu , que combina aspectos do Shuri-te e do Naha-te.
Após a sua morte, seu filho Kenei herdou o Shito-Ryu e seu aluno Ryusho Sakagami continuou o Itosu-Kai Shito-Ryu.












O Shito-ryu Karate-Do, criado por Kenwa Mabuni, combina as características do karate Shuri do Mestre Itosu e do karate Naha do Mestre Higaonna. O nome Shito-ryu é formado a partir dos primeiros heroglifos do nome destes Mestres ("Ito"- antigo heróglifo chinês "Shi", "Higa" - antigo heróglifo chinês To).
Enquanto ensinava os seus estudantes e explicava as diferenças básicas entre as escolas de Itosu e Higaonna, Kenwa Mabuni prestava a maior atenção aos Katas. Ele acreditava que os Katas, que combinavam técnicas de ataque e de defesa, eram a parte mais importante do Karate-Do, e que era necessário entender o significado de cada movimento do Kata e executá-lo corretamente.
Kenwa Mabuni foi o primeiro a introduzir o conceito do Bunkai Kumite e do Hokei Kumite, que demonstram o propósito e mostram o uso correto de cada Kata. O resultado final do treino apropriado do Kata e Kumite é a possibilidade de aplicar as técnicas de Karate-Do no Kumite livre.












A prática dos Katas também ajuda a transmitir os conhecimentos codificados no Kata para a geração seguinte. O Shito-ryu Karate-Do, ao contrário de outros estilos de Karate-Do, têm muitos mais Katas.
De acordo com Kenwa Mabuni o estudante, ignorando Kata e praticando apenas Kumite, nunca irá progredir no Karate-Do e nunca irá entender o seu significado.
























Fonte : Internet

MESTRE TODE SAKUGAWA
(1762~1843)

Fotos atribuídas a Sakugawa Sensei


Não há muitos relatos a seu respeito. O texto abaixo foi uma coletânea do que se pode achar na Internet e nem por isso é garantia de exatidão.

Aceitamos e agradecemos informações que contribuam com maior conhecimento sobre este Mestre.

Envie para iuskf@yahoo.com.br



MESTRE TODE SAKUGAWA (1762-1843): teve como seu discípulo, Mestre Sokon Matsumura. Estudou com Takahara e Kusanku, combinou as técnicas desses dois instrutores para formar uma mistura do chuan fa e tode, chamada karatedo (caminho das mãos chinesas). Esse nome foi evoluído, passando a ser caminho das mãos vazias.

Uma breve história do Karate-do
Monografia por Gonzalo Velasco C. (4° Dan Ken-Shin-Kan), 1999 *

Copyright ! (Favor não copiar sem permissão direta do autor)
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Prólogo Origens na China A Ilha de Okinawa Shuri-te Naha-te Karate no Japão

Prólogo
A conhecida palavra Kara-te significa ?mão vazia? e Do ?via? ou ?caminho?. O nome Karate-do representa uma Arte milenar que não é simplesmente uma arte de luta sem armas mas, como todas as artes e as disciplinas orientais Zen, é um caminho de auto-conhecimento, aperfeiçoamento e crescimento. Para nós, praticantes de Karate-do, é fundamental conhecer a história desta Arte: sua origem e evolução, os principais mestres, estilos e características. Esta pequena contribuição é minha opinião pessoal e é fruto do conhecimento transmitido pelos meus mestres e colegas e também de material escrito e publicado (em muitos livros, revistas e na Internet que não cito por medo a esquecer de várias*). Ela tem como objetivo compartilhar um pouco dessa rica história e incentivar a busca pessoal de cada um de vocês.


As origens do Karate-do na China
Definir uma data aproximada de origem das Artes Marciais é uma tarefa praticamente impossível. Deveríamos falar das antigas artes na Índia, China e até a Grécia. Nos concentraremos aqui especificamente no desenvolvimento do Karate-do.

O Karate-do como tal é uma arte marcial okinawense criada no final do século XIX, mas as suas origens são muito mais antigas. Todas as teorias coincidem no fato de que no século VI um monge Zen-Budista chamado Bodhidharma (chamado Tamo pelos chineses e Daruma pelos japoneses) viajou da Índia à China para ensinar o budismo Dhyana aos monges chineses no templo de Shao-Lin-Tsu. A exaustiva prática da meditação revelou a fraqueza física e espiritual dos monges. Bodhidharma, então, lhes ensinou uma serie de 18 movimentos que lhes permitiria fortalecer seus corpos e a sua força de vontade. Esses movimentos derivam das artes de combate da Índia e outros países e tiveram sua origem (entre outras coisas) no estudo dos movimentos dos animais. Assim surgiu o que se chamou de ?boxe dos monges?.
Depois da morte de Bodhidharma, seus discípulos se dispersaram por toda a China. Ao longo do tempo essas séries de movimentos foram estudadas, complementadas e testadas por vários mestres chineses até se converterem no chamado Kempo Shaolin (chamado também por alguns -em chinês- de ?Quan fa?, ?Chuan fa? ou ?Kung-fu?) e ser difundido por toda a China, a partir do século XIII.

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A ilha de Okinawa

Okinawa é uma ilha do arquipélago Ryu-Kyu, que pertence hoje ao Japão mas que teve um rei próprio e ao longo da sua história foi cobiçada e conquistada tanto pelo império chinês como pelo japonês. Devido a isso, existiu um fluxo constante, cultural e econômico, entre a China (a grande potência cultural da época) e a ilha de Okinawa assim como com outras regiões da Ásia.
Devido ao domínio dos diversos impérios, sobre tudo o japonês, os okinawenses foram proibidos de portar e usar qualquer tipo de arma ou aprender métodos de luta. Para poder defender-se dos agressores, o povo de Okinawa desenvolveu - em segredo - uma arte de luta sem armas que era chamada simplesmente Di ou Te (?mão? em japonês) ou Okinawa-te (?mão de Okinawa?) e outra arte de luta utilizando instrumentos de lavoura, pesca e outras ferramentas, chamada Kobudo . Um dos mestres mais famosos do Okinawa-te foi o mestre "Tode" Sakugawa (1733-1815), quem além de conhecer o Okinawa-te recebera ensinamentos do mestre chinês Kusankun, que ensinara em Okinawa nos anos 1750'.
Graças ao fluxo de pessoas (monges, soldados, comerciantes e imigrantes) e de cultura entre Okinawa e a China, o Okinawa-te foi enriquecido pelo Kempo chinês. Desta forma a arte de luta foi transformada e começou a ser chamada de To-de ou To-te . A palavra ?To? representava primeiro a dinastia Tang, da China, e posteriormente passou a representar a própria China; To-de significava, então, ?mão chinesa? devido à grande influência do Kempo sobre esta arte marcial okinawense.

Haviam naquela época três cidades muito importantes em Okinawa: Shuri (a capital), Naha e Tomari, e devido ao desenvolvimento do To-de em cada uma delas ser um pouco diferente, cada ?estilo? adotou o nome da cidade onde estava sendo desenvolvido. Assim surgiram o Shuri-te, o Naha-te e o Tomari-te.
O Shuri-te era um estilo considerado como derivado do ?Shaolin externo?, bastante explosivo e rápido. Um dos grandes mestres deste estilo foi Sokon "Bushi " Matsumura (1809-1901), aluno do mestre Sakugawa (e este do enviado chinês Kushankun) e alguns mestres chineses que viviam em Okinawa. Este mestre ensinou sua arte não só aos habitantes de Shuri como a alguns praticantes das outras cidades. Outro mestre reconhecido dessa época foi Seisho Tsuji Penchin Aragaki (1840-1920).
O Naha-te era um estilo forte e que fazia ênfase na respiração e como tal, foi descrito como ?Shaolin interno?, sendo seu representante mais célebre o mestre Kanryo Higashionna (1853-1915). Antes da formação dos estilos derivados foi chamado de Shorei-Ryu.
O Tomari-te era um estilo intermediário, muito similar ao Shuri-Te, mas só era praticado por poucas pessoas, a maioria militares dessa cidade. Mestres como Kosaku Matsumora (1829-1899) e depois Kokan Oyadamari e Choki Motobu (1871-1945) ensinaram esta arte que depois se misturou com o Shuri-te para gerar o Shorin-Ryu moderno.

Estes três estilos (posteriormente denominados em conjunto Karate-jutsu que significava ?técnica ou arte da mão chinesa?, por ser essa a origem desta arte) foram evoluindo, diferenciando-se até que no começo do século XX, os alunos da primeira linhagem de cada um deles geraram os principais estilos do Karate-do moderno. Nos diferentes Katas (?formas?, seqüências de movimentos simbolizando situações de defesa e contra-ataque) pode-se apreciar as semelhanças e as diferenças destas grandes ramas do Karate-do.


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O Shuri-te
Entre os mais famosos mestres do Shuri-te estão Yasutsune Anko Itosu (1832-1915) (na figura ao lado), Anko Azato (1827-1906), Chomo Hanashiro (1869-1945), Chotoku Kyan (1870-1945), etc. Os seus alunos viraram mestres, ao seu tempo, e criaram alguns dos estilos atuais. Esta rama do Karate-do foi originariamente denominada Shorin-Ryu (sendo que ?Shorin? é a pronuncia japonesa de ?Shaolin?) e dividiu-se em três estilos chamados Kobayashi-Ryu, Shobayashi-Ryu e Matsubayashi-Ryu.

Alguns dos mais conhecidos mestres desta rama do Karate-do são:

Chosin Chibana (1885-1969): continuou a linha de Shorin-Ryu do mestre Itosu chamando-a Kobayashi-Ryu (Shorin-Ryu). Depois da sua morte Katsuya Miyahira liderou o Shorin-Ryu Shido-kan e Shugoro Nakazato (1921-) o Shorin-Ryu Shorin-kan.
Gichin Funakoshi (1868-1957): aluno dos mestres Azato e Itosu e também do mestre Matsumura e outros mestres. É um dos responsáveis da difusão do Shuri-te no Japão. Apesar de não querer dar nome ao seu estilo, este ficou conhecido como Shotokan, um dos estilos mais difundidos hoje em dia. Entre seu alunos destacaram-se Shigeru Egami (1912-1981, Shotokai), Masatoshi Nakayama (1913-1987, NKK), Hidetaka Nishiyama (1928-, ITKF) e Hirokazu Kanazawa (1931-, SKIF).
Kenwa Mabuni (1889-1952): um dos melhores alunos do mestre Itosu. Também foi aluno do mestres Higashionna e Miyagui do Naha-te . Mudou-se para o Japão para ensinar Karate-do do estilo que primeiramente chamou Itosu-Kay até que em 1937 criou o estilo Shito-Ryu , que combina aspectos do Shuri-te e do Naha-te. O nome do seu estilo deriva dos caracteres dos nomes dos seus dois mestres Itosu e Higashionna. Após a sua morte, seu filho Kenei herdou o Shito-Ryu e seu aluno Ryusho Sakagami continuou o Itosu-Kai Shito-Ryu.
Shoshin Nagamine (1903-1997): aluno dos mestres Ankichi Arakaki, C. Motobu, C. Kyan (Tomari) e Y. Itosu (Shuri), foi o fundador do Matsubayashi-Ryu. Seu sucessor foi seu filho Takayoshi. Junto com o mestre C. Miyagui criariam dois Fukyu-Kata, Kata comum às duas linhas de Karate-do (Shorin e Shorei).


Eizo e Tatsuo Shimabuku: Estes dois irmãos foram alunos do mestre C. Kyan. O primeiro continuou a linha Shobayashi-Ryu de Shorin-Ryu que se expandiu bastante nos Estados Unidos a través dos marinheiros das bases navais em Okinawa. O segundo, que também foi aluno do mestre Miyagui (Goju-Ryu), foi o fundador do estilo Isshin-Ryu que combina Shuri-te e Naha-te.

Kanken Toyama (1888-1966): começou a aprender o Okinawa-te com o mestre Itarashiki e depois foi discípulo do mestre Itosu. Junto com o mestre Funakoshi foram os denominados ?Shibaushi? (protegidos) do seu mestre. Também foi aluno do mestre Higashionna (Naha-te). Fundou do estilo Shudokan.


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O Naha-te
O mais antigo e importante mestre do Naha-te foi o mestre Kanryo Higashionna (Higanuma ou Higaonna) (1853-1915). Este mestre aprendeu o Okinawa-te de S. Matsumura e S. Aragaki, e teve a oportunidade de viajar para a China onde viveu durante ~ 13 anos. Ali, aprendeu o Kempo com os mestres Ryu Ryu Ko, Wai Xinxian e talvez outros mestres. Retornando à sua cidade de origem (Naha) ensinou sua arte. Alguns dos seus alunos criaram estilos de Karate-do bastante conhecidos hoje em dia e outros menos conhecidos.


Chojun Miyagui (1888-1953): foi o mais importante e provavelmente o mais conhecido discípulo do mestre Higashionna. O mestre Miyagui abrigou o mestre Higashionna na sua casa, quando este estava idoso, e continuou a escola quando ele morreu. Também viajou à China várias vezes, seguindo os passos do seu mestre. Em 1929 (na época em que a maioria dos mestres estavam dando os nomes aos seus estilos) o mestre Miyagui decidiu chamar o seu estilo de Goju-Ryu, nome que explica a característica de combinar o duro (Go) com o suave (Ju), força e flexibilidade. Foi um dos primeiros mestres a criar um sistema de ensino para o Karate-do. Alguns dos mestres criadores de escolas dentro do estilo Goju-Ryu , foram alunos diretos seus: Jin'an Shinzato (1901-1945), Meitoku Yagi (1912-2003, Meibukan), Seikichi Toguchi (1917-1998, Shoreikan), Seiichi Y. Akamine (1920-1995, Ken-Shin-Kan), Ei'ichi Miyasato (1921-1999, Jundokan), An'Ichi Miyagui (1931-, IOGKF), etc.
Seko Higa (1889-1966): este mestre não é tão conhecido para algumas linhas de Goju-Ryu, mas foi sem dúvidas um dos melhores alunos do mestre Higashionna e um fiel seguidor da sua mística e filosofia. Após a morte do seu mestre, foi o braço direito do mestre Miyagui e o único autorizado a ensinar Goju-Ryu fora do Dojo de Miyagui. Chamou à sua escola de Shodokan e ajudou a criar o Kokusai Karate Kobudo Renmei (Federação Internacional de Karate e Kobudo). Seu filho Seikichi Higa (1927-1999) foi seu sucessor. Mestres como Kanki Izumigawa (1908-1969, Senbukan), Seiichi Y. Akamine, Seikichi Toguchi, Choyu Kiyuna (1931-, Seidokan) e outros também foram alunos seus.


Chohatsu Kyoda (1886-1968): foi um dos primeiros alunos do mestre Higashionna, junto com o mestre Miyagui. Criou o estilo Toon-Ryu.

Também os mestres Kanken Toyama, Kenwa Mabuni e Tatsuo Shimabuku (1908-1975) mencionados anteriormente como alunos do Shuri-te aprenderam Naha-te com o mestre Higashionna e/ou o mestre Miyagui.
Outro grande mestre da cidade de Naha foi Kanbun Uechi (1877-1948): este mestre okinawense estudou durante vários anos Kempo na China e trouxe seu estilo para Okinawa e o Japão, ensinando-o sob o nome de Uechi-Ryu, um estilo que também faz ênfase na tensão e respiração, como o Goju-Ryu, utilizando muitas técnicas de mão aberta nos seus Kata. Após a sua morte, seu filho Kanei herdou a escola.


Mestres como Anko Itosu e Chojun Miyagui foram responsáveis pelo crescimento e difusão do Karate-do em Okinawa, ensinado-o nas escolas e na academia de polícia.


(volta ao inicio )
O Karate-do no Japão
O Karate foi introduzido no Japão recém na década de 1920 e sofreu algumas modificações. Como foi dito anteriormente, o significado do ideograma (símbolo da escrita japonesa) Kara significava ?Chinesa? e devido a que o Japão e a China haviam entrado em guerra muitas vezes ao longo da história, inclusive recentemente, os japoneses não iriam aceitar essa arte no seu país. Ainda, o Karate não tinha, até então, um método de ensino formal e padrão, sendo ensinado por cada mestre segundo o seu gosto particular, nem mesmo havendo um uniforme (gui) especial como os das outras artes marciais japonesas como o Kendo e o Judo, por exemplo. Tudo isto exigiu mudanças para que esta arte okinawense pudesse ser aceita pela sociedade e a cultura japonesa.

(Tode-jutsu Karate-do)

Os ideogramas japoneses podem ser lidos de duas maneiras (?kun? e ?un?) segundo o seu significado ou pronuncia chinesa ou japonesa. Existe outro ideograma com a mesma pronuncia ?Kara? do Karate, mas com outro significado que não ?chinesa?. Este outro ideograma tem origem no termo Sunya ou Sunyata do sânscrito que significa ?zero?, ?vazio?, e é muito usado na tradição Zen-Budista com esse significado. Vários dos mestres que queriam introduzir o Karate-do no Japão decidiram adotar este outro símbolo e também trocar a expressão ?jutsu? (técnica ou arte) por ?do? que deriva da palavra chinesa ?tao? (via, caminho). Este nome pareceu, então, apropriado já que descreve uma arte de luta sem armas e também duas características importantes do Zen-Budismo: a ?mente vazia? (sem preocupações, ódio, inveja ou desejo) e o ?caminho?, a ?via? que devemos transitar para chegar à iluminação.

O passo seguinte foi a adoção do karate-gui ("kimono") branco, um uniforme igual para todos, e o sistema de faixas e graduações de Kyus (faixas coloridas, da branca até a marrom) e Dans (do 1o ao 10o grau para os faixas-preta) similar ao que era usado no Judo.

No ano de 1933, o Dai Nippon Butokukai, órgão japonês encarregado das artes marciais, reconheceu oficialmente o Karate-do como arte marcial.


Posteriormente, no Japão, foram criados outros estilos de Karate-do, alguns dos quais são muito conhecidos no mundo todo:
O mestre Hironori Ohtsuka (1892-1982) era praticante avançado de Ju-jutsu e aprendeu Karate-do com o mestre Funakoshi, quando este o introduziu no Japão e posteriormente com o Mestre K. Mabuni. No ano de 1931, o mestre Ohtsuka decidiu fundar seu estilo chamando-o Wado-Ryu, sendo o primeiro japonês (não okinawense) a criar um estilo de Karate-do.
Gogen Yamaguchi (1909-1989) aprendeu Goju-Ryu com com Jitsuei Yogi e com o mestre Miyagui, quando este visitou o Japão central. Foi o criador da linha Goju-Kai no Japão.
Matsutatsu Oyama (1924-1994), nasceu na Coréia e seu verdadeiro nome era Hyung Yee. Quando criança, no seu país natal, aprendeu Chabee (uma combinação coreana de Ju-jutsu e Kempo). Depois, aprendeu Karate-do Shotokan no Japão mas buscou novas formas de treinamento e de luta criando em 1961 o Kyokushin-Kai . Também teve a oportunidade de aprender e intercambiar técnicas com Gogen Yamaguchi e outros mestres de Karate-do e Kung-fu .


Hoje em dia são muitos os diferentes estilos reconhecidos oficialmente pela federação mundial de Karate-do e falar de cada um deles seria demais para esta pequena contribuição. A idéia deste trabalho é fazer uma pequena introdução sobre a história do Karate-do e dos estilos mais antigos para compartilhar com os nossos Otogai. Cabe dizer que outras artes marciais no Japão e em vários outros países da Ásia também foram influenciados pelo Kempo chinês e tiveram um desenvolvimento muito importante.


Agradecimentos:
Gostaria de agradecer aos Shihan Raúl e Roberto Fernández de la Reguera e ao meu Sensei Radko Balcar pelos seus ensinamentos. Também aos colegas e amigos Sempai Jorge Pezaroglo, Roberto Chocho e Alexandre Zenku Garcia pelo material e as sugestões para complementar este artigo. Ao Sensei Hélio Vaz e o Sempai Cássio Shiten Franco pelo seu apoio para que pudesse desenvolver minhas atividades em Rio Grande.

Gonzalo Velasco C. (Ken-Shin-Kan Karate-do), 1a edição = Maio de 1999.
Copyright! (Favor não copiar sem permissão direta do autor)
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* ATENÇÃO: Esta monografia é fruto do conhecimento repassado oralmente pelos meus Sensei e Sempai e da leitura de muitas revistas, livros e página de internet de diferentes estilos. Seria muito difícil enumerar todos aqui, mas com certeza este trabalho não é uma cópia do trabalho de outras pessoas, mas minha análise e conclusões em base a todo esse material. Não copie daqui sem permissão e sem citar esta página, por favor.

Recomendo a leitura das seguintes fontes, entre outras:
Bishop, M., 1999, "Okinawan Karate - teachers, styles and secret techniques"., Tuttle Publishing, 176 p.
Nagamine, S., 2000, "Tales of Okinawa?s great masters". (traducido por P. McCarthy) Tuttle Publishing, 170 p.
McCarthy, P., 1995, " Bubishi - The Bible of Karate". Charles Tuttle Co. 215 p.
Tamano, T., 1992, "Curso de Karate - El Karate Goju-Ryu". Del Vecchi Ed., 142 p.
Budo International Publishing Co. - Revista Cinturón negro (España) - vários números.
Ken-Shin-Kan Chile (Ed.), 1992 -Revista Sanchin.
Barret, J. (Ed.) - Revista Uruguay Dojo (Uruguai) - vários números.
Página do Shihan Roberto Fernández de la Reguera - http://www.kenshinkanakamine.cl/
Página do Sensei John Porta - http://www.portaskarate.org/shobumain.html
Página da Prefectura de Okinawa - http://www.pref.okinawa.jp/summit/a_la/tokusyu_11/index.html



Uma breve história do Karate-do is licensed under a Creative Commons Atribuição-Uso Não-Comercial-Vedada a Criação de Obras Derivadas 3.0 License.
Based on a work at www.geocities.com.

Uma breve história do Karate-do
Monografia por Gonzalo Velasco C. (4° Dan Ken-Shin-Kan), 1999 *

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Prólogo Origens na China A Ilha de Okinawa Shuri-te Naha-te Karate no Japão

Prólogo
A conhecida palavra Kara-te significa ?mão vazia? e Do ?via? ou ?caminho?. O nome Karate-do representa uma Arte milenar que não é simplesmente uma arte de luta sem armas mas, como todas as artes e as disciplinas orientais Zen, é um caminho de auto-conhecimento, aperfeiçoamento e crescimento. Para nós, praticantes de Karate-do, é fundamental conhecer a história desta Arte: sua origem e evolução, os principais mestres, estilos e características. Esta pequena contribuição é minha opinião pessoal e é fruto do conhecimento transmitido pelos meus mestres e colegas e também de material escrito e publicado (em muitos livros, revistas e na Internet que não cito por medo a esquecer de várias*). Ela tem como objetivo compartilhar um pouco dessa rica história e incentivar a busca pessoal de cada um de vocês.


As origens do Karate-do na China
Definir uma data aproximada de origem das Artes Marciais é uma tarefa praticamente impossível. Deveríamos falar das antigas artes na Índia, China e até a Grécia. Nos concentraremos aqui especificamente no desenvolvimento do Karate-do.

O Karate-do como tal é uma arte marcial okinawense criada no final do século XIX, mas as suas origens são muito mais antigas. Todas as teorias coincidem no fato de que no século VI um monge Zen-Budista chamado Bodhidharma (chamado Tamo pelos chineses e Daruma pelos japoneses) viajou da Índia à China para ensinar o budismo Dhyana aos monges chineses no templo de Shao-Lin-Tsu. A exaustiva prática da meditação revelou a fraqueza física e espiritual dos monges. Bodhidharma, então, lhes ensinou uma serie de 18 movimentos que lhes permitiria fortalecer seus corpos e a sua força de vontade. Esses movimentos derivam das artes de combate da Índia e outros países e tiveram sua origem (entre outras coisas) no estudo dos movimentos dos animais. Assim surgiu o que se chamou de ?boxe dos monges?.
Depois da morte de Bodhidharma, seus discípulos se dispersaram por toda a China. Ao longo do tempo essas séries de movimentos foram estudadas, complementadas e testadas por vários mestres chineses até se converterem no chamado Kempo Shaolin (chamado também por alguns -em chinês- de ?Quan fa?, ?Chuan fa? ou ?Kung-fu?) e ser difundido por toda a China, a partir do século XIII.

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A ilha de Okinawa

Okinawa é uma ilha do arquipélago Ryu-Kyu, que pertence hoje ao Japão mas que teve um rei próprio e ao longo da sua história foi cobiçada e conquistada tanto pelo império chinês como pelo japonês. Devido a isso, existiu um fluxo constante, cultural e econômico, entre a China (a grande potência cultural da época) e a ilha de Okinawa assim como com outras regiões da Ásia.
Devido ao domínio dos diversos impérios, sobre tudo o japonês, os okinawenses foram proibidos de portar e usar qualquer tipo de arma ou aprender métodos de luta. Para poder defender-se dos agressores, o povo de Okinawa desenvolveu - em segredo - uma arte de luta sem armas que era chamada simplesmente Di ou Te (?mão? em japonês) ou Okinawa-te (?mão de Okinawa?) e outra arte de luta utilizando instrumentos de lavoura, pesca e outras ferramentas, chamada Kobudo . Um dos mestres mais famosos do Okinawa-te foi o mestre "Tode" Sakugawa (1733-1815), quem além de conhecer o Okinawa-te recebera ensinamentos do mestre chinês Kusankun, que ensinara em Okinawa nos anos 1750'.
Graças ao fluxo de pessoas (monges, soldados, comerciantes e imigrantes) e de cultura entre Okinawa e a China, o Okinawa-te foi enriquecido pelo Kempo chinês. Desta forma a arte de luta foi transformada e começou a ser chamada de To-de ou To-te . A palavra ?To? representava primeiro a dinastia Tang, da China, e posteriormente passou a representar a própria China; To-de significava, então, ?mão chinesa? devido à grande influência do Kempo sobre esta arte marcial okinawense.

Haviam naquela época três cidades muito importantes em Okinawa: Shuri (a capital), Naha e Tomari, e devido ao desenvolvimento do To-de em cada uma delas ser um pouco diferente, cada ?estilo? adotou o nome da cidade onde estava sendo desenvolvido. Assim surgiram o Shuri-te, o Naha-te e o Tomari-te.
O Shuri-te era um estilo considerado como derivado do ?Shaolin externo?, bastante explosivo e rápido. Um dos grandes mestres deste estilo foi Sokon "Bushi " Matsumura (1809-1901), aluno do mestre Sakugawa (e este do enviado chinês Kushankun) e alguns mestres chineses que viviam em Okinawa. Este mestre ensinou sua arte não só aos habitantes de Shuri como a alguns praticantes das outras cidades. Outro mestre reconhecido dessa época foi Seisho Tsuji Penchin Aragaki (1840-1920).
O Naha-te era um estilo forte e que fazia ênfase na respiração e como tal, foi descrito como ?Shaolin interno?, sendo seu representante mais célebre o mestre Kanryo Higashionna (1853-1915). Antes da formação dos estilos derivados foi chamado de Shorei-Ryu.
O Tomari-te era um estilo intermediário, muito similar ao Shuri-Te, mas só era praticado por poucas pessoas, a maioria militares dessa cidade. Mestres como Kosaku Matsumora (1829-1899) e depois Kokan Oyadamari e Choki Motobu (1871-1945) ensinaram esta arte que depois se misturou com o Shuri-te para gerar o Shorin-Ryu moderno.

Estes três estilos (posteriormente denominados em conjunto Karate-jutsu que significava ?técnica ou arte da mão chinesa?, por ser essa a origem desta arte) foram evoluindo, diferenciando-se até que no começo do século XX, os alunos da primeira linhagem de cada um deles geraram os principais estilos do Karate-do moderno. Nos diferentes Katas (?formas?, seqüências de movimentos simbolizando situações de defesa e contra-ataque) pode-se apreciar as semelhanças e as diferenças destas grandes ramas do Karate-do.


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O Shuri-te
Entre os mais famosos mestres do Shuri-te estão Yasutsune Anko Itosu (1832-1915) (na figura ao lado), Anko Azato (1827-1906), Chomo Hanashiro (1869-1945), Chotoku Kyan (1870-1945), etc. Os seus alunos viraram mestres, ao seu tempo, e criaram alguns dos estilos atuais. Esta rama do Karate-do foi originariamente denominada Shorin-Ryu (sendo que ?Shorin? é a pronuncia japonesa de ?Shaolin?) e dividiu-se em três estilos chamados Kobayashi-Ryu, Shobayashi-Ryu e Matsubayashi-Ryu.

Alguns dos mais conhecidos mestres desta rama do Karate-do são:

Chosin Chibana (1885-1969): continuou a linha de Shorin-Ryu do mestre Itosu chamando-a Kobayashi-Ryu (Shorin-Ryu). Depois da sua morte Katsuya Miyahira liderou o Shorin-Ryu Shido-kan e Shugoro Nakazato (1921-) o Shorin-Ryu Shorin-kan.
Gichin Funakoshi (1868-1957): aluno dos mestres Azato e Itosu e também do mestre Matsumura e outros mestres. É um dos responsáveis da difusão do Shuri-te no Japão. Apesar de não querer dar nome ao seu estilo, este ficou conhecido como Shotokan, um dos estilos mais difundidos hoje em dia. Entre seu alunos destacaram-se Shigeru Egami (1912-1981, Shotokai), Masatoshi Nakayama (1913-1987, NKK), Hidetaka Nishiyama (1928-, ITKF) e Hirokazu Kanazawa (1931-, SKIF).
Kenwa Mabuni (1889-1952): um dos melhores alunos do mestre Itosu. Também foi aluno do mestres Higashionna e Miyagui do Naha-te . Mudou-se para o Japão para ensinar Karate-do do estilo que primeiramente chamou Itosu-Kay até que em 1937 criou o estilo Shito-Ryu , que combina aspectos do Shuri-te e do Naha-te. O nome do seu estilo deriva dos caracteres dos nomes dos seus dois mestres Itosu e Higashionna. Após a sua morte, seu filho Kenei herdou o Shito-Ryu e seu aluno Ryusho Sakagami continuou o Itosu-Kai Shito-Ryu.
Shoshin Nagamine (1903-1997): aluno dos mestres Ankichi Arakaki, C. Motobu, C. Kyan (Tomari) e Y. Itosu (Shuri), foi o fundador do Matsubayashi-Ryu. Seu sucessor foi seu filho Takayoshi. Junto com o mestre C. Miyagui criariam dois Fukyu-Kata, Kata comum às duas linhas de Karate-do (Shorin e Shorei).


Eizo e Tatsuo Shimabuku: Estes dois irmãos foram alunos do mestre C. Kyan. O primeiro continuou a linha Shobayashi-Ryu de Shorin-Ryu que se expandiu bastante nos Estados Unidos a través dos marinheiros das bases navais em Okinawa. O segundo, que também foi aluno do mestre Miyagui (Goju-Ryu), foi o fundador do estilo Isshin-Ryu que combina Shuri-te e Naha-te.

Kanken Toyama (1888-1966): começou a aprender o Okinawa-te com o mestre Itarashiki e depois foi discípulo do mestre Itosu. Junto com o mestre Funakoshi foram os denominados ?Shibaushi? (protegidos) do seu mestre. Também foi aluno do mestre Higashionna (Naha-te). Fundou do estilo Shudokan.


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O Naha-te
O mais antigo e importante mestre do Naha-te foi o mestre Kanryo Higashionna (Higanuma ou Higaonna) (1853-1915). Este mestre aprendeu o Okinawa-te de S. Matsumura e S. Aragaki, e teve a oportunidade de viajar para a China onde viveu durante ~ 13 anos. Ali, aprendeu o Kempo com os mestres Ryu Ryu Ko, Wai Xinxian e talvez outros mestres. Retornando à sua cidade de origem (Naha) ensinou sua arte. Alguns dos seus alunos criaram estilos de Karate-do bastante conhecidos hoje em dia e outros menos conhecidos.


Chojun Miyagui (1888-1953): foi o mais importante e provavelmente o mais conhecido discípulo do mestre Higashionna. O mestre Miyagui abrigou o mestre Higashionna na sua casa, quando este estava idoso, e continuou a escola quando ele morreu. Também viajou à China várias vezes, seguindo os passos do seu mestre. Em 1929 (na época em que a maioria dos mestres estavam dando os nomes aos seus estilos) o mestre Miyagui decidiu chamar o seu estilo de Goju-Ryu, nome que explica a característica de combinar o duro (Go) com o suave (Ju), força e flexibilidade. Foi um dos primeiros mestres a criar um sistema de ensino para o Karate-do. Alguns dos mestres criadores de escolas dentro do estilo Goju-Ryu , foram alunos diretos seus: Jin'an Shinzato (1901-1945), Meitoku Yagi (1912-2003, Meibukan), Seikichi Toguchi (1917-1998, Shoreikan), Seiichi Y. Akamine (1920-1995, Ken-Shin-Kan), Ei'ichi Miyasato (1921-1999, Jundokan), An'Ichi Miyagui (1931-, IOGKF), etc.
Seko Higa (1889-1966): este mestre não é tão conhecido para algumas linhas de Goju-Ryu, mas foi sem dúvidas um dos melhores alunos do mestre Higashionna e um fiel seguidor da sua mística e filosofia. Após a morte do seu mestre, foi o braço direito do mestre Miyagui e o único autorizado a ensinar Goju-Ryu fora do Dojo de Miyagui. Chamou à sua escola de Shodokan e ajudou a criar o Kokusai Karate Kobudo Renmei (Federação Internacional de Karate e Kobudo). Seu filho Seikichi Higa (1927-1999) foi seu sucessor. Mestres como Kanki Izumigawa (1908-1969, Senbukan), Seiichi Y. Akamine, Seikichi Toguchi, Choyu Kiyuna (1931-, Seidokan) e outros também foram alunos seus.


Chohatsu Kyoda (1886-1968): foi um dos primeiros alunos do mestre Higashionna, junto com o mestre Miyagui. Criou o estilo Toon-Ryu.

Também os mestres Kanken Toyama, Kenwa Mabuni e Tatsuo Shimabuku (1908-1975) mencionados anteriormente como alunos do Shuri-te aprenderam Naha-te com o mestre Higashionna e/ou o mestre Miyagui.
Outro grande mestre da cidade de Naha foi Kanbun Uechi (1877-1948): este mestre okinawense estudou durante vários anos Kempo na China e trouxe seu estilo para Okinawa e o Japão, ensinando-o sob o nome de Uechi-Ryu, um estilo que também faz ênfase na tensão e respiração, como o Goju-Ryu, utilizando muitas técnicas de mão aberta nos seus Kata. Após a sua morte, seu filho Kanei herdou a escola.


Mestres como Anko Itosu e Chojun Miyagui foram responsáveis pelo crescimento e difusão do Karate-do em Okinawa, ensinado-o nas escolas e na academia de polícia.


(volta ao inicio )
O Karate-do no Japão
O Karate foi introduzido no Japão recém na década de 1920 e sofreu algumas modificações. Como foi dito anteriormente, o significado do ideograma (símbolo da escrita japonesa) Kara significava ?Chinesa? e devido a que o Japão e a China haviam entrado em guerra muitas vezes ao longo da história, inclusive recentemente, os japoneses não iriam aceitar essa arte no seu país. Ainda, o Karate não tinha, até então, um método de ensino formal e padrão, sendo ensinado por cada mestre segundo o seu gosto particular, nem mesmo havendo um uniforme (gui) especial como os das outras artes marciais japonesas como o Kendo e o Judo, por exemplo. Tudo isto exigiu mudanças para que esta arte okinawense pudesse ser aceita pela sociedade e a cultura japonesa.

(Tode-jutsu Karate-do)

Os ideogramas japoneses podem ser lidos de duas maneiras (?kun? e ?un?) segundo o seu significado ou pronuncia chinesa ou japonesa. Existe outro ideograma com a mesma pronuncia ?Kara? do Karate, mas com outro significado que não ?chinesa?. Este outro ideograma tem origem no termo Sunya ou Sunyata do sânscrito que significa ?zero?, ?vazio?, e é muito usado na tradição Zen-Budista com esse significado. Vários dos mestres que queriam introduzir o Karate-do no Japão decidiram adotar este outro símbolo e também trocar a expressão ?jutsu? (técnica ou arte) por ?do? que deriva da palavra chinesa ?tao? (via, caminho). Este nome pareceu, então, apropriado já que descreve uma arte de luta sem armas e também duas características importantes do Zen-Budismo: a ?mente vazia? (sem preocupações, ódio, inveja ou desejo) e o ?caminho?, a ?via? que devemos transitar para chegar à iluminação.

O passo seguinte foi a adoção do karate-gui ("kimono") branco, um uniforme igual para todos, e o sistema de faixas e graduações de Kyus (faixas coloridas, da branca até a marrom) e Dans (do 1o ao 10o grau para os faixas-preta) similar ao que era usado no Judo.

No ano de 1933, o Dai Nippon Butokukai, órgão japonês encarregado das artes marciais, reconheceu oficialmente o Karate-do como arte marcial.


Posteriormente, no Japão, foram criados outros estilos de Karate-do, alguns dos quais são muito conhecidos no mundo todo:
O mestre Hironori Ohtsuka (1892-1982) era praticante avançado de Ju-jutsu e aprendeu Karate-do com o mestre Funakoshi, quando este o introduziu no Japão e posteriormente com o Mestre K. Mabuni. No ano de 1931, o mestre Ohtsuka decidiu fundar seu estilo chamando-o Wado-Ryu, sendo o primeiro japonês (não okinawense) a criar um estilo de Karate-do.
Gogen Yamaguchi (1909-1989) aprendeu Goju-Ryu com com Jitsuei Yogi e com o mestre Miyagui, quando este visitou o Japão central. Foi o criador da linha Goju-Kai no Japão.
Matsutatsu Oyama (1924-1994), nasceu na Coréia e seu verdadeiro nome era Hyung Yee. Quando criança, no seu país natal, aprendeu Chabee (uma combinação coreana de Ju-jutsu e Kempo). Depois, aprendeu Karate-do Shotokan no Japão mas buscou novas formas de treinamento e de luta criando em 1961 o Kyokushin-Kai . Também teve a oportunidade de aprender e intercambiar técnicas com Gogen Yamaguchi e outros mestres de Karate-do e Kung-fu .


Hoje em dia são muitos os diferentes estilos reconhecidos oficialmente pela federação mundial de Karate-do e falar de cada um deles seria demais para esta pequena contribuição. A idéia deste trabalho é fazer uma pequena introdução sobre a história do Karate-do e dos estilos mais antigos para compartilhar com os nossos Otogai. Cabe dizer que outras artes marciais no Japão e em vários outros países da Ásia também foram influenciados pelo Kempo chinês e tiveram um desenvolvimento muito importante.


Agradecimentos:
Gostaria de agradecer aos Shihan Raúl e Roberto Fernández de la Reguera e ao meu Sensei Radko Balcar pelos seus ensinamentos. Também aos colegas e amigos Sempai Jorge Pezaroglo, Roberto Chocho e Alexandre Zenku Garcia pelo material e as sugestões para complementar este artigo. Ao Sensei Hélio Vaz e o Sempai Cássio Shiten Franco pelo seu apoio para que pudesse desenvolver minhas atividades em Rio Grande.

Gonzalo Velasco C. (Ken-Shin-Kan Karate-do), 1a edição = Maio de 1999.
Copyright! (Favor não copiar sem permissão direta do autor)
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* ATENÇÃO: Esta monografia é fruto do conhecimento repassado oralmente pelos meus Sensei e Sempai e da leitura de muitas revistas, livros e página de internet de diferentes estilos. Seria muito difícil enumerar todos aqui, mas com certeza este trabalho não é uma cópia do trabalho de outras pessoas, mas minha análise e conclusões em base a todo esse material. Não copie daqui sem permissão e sem citar esta página, por favor.

Recomendo a leitura das seguintes fontes, entre outras:
Bishop, M., 1999, "Okinawan Karate - teachers, styles and secret techniques"., Tuttle Publishing, 176 p.
Nagamine, S., 2000, "Tales of Okinawa?s great masters". (traducido por P. McCarthy) Tuttle Publishing, 170 p.
McCarthy, P., 1995, " Bubishi - The Bible of Karate". Charles Tuttle Co. 215 p.
Tamano, T., 1992, "Curso de Karate - El Karate Goju-Ryu". Del Vecchi Ed., 142 p.
Budo International Publishing Co. - Revista Cinturón negro (España) - vários números.
Ken-Shin-Kan Chile (Ed.), 1992 -Revista Sanchin.
Barret, J. (Ed.) - Revista Uruguay Dojo (Uruguai) - vários números.
Página do Shihan Roberto Fernández de la Reguera - http://www.kenshinkanakamine.cl/
Página do Sensei John Porta - http://www.portaskarate.org/shobumain.html
Página da Prefectura de Okinawa - http://www.pref.okinawa.jp/summit/a_la/tokusyu_11/index.html



Uma breve história do Karate-do is licensed under a Creative Commons Atribuição-Uso Não-Comercial-Vedada a Criação de Obras Derivadas 3.0 License.


A ilha de Okinawa

Okinawa é uma ilha do arquipélago Ryu-Kyu, que pertence hoje ao Japão mas que teve um rei próprio e ao longo da sua história foi cobiçada e conquistada tanto pelo império chinês como pelo japonês. Devido a isso, existiu um fluxo constante, cultural e econômico, entre a China (a grande potência cultural da época) e a ilha de Okinawa assim como com outras regiões da Ásia.
Devido ao domínio dos diversos impérios, sobre tudo o japonês, os okinawenses foram proibidos de portar e usar qualquer tipo de arma ou aprender métodos de luta. Para poder defender-se dos agressores, o povo de Okinawa desenvolveu - em segredo - uma arte de luta sem armas que era chamada simplesmente Di ou Te (?mão? em japonês) ou Okinawa-te (?mão de Okinawa?) e outra arte de luta utilizando instrumentos de lavoura, pesca e outras ferramentas, chamada Kobudo . Um dos mestres mais famosos do Okinawa-te foi o mestre "Tode" Sakugawa (1733-1815), quem além de conhecer o Okinawa-te recebera ensinamentos do mestre chinês Kusankun, que ensinara em Okinawa nos anos 1750'.
Graças ao fluxo de pessoas (monges, soldados, comerciantes e imigrantes) e de cultura entre Okinawa e a China, o Okinawa-te foi enriquecido pelo Kempo chinês. Desta forma a arte de luta foi transformada e começou a ser chamada de To-de ou To-te . A palavra ?To? representava primeiro a dinastia Tang, da China, e posteriormente passou a representar a própria China; To-de significava, então, ?mão chinesa? devido à grande influência do Kempo sobre esta arte marcial okinawense.

Haviam naquela época três cidades muito importantes em Okinawa: Shuri (a capital), Naha e Tomari, e devido ao desenvolvimento do To-de em cada uma delas ser um pouco diferente, cada ?estilo? adotou o nome da cidade onde estava sendo desenvolvido. Assim surgiram o Shuri-te, o Naha-te e o Tomari-te.
O Shuri-te era um estilo considerado como derivado do ?Shaolin externo?, bastante explosivo e rápido. Um dos grandes mestres deste estilo foi Sokon "Bushi " Matsumura (1809-1901), aluno do mestre Sakugawa (e este do enviado chinês Kushankun) e alguns mestres chineses que viviam em Okinawa. Este mestre ensinou sua arte não só aos habitantes de Shuri como a alguns praticantes das outras cidades. Outro mestre reconhecido dessa época foi Seisho Tsuji Penchin Aragaki (1840-1920).
O Naha-te era um estilo forte e que fazia ênfase na respiração e como tal, foi descrito como ?Shaolin interno?, sendo seu representante mais célebre o mestre Kanryo Higashionna (1853-1915). Antes da formação dos estilos derivados foi chamado de Shorei-Ryu.
O Tomari-te era um estilo intermediário, muito similar ao Shuri-Te, mas só era praticado por poucas pessoas, a maioria militares dessa cidade. Mestres como Kosaku Matsumora (1829-1899) e depois Kokan Oyadamari e Choki Motobu (1871-1945) ensinaram esta arte que depois se misturou com o Shuri-te para gerar o Shorin-Ryu moderno.

Estes três estilos (posteriormente denominados em conjunto Karate-jutsu que significava ?técnica ou arte da mão chinesa?, por ser essa a origem desta arte) foram evoluindo, diferenciando-se até que no começo do século XX, os alunos da primeira linhagem de cada um deles geraram os principais estilos do Karate-do moderno. Nos diferentes Katas (?formas?, seqüências de movimentos simbolizando situações de defesa e contra-ataque) pode-se apreciar as semelhanças e as diferenças destas grandes ramas do Karate-do.


(volta ao inicio )
O Shuri-te
Entre os mais famosos mestres do Shuri-te estão Yasutsune Anko Itosu (1832-1915) (na figura ao lado), Anko Azato (1827-1906), Chomo Hanashiro (1869-1945), Chotoku Kyan (1870-1945), etc. Os seus alunos viraram mestres, ao seu tempo, e criaram alguns dos estilos atuais. Esta rama do Karate-do foi originariamente denominada Shorin-Ryu (sendo que ?Shorin? é a pronuncia japonesa de ?Shaolin?) e dividiu-se em três estilos chamados Kobayashi-Ryu, Shobayashi-Ryu e Matsubayashi-Ryu.

Alguns dos mais conhecidos mestres desta rama do Karate-do são:

Chosin Chibana (1885-1969): continuou a linha de Shorin-Ryu do mestre Itosu chamando-a Kobayashi-Ryu (Shorin-Ryu). Depois da sua morte Katsuya Miyahira liderou o Shorin-Ryu Shido-kan e Shugoro Nakazato (1921-) o Shorin-Ryu Shorin-kan.
Gichin Funakoshi (1868-1957): aluno dos mestres Azato e Itosu e também do mestre Matsumura e outros mestres. É um dos responsáveis da difusão do Shuri-te no Japão. Apesar de não querer dar nome ao seu estilo, este ficou conhecido como Shotokan, um dos estilos mais difundidos hoje em dia. Entre seu alunos destacaram-se Shigeru Egami (1912-1981, Shotokai), Masatoshi Nakayama (1913-1987, NKK), Hidetaka Nishiyama (1928-, ITKF) e Hirokazu Kanazawa (1931-, SKIF).
Kenwa Mabuni (1889-1952): um dos melhores alunos do mestre Itosu. Também foi aluno do mestres Higashionna e Miyagui do Naha-te . Mudou-se para o Japão para ensinar Karate-do do estilo que primeiramente chamou Itosu-Kay até que em 1937 criou o estilo Shito-Ryu , que combina aspectos do Shuri-te e do Naha-te. O nome do seu estilo deriva dos caracteres dos nomes dos seus dois mestres Itosu e Higashionna. Após a sua morte, seu filho Kenei herdou o Shito-Ryu e seu aluno Ryusho Sakagami continuou o Itosu-Kai Shito-Ryu.
Shoshin Nagamine (1903-1997): aluno dos mestres Ankichi Arakaki, C. Motobu, C. Kyan (Tomari) e Y. Itosu (Shuri), foi o fundador do Matsubayashi-Ryu. Seu sucessor foi seu filho Takayoshi. Junto com o mestre C. Miyagui criariam dois Fukyu-Kata, Kata comum às duas linhas de Karate-do (Shorin e Shorei).


Eizo e Tatsuo Shimabuku: Estes dois irmãos foram alunos do mestre C. Kyan. O primeiro continuou a linha Shobayashi-Ryu de Shorin-Ryu que se expandiu bastante nos Estados Unidos a través dos marinheiros das bases navais em Okinawa. O segundo, que também foi aluno do mestre Miyagui (Goju-Ryu), foi o fundador do estilo Isshin-Ryu que combina Shuri-te e Naha-te.

Kanken Toyama (1888-1966): começou a aprender o Okinawa-te com o mestre Itarashiki e depois foi discípulo do mestre Itosu. Junto com o mestre Funakoshi foram os denominados ?Shibaushi? (protegidos) do seu mestre. Também foi aluno do mestre Higashionna (Naha-te). Fundou do estilo Shudokan.


(volta ao inicio )
O Naha-te
O mais antigo e importante mestre do Naha-te foi o mestre Kanryo Higashionna (Higanuma ou Higaonna) (1853-1915). Este mestre aprendeu o Okinawa-te de S. Matsumura e S. Aragaki, e teve a oportunidade de viajar para a China onde viveu durante ~ 13 anos. Ali, aprendeu o Kempo com os mestres Ryu Ryu Ko, Wai Xinxian e talvez outros mestres. Retornando à sua cidade de origem (Naha) ensinou sua arte. Alguns dos seus alunos criaram estilos de Karate-do bastante conhecidos hoje em dia e outros menos conhecidos.


Chojun Miyagui (1888-1953): foi o mais importante e provavelmente o mais conhecido discípulo do mestre Higashionna. O mestre Miyagui abrigou o mestre Higashionna na sua casa, quando este estava idoso, e continuou a escola quando ele morreu. Também viajou à China várias vezes, seguindo os passos do seu mestre. Em 1929 (na época em que a maioria dos mestres estavam dando os nomes aos seus estilos) o mestre Miyagui decidiu chamar o seu estilo de Goju-Ryu, nome que explica a característica de combinar o duro (Go) com o suave (Ju), força e flexibilidade. Foi um dos primeiros mestres a criar um sistema de ensino para o Karate-do. Alguns dos mestres criadores de escolas dentro do estilo Goju-Ryu , foram alunos diretos seus: Jin'an Shinzato (1901-1945), Meitoku Yagi (1912-2003, Meibukan), Seikichi Toguchi (1917-1998, Shoreikan), Seiichi Y. Akamine (1920-1995, Ken-Shin-Kan), Ei'ichi Miyasato (1921-1999, Jundokan), An'Ichi Miyagui (1931-, IOGKF), etc.
Seko Higa (1889-1966): este mestre não é tão conhecido para algumas linhas de Goju-Ryu, mas foi sem dúvidas um dos melhores alunos do mestre Higashionna e um fiel seguidor da sua mística e filosofia. Após a morte do seu mestre, foi o braço direito do mestre Miyagui e o único autorizado a ensinar Goju-Ryu fora do Dojo de Miyagui. Chamou à sua escola de Shodokan e ajudou a criar o Kokusai Karate Kobudo Renmei (Federação Internacional de Karate e Kobudo). Seu filho Seikichi Higa (1927-1999) foi seu sucessor. Mestres como Kanki Izumigawa (1908-1969, Senbukan), Seiichi Y. Akamine, Seikichi Toguchi, Choyu Kiyuna (1931-, Seidokan) e outros também foram alunos seus.


Chohatsu Kyoda (1886-1968): foi um dos primeiros alunos do mestre Higashionna, junto com o mestre Miyagui. Criou o estilo Toon-Ryu.

Também os mestres Kanken Toyama, Kenwa Mabuni e Tatsuo Shimabuku (1908-1975) mencionados anteriormente como alunos do Shuri-te aprenderam Naha-te com o mestre Higashionna e/ou o mestre Miyagui.
Outro grande mestre da cidade de Naha foi Kanbun Uechi (1877-1948): este mestre okinawense estudou durante vários anos Kempo na China e trouxe seu estilo para Okinawa e o Japão, ensinando-o sob o nome de Uechi-Ryu, um estilo que também faz ênfase na tensão e respiração, como o Goju-Ryu, utilizando muitas técnicas de mão aberta nos seus Kata. Após a sua morte, seu filho Kanei herdou a escola.


Mestres como Anko Itosu e Chojun Miyagui foram responsáveis pelo crescimento e difusão do Karate-do em Okinawa, ensinado-o nas escolas e na academia de polícia.


(volta ao inicio )
O Karate-do no Japão
O Karate foi introduzido no Japão recém na década de 1920 e sofreu algumas modificações. Como foi dito anteriormente, o significado do ideograma (símbolo da escrita japonesa) Kara significava ?Chinesa? e devido a que o Japão e a China haviam entrado em guerra muitas vezes ao longo da história, inclusive recentemente, os japoneses não iriam aceitar essa arte no seu país. Ainda, o Karate não tinha, até então, um método de ensino formal e padrão, sendo ensinado por cada mestre segundo o seu gosto particular, nem mesmo havendo um uniforme (gui) especial como os das outras artes marciais japonesas como o Kendo e o Judo, por exemplo. Tudo isto exigiu mudanças para que esta arte okinawense pudesse ser aceita pela sociedade e a cultura japonesa.

(Tode-jutsu Karate-do)

Os ideogramas japoneses podem ser lidos de duas maneiras (?kun? e ?un?) segundo o seu significado ou pronuncia chinesa ou japonesa. Existe outro ideograma com a mesma pronuncia ?Kara? do Karate, mas com outro significado que não ?chinesa?. Este outro ideograma tem origem no termo Sunya ou Sunyata do sânscrito que significa ?zero?, ?vazio?, e é muito usado na tradição Zen-Budista com esse significado. Vários dos mestres que queriam introduzir o Karate-do no Japão decidiram adotar este outro símbolo e também trocar a expressão ?jutsu? (técnica ou arte) por ?do? que deriva da palavra chinesa ?tao? (via, caminho). Este nome pareceu, então, apropriado já que descreve uma arte de luta sem armas e também duas características importantes do Zen-Budismo: a ?mente vazia? (sem preocupações, ódio, inveja ou desejo) e o ?caminho?, a ?via? que devemos transitar para chegar à iluminação.

O passo seguinte foi a adoção do karate-gui ("kimono") branco, um uniforme igual para todos, e o sistema de faixas e graduações de Kyus (faixas coloridas, da branca até a marrom) e Dans (do 1o ao 10o grau para os faixas-preta) similar ao que era usado no Judo.

No ano de 1933, o Dai Nippon Butokukai, órgão japonês encarregado das artes marciais, reconheceu oficialmente o Karate-do como arte marcial.


Posteriormente, no Japão, foram criados outros estilos de Karate-do, alguns dos quais são muito conhecidos no mundo todo:
O mestre Hironori Ohtsuka (1892-1982) era praticante avançado de Ju-jutsu e aprendeu Karate-do com o mestre Funakoshi, quando este o introduziu no Japão e posteriormente com o Mestre K. Mabuni. No ano de 1931, o mestre Ohtsuka decidiu fundar seu estilo chamando-o Wado-Ryu, sendo o primeiro japonês (não okinawense) a criar um estilo de Karate-do.
Gogen Yamaguchi (1909-1989) aprendeu Goju-Ryu com com Jitsuei Yogi e com o mestre Miyagui, quando este visitou o Japão central. Foi o criador da linha Goju-Kai no Japão.
Matsutatsu Oyama (1924-1994), nasceu na Coréia e seu verdadeiro nome era Hyung Yee. Quando criança, no seu país natal, aprendeu Chabee (uma combinação coreana de Ju-jutsu e Kempo). Depois, aprendeu Karate-do Shotokan no Japão mas buscou novas formas de treinamento e de luta criando em 1961 o Kyokushin-Kai . Também teve a oportunidade de aprender e intercambiar técnicas com Gogen Yamaguchi e outros mestres de Karate-do e Kung-fu .


Hoje em dia são muitos os diferentes estilos reconhecidos oficialmente pela federação mundial de Karate-do e falar de cada um deles seria demais para esta pequena contribuição. A idéia deste trabalho é fazer uma pequena introdução sobre a história do Karate-do e dos estilos mais antigos para compartilhar com os nossos Otogai. Cabe dizer que outras artes marciais no Japão e em vários outros países da Ásia também foram influenciados pelo Kempo chinês e tiveram um desenvolvimento muito importante.


Agradecimentos:
Gostaria de agradecer aos Shihan Raúl e Roberto Fernández de la Reguera e ao meu Sensei Radko Balcar pelos seus ensinamentos. Também aos colegas e amigos Sempai Jorge Pezaroglo, Roberto Chocho e Alexandre Zenku Garcia pelo material e as sugestões para complementar este artigo. Ao Sensei Hélio Vaz e o Sempai Cássio Shiten Franco pelo seu apoio para que pudesse desenvolver minhas atividades em Rio Grande.

Gonzalo Velasco C. (Ken-Shin-Kan Karate-do), 1a edição = Maio de 1999.
Copyright! (Favor não copiar sem permissão direta do autor)
(volta ao inicio)
Volta à página inicial
* ATENÇÃO: Esta monografia é fruto do conhecimento repassado oralmente pelos meus Sensei e Sempai e da leitura de muitas revistas, livros e página de internet de diferentes estilos. Seria muito difícil enumerar todos aqui, mas com certeza este trabalho não é uma cópia do trabalho de outras pessoas, mas minha análise e conclusões em base a todo esse material. Não copie daqui sem permissão e sem citar esta página, por favor.

Recomendo a leitura das seguintes fontes, entre outras:
Bishop, M., 1999, "Okinawan Karate - teachers, styles and secret techniques"., Tuttle Publishing, 176 p.
Nagamine, S., 2000, "Tales of Okinawa?s great masters". (traducido por P. McCarthy) Tuttle Publishing, 170 p.
McCarthy, P., 1995, " Bubishi - The Bible of Karate". Charles Tuttle Co. 215 p.
Tamano, T., 1992, "Curso de Karate - El Karate Goju-Ryu". Del Vecchi Ed., 142 p.
Budo International Publishing Co. - Revista Cinturón negro (España) - vários números.
Ken-Shin-Kan Chile (Ed.), 1992 -Revista Sanchin.
Barret, J. (Ed.) - Revista Uruguay Dojo (Uruguai) - vários números.
Página do Shihan Roberto Fernández de la Reguera - http://www.kenshinkanakamine.cl/
Página do Sensei John Porta - http://www.portaskarate.org/shobumain.html
Página da Prefectura de Okinawa - http://www.pref.okinawa.jp/summit/a_la/tokusyu_11/index.html



Uma breve história do Karate-do is licensed under a Creative Commons Atribuição-Uso Não-Comercial-Vedada a Criação de Obras Derivadas 3.0 License.
Based on a work at www.geocities.com.

O Shuri-te
Entre os mais famosos mestres do Shuri-te estão Yasutsune Anko Itosu (1832-1915) (na figura ao lado), Anko Azato (1827-1906), Chomo Hanashiro (1869-1945), Chotoku Kyan (1870-1945), etc. Os seus alunos viraram mestres, ao seu tempo, e criaram alguns dos estilos atuais. Esta rama do Karate-do foi originariamente denominada Shorin-Ryu (sendo que ?Shorin? é a pronuncia japonesa de ?Shaolin?) e dividiu-se em três estilos chamados Kobayashi-Ryu, Shobayashi-Ryu e Matsubayashi-Ryu.

Alguns dos mais conhecidos mestres desta rama do Karate-do são:

Chosin Chibana (1885-1969): continuou a linha de Shorin-Ryu do mestre Itosu chamando-a Kobayashi-Ryu (Shorin-Ryu). Depois da sua morte Katsuya Miyahira liderou o Shorin-Ryu Shido-kan e Shugoro Nakazato (1921-) o Shorin-Ryu Shorin-kan.
Gichin Funakoshi (1868-1957): aluno dos mestres Azato e Itosu e também do mestre Matsumura e outros mestres. É um dos responsáveis da difusão do Shuri-te no Japão. Apesar de não querer dar nome ao seu estilo, este ficou conhecido como Shotokan, um dos estilos mais difundidos hoje em dia. Entre seu alunos destacaram-se Shigeru Egami (1912-1981, Shotokai), Masatoshi Nakayama (1913-1987, NKK), Hidetaka Nishiyama (1928-, ITKF) e Hirokazu Kanazawa (1931-, SKIF).
Kenwa Mabuni (1889-1952): um dos melhores alunos do mestre Itosu. Também foi aluno do mestres Higashionna e Miyagui do Naha-te . Mudou-se para o Japão para ensinar Karate-do do estilo que primeiramente chamou Itosu-Kay até que em 1937 criou o estilo Shito-Ryu , que combina aspectos do Shuri-te e do Naha-te. O nome do seu estilo deriva dos caracteres dos nomes dos seus dois mestres Itosu e Higashionna. Após a sua morte, seu filho Kenei herdou o Shito-Ryu e seu aluno Ryusho Sakagami continuou o Itosu-Kai Shito-Ryu.
Shoshin Nagamine (1903-1997): aluno dos mestres Ankichi Arakaki, C. Motobu, C. Kyan (Tomari) e Y. Itosu (Shuri), foi o fundador do Matsubayashi-Ryu. Seu sucessor foi seu filho Takayoshi. Junto com o mestre C. Miyagui criariam dois Fukyu-Kata, Kata comum às duas linhas de Karate-do (Shorin e Shorei).


Eizo e Tatsuo Shimabuku: Estes dois irmãos foram alunos do mestre C. Kyan. O primeiro continuou a linha Shobayashi-Ryu de Shorin-Ryu que se expandiu bastante nos Estados Unidos a través dos marinheiros das bases navais em Okinawa. O segundo, que também foi aluno do mestre Miyagui (Goju-Ryu), foi o fundador do estilo Isshin-Ryu que combina Shuri-te e Naha-te.

Kanken Toyama (1888-1966): começou a aprender o Okinawa-te com o mestre Itarashiki e depois foi discípulo do mestre Itosu. Junto com o mestre Funakoshi foram os denominados ?Shibaushi? (protegidos) do seu mestre. Também foi aluno do mestre Higashionna (Naha-te). Fundou do estilo Shudokan.


(volta ao inicio )
O Naha-te
O mais antigo e importante mestre do Naha-te foi o mestre Kanryo Higashionna (Higanuma ou Higaonna) (1853-1915). Este mestre aprendeu o Okinawa-te de S. Matsumura e S. Aragaki, e teve a oportunidade de viajar para a China onde viveu durante ~ 13 anos. Ali, aprendeu o Kempo com os mestres Ryu Ryu Ko, Wai Xinxian e talvez outros mestres. Retornando à sua cidade de origem (Naha) ensinou sua arte. Alguns dos seus alunos criaram estilos de Karate-do bastante conhecidos hoje em dia e outros menos conhecidos.


Chojun Miyagui (1888-1953): foi o mais importante e provavelmente o mais conhecido discípulo do mestre Higashionna. O mestre Miyagui abrigou o mestre Higashionna na sua casa, quando este estava idoso, e continuou a escola quando ele morreu. Também viajou à China várias vezes, seguindo os passos do seu mestre. Em 1929 (na época em que a maioria dos mestres estavam dando os nomes aos seus estilos) o mestre Miyagui decidiu chamar o seu estilo de Goju-Ryu, nome que explica a característica de combinar o duro (Go) com o suave (Ju), força e flexibilidade. Foi um dos primeiros mestres a criar um sistema de ensino para o Karate-do. Alguns dos mestres criadores de escolas dentro do estilo Goju-Ryu , foram alunos diretos seus: Jin'an Shinzato (1901-1945), Meitoku Yagi (1912-2003, Meibukan), Seikichi Toguchi (1917-1998, Shoreikan), Seiichi Y. Akamine (1920-1995, Ken-Shin-Kan), Ei'ichi Miyasato (1921-1999, Jundokan), An'Ichi Miyagui (1931-, IOGKF), etc.
Seko Higa (1889-1966): este mestre não é tão conhecido para algumas linhas de Goju-Ryu, mas foi sem dúvidas um dos melhores alunos do mestre Higashionna e um fiel seguidor da sua mística e filosofia. Após a morte do seu mestre, foi o braço direito do mestre Miyagui e o único autorizado a ensinar Goju-Ryu fora do Dojo de Miyagui. Chamou à sua escola de Shodokan e ajudou a criar o Kokusai Karate Kobudo Renmei (Federação Internacional de Karate e Kobudo). Seu filho Seikichi Higa (1927-1999) foi seu sucessor. Mestres como Kanki Izumigawa (1908-1969, Senbukan), Seiichi Y. Akamine, Seikichi Toguchi, Choyu Kiyuna (1931-, Seidokan) e outros também foram alunos seus.


Chohatsu Kyoda (1886-1968): foi um dos primeiros alunos do mestre Higashionna, junto com o mestre Miyagui. Criou o estilo Toon-Ryu.

Também os mestres Kanken Toyama, Kenwa Mabuni e Tatsuo Shimabuku (1908-1975) mencionados anteriormente como alunos do Shuri-te aprenderam Naha-te com o mestre Higashionna e/ou o mestre Miyagui.
Outro grande mestre da cidade de Naha foi Kanbun Uechi (1877-1948): este mestre okinawense estudou durante vários anos Kempo na China e trouxe seu estilo para Okinawa e o Japão, ensinando-o sob o nome de Uechi-Ryu, um estilo que também faz ênfase na tensão e respiração, como o Goju-Ryu, utilizando muitas técnicas de mão aberta nos seus Kata. Após a sua morte, seu filho Kanei herdou a escola.


Mestres como Anko Itosu e Chojun Miyagui foram responsáveis pelo crescimento e difusão do Karate-do em Okinawa, ensinado-o nas escolas e na academia de polícia.


(volta ao inicio )
O Karate-do no Japão
O Karate foi introduzido no Japão recém na década de 1920 e sofreu algumas modificações. Como foi dito anteriormente, o significado do ideograma (símbolo da escrita japonesa) Kara significava ?Chinesa? e devido a que o Japão e a China haviam entrado em guerra muitas vezes ao longo da história, inclusive recentemente, os japoneses não iriam aceitar essa arte no seu país. Ainda, o Karate não tinha, até então, um método de ensino formal e padrão, sendo ensinado por cada mestre segundo o seu gosto particular, nem mesmo havendo um uniforme (gui) especial como os das outras artes marciais japonesas como o Kendo e o Judo, por exemplo. Tudo isto exigiu mudanças para que esta arte okinawense pudesse ser aceita pela sociedade e a cultura japonesa.

(Tode-jutsu Karate-do)

Os ideogramas japoneses podem ser lidos de duas maneiras (?kun? e ?un?) segundo o seu significado ou pronuncia chinesa ou japonesa. Existe outro ideograma com a mesma pronuncia ?Kara? do Karate, mas com outro significado que não ?chinesa?. Este outro ideograma tem origem no termo Sunya ou Sunyata do sânscrito que significa ?zero?, ?vazio?, e é muito usado na tradição Zen-Budista com esse significado. Vários dos mestres que queriam introduzir o Karate-do no Japão decidiram adotar este outro símbolo e também trocar a expressão ?jutsu? (técnica ou arte) por ?do? que deriva da palavra chinesa ?tao? (via, caminho). Este nome pareceu, então, apropriado já que descreve uma arte de luta sem armas e também duas características importantes do Zen-Budismo: a ?mente vazia? (sem preocupações, ódio, inveja ou desejo) e o ?caminho?, a ?via? que devemos transitar para chegar à iluminação.

O passo seguinte foi a adoção do karate-gui ("kimono") branco, um uniforme igual para todos, e o sistema de faixas e graduações de Kyus (faixas coloridas, da branca até a marrom) e Dans (do 1o ao 10o grau para os faixas-preta) similar ao que era usado no Judo.

No ano de 1933, o Dai Nippon Butokukai, órgão japonês encarregado das artes marciais, reconheceu oficialmente o Karate-do como arte marcial.


Posteriormente, no Japão, foram criados outros estilos de Karate-do, alguns dos quais são muito conhecidos no mundo todo:
O mestre Hironori Ohtsuka (1892-1982) era praticante avançado de Ju-jutsu e aprendeu Karate-do com o mestre Funakoshi, quando este o introduziu no Japão e posteriormente com o Mestre K. Mabuni. No ano de 1931, o mestre Ohtsuka decidiu fundar seu estilo chamando-o Wado-Ryu, sendo o primeiro japonês (não okinawense) a criar um estilo de Karate-do.
Gogen Yamaguchi (1909-1989) aprendeu Goju-Ryu com com Jitsuei Yogi e com o mestre Miyagui, quando este visitou o Japão central. Foi o criador da linha Goju-Kai no Japão.
Matsutatsu Oyama (1924-1994), nasceu na Coréia e seu verdadeiro nome era Hyung Yee. Quando criança, no seu país natal, aprendeu Chabee (uma combinação coreana de Ju-jutsu e Kempo). Depois, aprendeu Karate-do Shotokan no Japão mas buscou novas formas de treinamento e de luta criando em 1961 o Kyokushin-Kai . Também teve a oportunidade de aprender e intercambiar técnicas com Gogen Yamaguchi e outros mestres de Karate-do e Kung-fu .


Hoje em dia são muitos os diferentes estilos reconhecidos oficialmente pela federação mundial de Karate-do e falar de cada um deles seria demais para esta pequena contribuição. A idéia deste trabalho é fazer uma pequena introdução sobre a história do Karate-do e dos estilos mais antigos para compartilhar com os nossos Otogai. Cabe dizer que outras artes marciais no Japão e em vários outros países da Ásia também foram influenciados pelo Kempo chinês e tiveram um desenvolvimento muito importante.


Agradecimentos:
Gostaria de agradecer aos Shihan Raúl e Roberto Fernández de la Reguera e ao meu Sensei Radko Balcar pelos seus ensinamentos. Também aos colegas e amigos Sempai Jorge Pezaroglo, Roberto Chocho e Alexandre Zenku Garcia pelo material e as sugestões para complementar este artigo. Ao Sensei Hélio Vaz e o Sempai Cássio Shiten Franco pelo seu apoio para que pudesse desenvolver minhas atividades em Rio Grande.

Gonzalo Velasco C. (Ken-Shin-Kan Karate-do), 1a edição = Maio de 1999.
Copyright! (Favor não copiar sem permissão direta do autor)
(volta ao inicio)
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* ATENÇÃO: Esta monografia é fruto do conhecimento repassado oralmente pelos meus Sensei e Sempai e da leitura de muitas revistas, livros e página de internet de diferentes estilos. Seria muito difícil enumerar todos aqui, mas com certeza este trabalho não é uma cópia do trabalho de outras pessoas, mas minha análise e conclusões em base a todo esse material. Não copie daqui sem permissão e sem citar esta página, por favor.

Recomendo a leitura das seguintes fontes, entre outras:
Bishop, M., 1999, "Okinawan Karate - teachers, styles and secret techniques"., Tuttle Publishing, 176 p.
Nagamine, S., 2000, "Tales of Okinawa?s great masters". (traducido por P. McCarthy) Tuttle Publishing, 170 p.
McCarthy, P., 1995, " Bubishi - The Bible of Karate". Charles Tuttle Co. 215 p.
Tamano, T., 1992, "Curso de Karate - El Karate Goju-Ryu". Del Vecchi Ed., 142 p.
Budo International Publishing Co. - Revista Cinturón negro (España) - vários números.
Ken-Shin-Kan Chile (Ed.), 1992 -Revista Sanchin.
Barret, J. (Ed.) - Revista Uruguay Dojo (Uruguai) - vários números.
Página do Shihan Roberto Fernández de la Reguera - http://www.kenshinkanakamine.cl/
Página do Sensei John Porta - http://www.portaskarate.org/shobumain.html
Página da Prefectura de Okinawa - http://www.pref.okinawa.jp/summit/a_la/tokusyu_11/index.html



Uma breve história do Karate-do is licensed under a Creative Commons Atribuição-Uso Não-Comercial-Vedada a Criação de Obras Derivadas 3.0 License.
Based on a work at www.geocities.com.

O Shuri-te
Entre os mais famosos mestres do Shuri-te estão Yasutsune Anko Itosu (1832-1915) (na figura ao lado), Anko Azato (1827-1906), Chomo Hanashiro (1869-1945), Chotoku Kyan (1870-1945), etc. Os seus alunos viraram mestres, ao seu tempo, e criaram alguns dos estilos atuais. Esta rama do Karate-do foi originariamente denominada Shorin-Ryu (sendo que ?Shorin? é a pronuncia japonesa de ?Shaolin?) e dividiu-se em três estilos chamados Kobayashi-Ryu, Shobayashi-Ryu e Matsubayashi-Ryu.

Alguns dos mais conhecidos mestres desta rama do Karate-do são:

Chosin Chibana (1885-1969): continuou a linha de Shorin-Ryu do mestre Itosu chamando-a Kobayashi-Ryu (Shorin-Ryu). Depois da sua morte Katsuya Miyahira liderou o Shorin-Ryu Shido-kan e Shugoro Nakazato (1921-) o Shorin-Ryu Shorin-kan.
Gichin Funakoshi (1868-1957): aluno dos mestres Azato e Itosu e também do mestre Matsumura e outros mestres. É um dos responsáveis da difusão do Shuri-te no Japão. Apesar de não querer dar nome ao seu estilo, este ficou conhecido como Shotokan, um dos estilos mais difundidos hoje em dia. Entre seu alunos destacaram-se Shigeru Egami (1912-1981, Shotokai), Masatoshi Nakayama (1913-1987, NKK), Hidetaka Nishiyama (1928-, ITKF) e Hirokazu Kanazawa (1931-, SKIF).
Kenwa Mabuni (1889-1952): um dos melhores alunos do mestre Itosu. Também foi aluno do mestres Higashionna e Miyagui do Naha-te . Mudou-se para o Japão para ensinar Karate-do do estilo que primeiramente chamou Itosu-Kay até que em 1937 criou o estilo Shito-Ryu , que combina aspectos do Shuri-te e do Naha-te. O nome do seu estilo deriva dos caracteres dos nomes dos seus dois mestres Itosu e Higashionna. Após a sua morte, seu filho Kenei herdou o Shito-Ryu e seu aluno Ryusho Sakagami continuou o Itosu-Kai Shito-Ryu.
Shoshin Nagamine (1903-1997): aluno dos mestres Ankichi Arakaki, C. Motobu, C. Kyan (Tomari) e Y. Itosu (Shuri), foi o fundador do Matsubayashi-Ryu. Seu sucessor foi seu filho Takayoshi. Junto com o mestre C. Miyagui criariam dois Fukyu-Kata, Kata comum às duas linhas de Karate-do (Shorin e Shorei).


Eizo e Tatsuo Shimabuku: Estes dois irmãos foram alunos do mestre C. Kyan. O primeiro continuou a linha Shobayashi-Ryu de Shorin-Ryu que se expandiu bastante nos Estados Unidos a través dos marinheiros das bases navais em Okinawa. O segundo, que também foi aluno do mestre Miyagui (Goju-Ryu), foi o fundador do estilo Isshin-Ryu que combina Shuri-te e Naha-te.

Kanken Toyama (1888-1966): começou a aprender o Okinawa-te com o mestre Itarashiki e depois foi discípulo do mestre Itosu. Junto com o mestre Funakoshi foram os denominados ?Shibaushi? (protegidos) do seu mestre. Também foi aluno do mestre Higashionna (Naha-te). Fundou do estilo Shudokan.


(volta ao inicio )
O Naha-te
O mais antigo e importante mestre do Naha-te foi o mestre Kanryo Higashionna (Higanuma ou Higaonna) (1853-1915). Este mestre aprendeu o Okinawa-te de S. Matsumura e S. Aragaki, e teve a oportunidade de viajar para a China onde viveu durante ~ 13 anos. Ali, aprendeu o Kempo com os mestres Ryu Ryu Ko, Wai Xinxian e talvez outros mestres. Retornando à sua cidade de origem (Naha) ensinou sua arte. Alguns dos seus alunos criaram estilos de Karate-do bastante conhecidos hoje em dia e outros menos conhecidos.


Chojun Miyagui (1888-1953): foi o mais importante e provavelmente o mais conhecido discípulo do mestre Higashionna. O mestre Miyagui abrigou o mestre Higashionna na sua casa, quando este estava idoso, e continuou a escola quando ele morreu. Também viajou à China várias vezes, seguindo os passos do seu mestre. Em 1929 (na época em que a maioria dos mestres estavam dando os nomes aos seus estilos) o mestre Miyagui decidiu chamar o seu estilo de Goju-Ryu, nome que explica a característica de combinar o duro (Go) com o suave (Ju), força e flexibilidade. Foi um dos primeiros mestres a criar um sistema de ensino para o Karate-do. Alguns dos mestres criadores de escolas dentro do estilo Goju-Ryu , foram alunos diretos seus: Jin'an Shinzato (1901-1945), Meitoku Yagi (1912-2003, Meibukan), Seikichi Toguchi (1917-1998, Shoreikan), Seiichi Y. Akamine (1920-1995, Ken-Shin-Kan), Ei'ichi Miyasato (1921-1999, Jundokan), An'Ichi Miyagui (1931-, IOGKF), etc.
Seko Higa (1889-1966): este mestre não é tão conhecido para algumas linhas de Goju-Ryu, mas foi sem dúvidas um dos melhores alunos do mestre Higashionna e um fiel seguidor da sua mística e filosofia. Após a morte do seu mestre, foi o braço direito do mestre Miyagui e o único autorizado a ensinar Goju-Ryu fora do Dojo de Miyagui. Chamou à sua escola de Shodokan e ajudou a criar o Kokusai Karate Kobudo Renmei (Federação Internacional de Karate e Kobudo). Seu filho Seikichi Higa (1927-1999) foi seu sucessor. Mestres como Kanki Izumigawa (1908-1969, Senbukan), Seiichi Y. Akamine, Seikichi Toguchi, Choyu Kiyuna (1931-, Seidokan) e outros também foram alunos seus.


Chohatsu Kyoda (1886-1968): foi um dos primeiros alunos do mestre Higashionna, junto com o mestre Miyagui. Criou o estilo Toon-Ryu.

Também os mestres Kanken Toyama, Kenwa Mabuni e Tatsuo Shimabuku (1908-1975) mencionados anteriormente como alunos do Shuri-te aprenderam Naha-te com o mestre Higashionna e/ou o mestre Miyagui.
Outro grande mestre da cidade de Naha foi Kanbun Uechi (1877-1948): este mestre okinawense estudou durante vários anos Kempo na China e trouxe seu estilo para Okinawa e o Japão, ensinando-o sob o nome de Uechi-Ryu, um estilo que também faz ênfase na tensão e respiração, como o Goju-Ryu, utilizando muitas técnicas de mão aberta nos seus Kata. Após a sua morte, seu filho Kanei herdou a escola.


Mestres como Anko Itosu e Chojun Miyagui foram responsáveis pelo crescimento e difusão do Karate-do em Okinawa, ensinado-o nas escolas e na academia de polícia.


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O Karate-do no Japão
O Karate foi introduzido no Japão recém na década de 1920 e sofreu algumas modificações. Como foi dito anteriormente, o significado do ideograma (símbolo da escrita japonesa) Kara significava ?Chinesa? e devido a que o Japão e a China haviam entrado em guerra muitas vezes ao longo da história, inclusive recentemente, os japoneses não iriam aceitar essa arte no seu país. Ainda, o Karate não tinha, até então, um método de ensino formal e padrão, sendo ensinado por cada mestre segundo o seu gosto particular, nem mesmo havendo um uniforme (gui) especial como os das outras artes marciais japonesas como o Kendo e o Judo, por exemplo. Tudo isto exigiu mudanças para que esta arte okinawense pudesse ser aceita pela sociedade e a cultura japonesa.

(Tode-jutsu Karate-do)

Os ideogramas japoneses podem ser lidos de duas maneiras (?kun? e ?un?) segundo o seu significado ou pronuncia chinesa ou japonesa. Existe outro ideograma com a mesma pronuncia ?Kara? do Karate, mas com outro significado que não ?chinesa?. Este outro ideograma tem origem no termo Sunya ou Sunyata do sânscrito que significa ?zero?, ?vazio?, e é muito usado na tradição Zen-Budista com esse significado. Vários dos mestres que queriam introduzir o Karate-do no Japão decidiram adotar este outro símbolo e também trocar a expressão ?jutsu? (técnica ou arte) por ?do? que deriva da palavra chinesa ?tao? (via, caminho). Este nome pareceu, então, apropriado já que descreve uma arte de luta sem armas e também duas características importantes do Zen-Budismo: a ?mente vazia? (sem preocupações, ódio, inveja ou desejo) e o ?caminho?, a ?via? que devemos transitar para chegar à iluminação.

O passo seguinte foi a adoção do karate-gui ("kimono") branco, um uniforme igual para todos, e o sistema de faixas e graduações de Kyus (faixas coloridas, da branca até a marrom) e Dans (do 1o ao 10o grau para os faixas-preta) similar ao que era usado no Judo.

No ano de 1933, o Dai Nippon Butokukai, órgão japonês encarregado das artes marciais, reconheceu oficialmente o Karate-do como arte marcial.


Posteriormente, no Japão, foram criados outros estilos de Karate-do, alguns dos quais são muito conhecidos no mundo todo:
O mestre Hironori Ohtsuka (1892-1982) era praticante avançado de Ju-jutsu e aprendeu Karate-do com o mestre Funakoshi, quando este o introduziu no Japão e posteriormente com o Mestre K. Mabuni. No ano de 1931, o mestre Ohtsuka decidiu fundar seu estilo chamando-o Wado-Ryu, sendo o primeiro japonês (não okinawense) a criar um estilo de Karate-do.
Gogen Yamaguchi (1909-1989) aprendeu Goju-Ryu com com Jitsuei Yogi e com o mestre Miyagui, quando este visitou o Japão central. Foi o criador da linha Goju-Kai no Japão.
Matsutatsu Oyama (1924-1994), nasceu na Coréia e seu verdadeiro nome era Hyung Yee. Quando criança, no seu país natal, aprendeu Chabee (uma combinação coreana de Ju-jutsu e Kempo). Depois, aprendeu Karate-do Shotokan no Japão mas buscou novas formas de treinamento e de luta criando em 1961 o Kyokushin-Kai . Também teve a oportunidade de aprender e intercambiar técnicas com Gogen Yamaguchi e outros mestres de Karate-do e Kung-fu .


Hoje em dia são muitos os diferentes estilos reconhecidos oficialmente pela federação mundial de Karate-do e falar de cada um deles seria demais para esta pequena contribuição. A idéia deste trabalho é fazer uma pequena introdução sobre a história do Karate-do e dos estilos mais antigos para compartilhar com os nossos Otogai. Cabe dizer que outras artes marciais no Japão e em vários outros países da Ásia também foram influenciados pelo Kempo chinês e tiveram um desenvolvimento muito importante.


Agradecimentos:
Gostaria de agradecer aos Shihan Raúl e Roberto Fernández de la Reguera e ao meu Sensei Radko Balcar pelos seus ensinamentos. Também aos colegas e amigos Sempai Jorge Pezaroglo, Roberto Chocho e Alexandre Zenku Garcia pelo material e as sugestões para complementar este artigo. Ao Sensei Hélio Vaz e o Sempai Cássio Shiten Franco pelo seu apoio para que pudesse desenvolver minhas atividades em Rio Grande.

Gonzalo Velasco C. (Ken-Shin-Kan Karate-do), 1a edição = Maio de 1999.
Copyright! (Favor não copiar sem permissão direta do autor)
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* ATENÇÃO: Esta monografia é fruto do conhecimento repassado oralmente pelos meus Sensei e Sempai e da leitura de muitas revistas, livros e página de internet de diferentes estilos. Seria muito difícil enumerar todos aqui, mas com certeza este trabalho não é uma cópia do trabalho de outras pessoas, mas minha análise e conclusões em base a todo esse material. Não copie daqui sem permissão e sem citar esta página, por favor.

Recomendo a leitura das seguintes fontes, entre outras:
Bishop, M., 1999, "Okinawan Karate - teachers, styles and secret techniques"., Tuttle Publishing, 176 p.
Nagamine, S., 2000, "Tales of Okinawa?s great masters". (traducido por P. McCarthy) Tuttle Publishing, 170 p.
McCarthy, P., 1995, " Bubishi - The Bible of Karate". Charles Tuttle Co. 215 p.
Tamano, T., 1992, "Curso de Karate - El Karate Goju-Ryu". Del Vecchi Ed., 142 p.
Budo International Publishing Co. - Revista Cinturón negro (España) - vários números.
Ken-Shin-Kan Chile (Ed.), 1992 -Revista Sanchin.
Barret, J. (Ed.) - Revista Uruguay Dojo (Uruguai) - vários números.
Página do Shihan Roberto Fernández de la Reguera - http://www.kenshinkanakamine.cl/
Página do Sensei John Porta - http://www.portaskarate.org/shobumain.html
Página da Prefectura de Okinawa - http://www.pref.okinawa.jp/summit/a_la/tokusyu_11/index.html



Uma breve história do Karate-do is licensed under a Creative Commons Atribuição-Uso Não-Comercial-Vedada a Criação de Obras Derivadas 3.0 License.
Based on a work at www.geocities.com.

Karate Shotokan
Escola Bushido




A história do Karate Shotokan confunde-se com a biografia de seu fundador Mestre Gichin Funakoshi (1868-1957), que dedicou toda a sua vida ao estudo e ensino do Karate-do, o qual introduziu com sucesso e pioneirismo no Japão em 1921. Em virtude de seu trabalho em prol do Karate-do , Mestre Funakoshi é considerado o ?Pai do Karate Moderno?.

Somente aos 71 anos de idade, depois de trabalho árduo e esforço contínuo na divulgação de sua arte no Japão, de dificuldades financeiras, depois dos 18 anos longe de sua família e de sua terra natal, após cerca de 60 anos de dedicação ao caminho do Karate, Mestre Funakoshi deu o primeiro passo dentro de seu próprio Dojo (local de treinamento) em 29 de janeiro de 1939. O prédio havia sido construído a partir de doações de seus alunos e admiradores. Uma placa sobre a entrada dizia: ?Shotokan ?. ?Sho ? significa pinheiro, " To " significa ondas ou o som que as árvores fazem quando o vento bate nelas, "Kan " significa edificação ou salão. " Shoto" era o pseudônimo que Funakoshi usava para assinar suas caligrafias quando jovem, pois quando ele ia escrevê-las se recolhia em um lugar mais afastado, onde pudesse buscar inspiração, ouvindo apenas o barulho do pinheiros ondulando ao vento. Esse nome dado ao Shotokan Karate Dojo foi uma homenagem de seus alunos.
Embora, Mestre Funakoshi pessoalmente nunca concordasse em denominar o Karate que ele praticou por toda a vida com este ou aquele nome, seus ensinamentos e sua tradição passaram aos dia atuais como um estilo de Karate praticado em todo o mundo, o estilo Shotokan.

Sensei Hélio R. Vaz
As aulas de Karate Shotokan na Bushido são ministradas pelo professor Hélio R. Vaz, faixa preta (3º grau) filiado à Federeção Gaúcha de Karate (FGK*) e a Confederação Brasileira de Karate (CBK). Seu responsável técnico é o professor Marcos Cruz dos Reis, faixa preta 4º grau (FGK e CBK) do estilo Shotokan e faixa preta 4º grau (FAJKO e CBK) do Wado-Kai, presidente da Associação Honshinkai de Karate-do e atual vice-presidente da FGK.

Seu Dojo está situado na rua Padre Feijó 339, na cidade de Rio Grande (RS). Os treinos seguem os ensinamentos das linhas NKK e SKIF dentro do Karate-do Shotokan.

Sensei Marcos (E) e Sensei Hélio (D)
Participantes do Seminário ministrado pelo Sensei M. Cruz


O estudante busca seu aprendizado a partir de três práticas que se completam mutuamente: Kihon (técnicas básicas), Kata (movimentos de defesa e contra-ataque preestabelecidas contra vários adversários imaginários) e Kumite (combate).

Kihon Kata Kumite




Grandes Mestres do Shotokan Karate-do



Sensei G. Funakoshi


Sensei M. Nakayama


Sensei H. Kanazawa




Participantes do 1° Gashuku de verão da Associação Honshinkai, dirigida pelo Sensei Marcos C. dos Reis, realizado em Rio Grande em janeiro de 2003 no ginásio do CAMARIG.



Estiveram presentes karatecas do estilo Shotokan, Wado-Ryu e Goju-Ryu, de Rio Grande, Cassino e Porto Alegre


* A FGK é filiada à CBK, entidade nacional de administração do desporto Karate, filiada à Federação Mundial de Karate WKF, reconhecida pelo MEC e vinculada ao Comitê Olímpico Brasileiro.


Links:
Federação Gaúcha de Karate - FGK
Confederação Brasileira de Karate - CBK
Federação Mundial de Karate - World Karate Federation - WKF
História do Karate-do
Budokan Brasil
Kata Videos - Tufts University Shotokan Karate Club
Centro de Artes Orientais - Portugal
Retornar à página da Ken-Shin-Kan Goju-Ryu


Karate Shotokan
Escola Bushido




A história do Karate Shotokan confunde-se com a biografia de seu fundador Mestre Gichin Funakoshi (1868-1957), que dedicou toda a sua vida ao estudo e ensino do Karate-do, o qual introduziu com sucesso e pioneirismo no Japão em 1921. Em virtude de seu trabalho em prol do Karate-do , Mestre Funakoshi é considerado o ?Pai do Karate Moderno?.

Somente aos 71 anos de idade, depois de trabalho árduo e esforço contínuo na divulgação de sua arte no Japão, de dificuldades financeiras, depois dos 18 anos longe de sua família e de sua terra natal, após cerca de 60 anos de dedicação ao caminho do Karate, Mestre Funakoshi deu o primeiro passo dentro de seu próprio Dojo (local de treinamento) em 29 de janeiro de 1939. O prédio havia sido construído a partir de doações de seus alunos e admiradores. Uma placa sobre a entrada dizia: ?Shotokan ?. ?Sho ? significa pinheiro, " To " significa ondas ou o som que as árvores fazem quando o vento bate nelas, "Kan " significa edificação ou salão. " Shoto" era o pseudônimo que Funakoshi usava para assinar suas caligrafias quando jovem, pois quando ele ia escrevê-las se recolhia em um lugar mais afastado, onde pudesse buscar inspiração, ouvindo apenas o barulho do pinheiros ondulando ao vento. Esse nome dado ao Shotokan Karate Dojo foi uma homenagem de seus alunos.
Embora, Mestre Funakoshi pessoalmente nunca concordasse em denominar o Karate que ele praticou por toda a vida com este ou aquele nome, seus ensinamentos e sua tradição passaram aos dia atuais como um estilo de Karate praticado em todo o mundo, o estilo Shotokan.

Sensei Hélio R. Vaz
As aulas de Karate Shotokan na Bushido são ministradas pelo professor Hélio R. Vaz, faixa preta (3º grau) filiado à Federeção Gaúcha de Karate (FGK*) e a Confederação Brasileira de Karate (CBK). Seu responsável técnico é o professor Marcos Cruz dos Reis, faixa preta 4º grau (FGK e CBK) do estilo Shotokan e faixa preta 4º grau (FAJKO e CBK) do Wado-Kai, presidente da Associação Honshinkai de Karate-do e atual vice-presidente da FGK.

Seu Dojo está situado na rua Padre Feijó 339, na cidade de Rio Grande (RS). Os treinos seguem os ensinamentos das linhas NKK e SKIF dentro do Karate-do Shotokan.

Sensei Marcos (E) e Sensei Hélio (D)
Participantes do Seminário ministrado pelo Sensei M. Cruz


O estudante busca seu aprendizado a partir de três práticas que se completam mutuamente: Kihon (técnicas básicas), Kata (movimentos de defesa e contra-ataque preestabelecidas contra vários adversários imaginários) e Kumite (combate).

Kihon Kata Kumite




Grandes Mestres do Shotokan Karate-do



Sensei G. Funakoshi


Sensei M. Nakayama


Sensei H. Kanazawa




Participantes do 1° Gashuku de verão da Associação Honshinkai, dirigida pelo Sensei Marcos C. dos Reis, realizado em Rio Grande em janeiro de 2003 no ginásio do CAMARIG.



Estiveram presentes karatecas do estilo Shotokan, Wado-Ryu e Goju-Ryu, de Rio Grande, Cassino e Porto Alegre


* A FGK é filiada à CBK, entidade nacional de administração do desporto Karate, filiada à Federação Mundial de Karate WKF, reconhecida pelo MEC e vinculada ao Comitê Olímpico Brasileiro.


Links:
Federação Gaúcha de Karate - FGK
Confederação Brasileira de Karate - CBK
Federação Mundial de Karate - World Karate Federation - WKF
História do Karate-do
Budokan Brasil
Kata Videos - Tufts University Shotokan Karate Club
Centro de Artes Orientais - Portugal
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Escola KEN SHIN KAN
Karate-do Goju-Ryu

"A Escola que ensina o caminho para desenvolver um espírito forte"
A Escola Ken-Shin-Kan foi criada pelo Mestre Seiichi "Shikan" Yoshitaka AKAMINE (1920-1995) na América do Sul. O Mestre Akamine nasceu em Okinawa no dia 14 de maio de 1920 e com seis anos de idade começou a aprender artes marciais com seu avô, um autêntico samurai. Posteriormente foi instruído no estilo Shorin-Ryu pelos Mestres Chomo HANASHIRO, Chotoku KYAN e Kentsu YABU até os 16 anos. Nesse momento conheceu o Mestre Chojun MIYAGUI e começou seu estudo do Goju-Ryu. Mas fundamentalmente, Mestre Akamine foi um dedicado discípulo do Mestre Seiko HIGA, (outro discípulo, junto com Miyagui, do grande Mestre Kanryo HIGASHIONNA, principal expoente do Naha-te -Karate-do da cidade de Naha, em Okinawa). Entre os seus amigos e Sempai está o Mestre Kanki IZUMIGAWA.
Por outro lado, graças ao seu constante estudo das Artes Marciais, teve contato e influência dos Mestres Kanei UECHI (filho do criador do estilo Uechi-Ryu), Seitoku HIGA (criador da Escola Buguei-Kan), Seiken SHUKUMINE (criador da linha de Karate Guensei-Ryu Taido-Jutsu) e mestres de outras Artes Marciais (Iai-do, Judo, Aikido, etc.).

Além do Karate-do Goju-Ryu, Sensei Akamine era especialista em Kobudo, a arte okinawense de luta com armas (Bo, Sai, Nunchaku, Tonfa, etc.), que aprendeu com todos os mestres com os quais aprendeu Karate-do e especialmente com o Mestre de Kobudo Shinko MATAYOSHI, que ensinava esta Arte no Dojo do Mestre MIYAGUI), Kendo (que aprendeu do mestre Kentsu YABU) e outras disciplinas orientais associadas às artes marciais como técnicas de reanimação, Do-in e Shiatsu .

Akamine Sensei viveu na ilha de Okinawa até pouco antes da segunda guerra mundial, quando viajou ao Japão central para difundir o Karate-do e continuar seus estudos na Universidade de Tóquio, nas áreas de anatomia e fisiologia humanas. Depois da guerra (quando serviu como telegrafista na marinha) ajudou na reorganização das artes marciais no seu país, sendo membro fundador do Butokukai. Naquela época, estando ainda vivo o Mestre Miyagui, Akamine Sensei chamava seu Dojo de Shikan-Kan, e ao Karate-do que ele ensinava Shikan-Ryu, sendo "Shikan" seu apelido. Além de Kata de Goju-Ryu, Akamine Sensei ensinava Kata adaptados do Shuri-Te antigo (linha de Takemura) e do Uechi-Ryu (ver lista de Kata).

Em 1957 é convidado para vir para a América do Sul para difundir o Karate-do. Funda a sua Escola em São Paulo (chamada então "Associação Brasileira de Karate" - ABK), chegando a ter mais de mil alunos, alguns dos quais são diretores de diversas Escolas hoje em dia, inclusive de outros estilos. Anos depois (1964) se afastaria dessa associação, descontente com alguns dirigentes.
Em 1962 foi convidado por vários praticantes de Judo (Aquiles FAGGIANI, os irmãos MOLFINO e outros entusiastas) para ir ao Uruguai e ensinar seu Karate-do, deixando lá novos alunos.
Fundaria em 1968 a sua nova Escola: a Ken-Shin-Kan, descrita como um estudo cientifico do estilo Goju-Ryu, "a Escola que ensina o caminho para desenvolver um espíritu (Shin) forte (Ken)".
Em 1969 foi convidado por seus dois alunos chilenos Roberto e Raúl FERNÁNDEZ de la REGUERA para apresentar oficialmente seu estilo naquele país, inaugurando a Ken-Shin-Kan em Santiago nesse ano. Os irmãos Fernández estudavam com ele desde 1968, em São Paulo.

Mestre Akamine foi o presidente da nossa Escola até seu falecimento em 1995. Entre seus sucessores estão os Mestres (Shihan ) Raúl e Roberto FERNÁNDEZ de la REGUERA, no Chile (ambos, atualmente, 9° Dan da 'Federación Chilena de Karate'). Esse ramo da Ken-Shin-Kan também tem sedes na Argentina, Austrália, Brasil, Colômbia, Espanha, Estados Unidos, Paraguai, Uruguai e Venezuela.
No Uruguai, o diretor de um ramo da escola é o Sensei Radko BALCAR (6° Dan) quem foi aluno do Sensei Juan Carlos "Pachi" Rius (diretor da escola no Uruguay até os anos 80) e de outros Sempai (Molfino, Pellejero, etc.). Depois de retirar-se Pachi Sensei, Radko -por conselho de Akamine Sensei- passa a treinar com os irmãos Fernandez, do Chile, até o ano 2000 quando se distancia por diferenças administrativas e filosóficas, apesar do respeito que tem por esses Sensei.
Um outro grupo no Uruguai, liderado por Ruben Barreiro Sensei (5° Dan) e Roberto Chocho Sensei (3° Dan), permanece ligado aos mestres chilenos - ver sua página).
Em 2007, depois de uma extensa procura pela escola original do Mestre Akamine em Okinawa, Radko Balcar Sensei encontra na sua terra natal Eslováquia, uma escola ligada diretamente à Shodokan de Okinawa (escola do Mestre Seiko HIGA) e estabelece contato com o Sensei Ladislav KLEMENTIS (8º Dan) e -através dele- também com o colega Sensei Horacio FAGIOLI (5º Dan) na Argentina. Klementis Sensei e Jan DADO Sensei (6º Dan) visitam o Uruguai e ministram um seminário intensivo de quatro dias em 2008. Seguidamente, Balcar Sensei juntamente com Jorge Pezaroglo Sensei (5º Dan) viajam à Eslováquia para participar do encontro anual com os Mestres de Okinawa, recebendo durante uma semana inteira instruções diretamente dos atuais responsáveis pelo "Goju-ryu Kokusai Karate & Kobudo Renmei", os Mestres (Hanshi) Choyu KIYUNA (10º Dan), Seitoku MATAYOSHI (9º Dan), Eiki KURASHITA (9º Dan) e o Kyoshi Zensei GUSHIKEN (8º Dan).
A linha Shodokan tem sedes em Okinawa, Argentina, Canada, Eslovaquia, Estados Unidos, França, Japão central e agora no Uruguai e no Brasil.


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Genealogia do Goju-Ryu Ken-Shin-Kan e do Shodokan:


Kanryo HIGASHIONNA
(1853-1915)

Chojun MIYAGUI
(1888-1953)
Seiko HIGA
(1889-1966)



Seikichi HIGA
Shodokan
(1927-1999)

Seiichi Y. AKAMINE
Ken-Shin-Kan
(1920-1995)




"Eslovaquia 2008 - 38° International summer training karate camp"
Da esquerda à direita: Jorge Pezaroglo, Eiki Kurashita, Seitoku Matayoshi, Choyu Kiyuna, Zensei Gushiken e Radko Balcar.

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O Profesor Gonzalo Velasco Canziani é aluno da escola de Radko Balcar Sensei desde 1989.Radko BALCAR Sensei (6° Dan; no centro na foto) e Jorge PEZAROGLO Sensei, (5° Dan na direita na foto) da Ken-Shin-Kan Uruguai junto com seu aluno Gonzalo VELASCO, 4° Dan (esquerda).

R. BALCAR Sensei realizando aplicações de Kata com Roberto CHOCHO Sensei (3° Dan).

Seminário realizado no Dojo de Rio Grande em Maio de 1999.



Sensei Gonzalo VELASCO: Kata de Goju-Ryu Karate-do,
Kobudo e keri-wasa (técnicas de chute).


Código moral da Ken-Shin-Kan
Conceitos do Shihan Seiichi Y. AKAMINE:
Gorin (cinco regras básicas):
Defender a Pátria.
Escutar e respeitar os pais.
Escutar e respeitar os mestres.
Os esposos devem ser unidos e ajudar-se mutuamente.
Somente nas horas ruins se conhecem os autênticos amigos.
Gotoku (cinco atitudes básicas):
Refletindo sobre os atos, tomaremos consciência e claridade de execução.
Desprendimento e generosidade conduzem ao progresso espiritual e, portanto, o egoísmo conduz à meta contrária.
O medo é um sentimento real e existe em todos os homens conscientes, mas deve ser dominado, isso é coragem.
A autenticidade e a verdade exigem que se tenha uma só cara.
Definir, apontar e distinguir o bem do mal é obrigação de todo "Homem Karate".


Mestre S. Y. AKAMINE mostrando técnicas de Karate-do e Kobudo.
* ver algo da história do Kobudo aqui
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"A via do Karate-do Goju-Ryu é a busca pela via da virtude"
Mestre Chojun MIYAGUI





"Somente as pessoas fortes de bom coração chegam a realizar os nobres ideais"
Mestre Seiichi AKAMINE


Imagens de alguns seminários Ken-Shin-Kan ministrados Dojo do Cassino - Rio Grande, RS, Brasil:
Maio de 1999 - Sensei Radko Balcar (6o Dan)
Seminário sobre Goju-Ryu Kata e Kobudo


Janeiro de 2000 - Sensei Jorge Pezaroglo (4o Dan)
Seminário de técnicas e estratégia para Shiai-Kumite


Em Novembro de 2002 foi realizado um outro seminário abordando a parte técnica e o novo regulamento do Shiai-Kumite da W.K.F.



Fevereiro de 2004 - Sensei Jorge Pezaroglo (4° Dan) e Sensei Roberto Chocho (3° Dan)
Seminário sobre a conscientização do Hara e técnicas de Jiyu-Kumite.




Alunos da Ken-Shin-Kan de Rio Grande visitam a Ken-Shin-Kan Uruguai
(vários Dojo em Montevidéu e Solimar - Março de 2002)




Visita ao Hombu Dojo Uruguai em Junho de 2007:


Alunos do prof Gonzalo Velasco, da Ken-Shin-Kan Rio Grande,
medalhistas na ?Copa Internacional de Karate Festa do Mar? realizada em Rio Grande, no dia 19/04/2003.
Matheus T. Machado (3o Lugar - Kata) e Arthur V. Cruz (2o lugar ? Shiai-Kumite)



Seminário Shodokan Goju-Ryu - L. Klementis e J. Dado Sensei

Montevidéu, Uruguai, Maio/2008




Voltar à página inicial de Gonzalo Velasco Sensei
Página do Goju-Ryu Karate-do da Eslováquia - Ladislav KLEMENTIS Sensei (linha Shodokan)

Biografia do Mestre AKAMINE (en español) escrita por Roberto FERNÁNDEZ Sensei

Biografia do Mestre AKAMINE em cbk karate-do on-line

Página criada e atualizada pelo Sensei Gonzalo Velasco


ATENÇÃO: Esta página sobre a Ken-Shin-Kan está protegida por: Creative Commons Atribuição-Uso Não-Comercial-Vedada a Criação de Obras Derivadas 3.0 License. - Based on a work at www.geocities.com.

MESTRE ANKO ITOSU
(1832~1916)

Fotos atribuídas a Itosu Sensei


Não há muitos relatos a seu respeito. O texto abaixo foi uma coletânea do que se pode achar na Internet e nem por isso é garantia de exatidão.

Aceitamos e agradecemos informações que contribuam com maior conhecimento sobre este Mestre.

Envie para iuskf@yahoo.com.br



MESTRE YASUTSUNE "ANKOH" ITOSU (ANKO ITOSU) - Foi também professor de Karatê do Rei de Okinawa, Sho Tai, sendo secretário do Rei.

Inicialmente dava aulas em sua própria casa. Em 1904, com a inclusão do Karatê no currículo oficial das escolas, Mestre Itossu passou a dar aulas no Colégio Estadual de Okinawa e na Escola Normal Estadual de Okinawa, sendo o primeiro professor desta Arte Marcial nos estabelecimentos de ensino. Teve como alunos os Mestres Choshin Chibana, Kentsu Yabu, Hanashiro, Anbun Tokuda, Mabuni (fundador do estilo Shito-Ryu Karate-Do), Gussukuma, Yamakawa e outros.

Considerado como um dos precursores do Karatê moderno, seus alunos se tornaram fundadores de grande parte dos estilos atuais de Karatê. Mestre Itossu além de Karatedoka também era um homem de grande cultura, nascido em uma classe nobre de Okinawa. Naquela época as lutas e desafios eram muito comuns e existem várias histórias a respeito de mestre Itossu e seu forte agarre, que podia esmagar um pedaço grosso de bambu simplesmente apertando com uma das mãos.

Abaixo está uma tradução livre de uma carta endereçada à um de seus alunos:

.........O Tode não foi desenvolvido a partir do Budismo nem a partir do Confucionismo, num passado recente Shorin Ryu e Shorei Ryu foram trazidos da China. Ambos tem os mesmos pontos fortes, mas, depois eles sofreram muitas alterações, que eu gostaria de esclarecer.
O Tode foi criado fundamentalmente para o benefício da saúde, para proteger seus amigos e familiares ou o seu mestre. É apropriado para atacar o inimigo sem importar-se com sua própria vida. Nunca ataque um único adversário, se você encontrar um bandido ou um desordeiro, procure não usar o Tode, mas simplesmente defender e esquivar-se.
A proposta do Tode é de tornar o corpo forte como pedra e metal, mãos e pés devem ser usados como pontas de flechas , os corações devem ser fortes e corajosos. Se as crianças praticassem o Tode desde o primário, estariam preparadas para o serviço militar. Como disse Napoleão quando conversava com Wellington "A vitória de amanhã depende do jardim de infância de hoje."
O Tode não pode ser aprendido rapidamente. Como um Búfalo que se move lentamente e que eventualmente corre em grande velocidade, se alguém estudar séria e diariamente o Tode, em 3 ou 4 anos entenderá do que se trata o Tode. A forma de alguns ossos irão mudar. Aqueles que estudarem o seguinte descobrirão a essência do Tode:

1. No Tode as mãos são muito importantes, por isso devem ser treinadas constantemente no makiwara. Abaixe seus ombros, abra seus pulmões, concentre sua força, segure o chão com seus pés e use a energia proveniente do Hara. Treine cada braço 100 ou 200 vezes.

2. Enquanto estiver treinando as posturas do Tode, certifique-se de que suas costas estejam eretas, os ombros baixos, sua força concentrada e mantida nas pernas; posicione-se firmemente e utilize o Ki do seu Hara de modo que a parte de cima e a de baixo sejam mantidas unidas firmemente.

3. As técnicas externas do Tode devem ser treinadas uma por uma diversas vezes. Por serem transmitidas oralmente, preocupe-se em aprender com as explicações e em decidir quando e em que situação elas devem ser usadas. Vá em frente, conteste, dispense o que for inútil, está é a regra do Tode.

4. Você precisa decidir se o Tode é para cultivar a sua saúde ou se é para defender-se.

5. Enquanto estiver treinando procure imaginar que está no campo de batalha, quando estiver atacando e defendendo, mantenha o olhar firme e agressivo, seus ombros baixos e seu corpo rígido. Defenda o soco do inimigo e golpeie! Se você treinar com esse espírito, quando estiver em batalha estará naturalmente preparado.

6. Nunca se exceda durante a prática porque seu Ki aumentará, seu rosto e olhos ficarão vermelhos e seu corpo será prejudicado. Tome cuidado.

7. Antigamente, muitos daqueles que dominaram o Tode viveram por muitos anos, isso acontece porque o Tode ajuda no desenvolvimento de ossos e músculos, no sistema digestivo e na circulação do sangue. Por isso o Tode poderia ser utilizado como base na educação física a partir do primário, se isso for posto em prática, acredito que haverão muitos homens capazes de derrotar dez agressores. Essa é a razão para institucionalizar isso ,porque em minha opinião todos os estudantes da Escola de Treinamento de Professores da Prefeitura de Okinawa deveriam praticar o Tode, e quando eles se graduarem aqui, poderão ensinar as crianças como eu os ensinei. Em 10 anos o Tode poderia se espalhar por toda Okinawa e para o Japão. Isso seria de grande ajuda para nossa sociedade militarista. Espero que você estude cuidadosamente o que escrevi aqui. Anko Itosu, Meiji 41, Ano do Macaco

Um comentário:

  1. Fico muito triste ao saber que um estilo como a shorin teve que passar por tantos aprovações e rejeição o pior que ate hoje a shorin vive este trama , como podem ver nesta nota abaixo o filho do saudoso mestre shinzato.
    A principal luta da Shinshukan nos últimos anos tem sido no sentido de que o Shorin-ryu seja aceito pela WKF[10] (World Karate Federation) no rol dos estilos de Karate de competição. Isso implicaria na possibilidade de seus atletas virem a fazer Katas do próprio estilo sem terem que ser avaliados pelo embusen (padrão de movimento) similar ao do estilo Shotokan, aceito pela entidade.
    Na minha opinião os metres da shorin sofreram um tipo de traição por parte do seus discípulos mesmo antes da morte do mestre Itosu .Apos a morte do Itosu o Mestre Choshin Chibana a sumiu porém muitos discípulos não gostaram desta nomeação , muitos deles se foram embora e abrirão a sua próprias escolas .
    Na verdade não concordo com o ocorrido , porque quando se pratica o karatê ,umas característica principal é a honra e humildade ,mas me parece que mesmo naquela época já havia cobra comendo cobra.
    Realmente fico triste muito triste mesmo ,praticamente todos os estilos nasceram deste estilo que hoje não é reconhecido , eles o tratam como se este estilo nunca tivesse existido ,isto é uma vergonha ética , não cospe no prato que se come .
    Certa feita participei de campeonato brasileiro de karatê , apos ter realizado as rodadas de kumite fui pra realização dos katas . Na realização do kata o juiz ordenou quem eu para se com a execução e perguntou que estilo era aquele . Então parei e lhe diz o meu estilo é shorin ryu ele virou para o resto do juiz na mesa , eles conversam entre eles , logo recebi a ordem pra terminar de realiza o kata . Hoje em dia a maior bancada de academias dentro dos torneios são da shotokan ,a maioria dos membro da federação mineira de karatê são do estilo shotokan ,O criador deste estilo foi discípulos de mestre itosu .
    E mestre itosu foi Aluno de Matsumura, isto mesmo !!!! agora toso os katas da shotokan praticamente são os mesmo da shorin ryu . Ao invés de Naihanchi jodan eles o chamam de HEIAN jodan .Realmente uma pena seria muito bom se um dia acontecer a unificação de todos os estilos , principalmente dentro da própria shorin .

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